Especialistas que identificaram o problema no Oeste da Bahia, no Maranhão e no Piauí recomendam o monitoramento de lavouras
Pesquisadores e consultorias do setor enviaram alertas a produtores de milho do Oeste da Bahia, Maranhão e Piauí informando que há nessas áreas representativos registros de ataques da lagarta Helicoverpa a híbridos de milho com biotecnologias de última geração. Conforme os especialistas, o fenômeno também ocorre em lavouras de algodão.
“Notamos que logo após a emissão do estilo-estigma ou ‘cabelo’ das espigas de milho tem surgido uma elevada quantidade de ovos da lagarta Helicoverpa, que vai para o interior das espigas, após a eclosão dos ovos, e causa danos e prejuízos”, relata Luis Kasuya, engenheiro agrônomo e pesquisador que está à frente da consultoria Kasuya Inteligência Agronômica, sediada na cidade baiana de Luís Eduardo Magalhães.
“Alertamos os produtores para que intensifiquem o monitoramento de lavouras, sobretudo no período que antecede ao ‘pendoamento’ do milho. É necessário observar a presença de mariposas e de ovos no estilo-estigma ou ‘cabelo’”, conta Kasuya. De acordo com o pesquisador, a maior ou menor proporção de ovos, lagartas e também o tamanho destas (ínstar) devem nortear decisões por controle químico, biológico ou manejo integrado.

Ataque da lagarta no cartucho do algodão. Crédito: Embrapa
Cenário
O pesquisador e professor da Universidade do Estado da Bahia, o engenheiro agrônomo e entomologista Marco Tamai, que atua na região de Luís Eduardo Magalhães, informa que nos últimos dois anos passou a observar, com preocupação, a ataques intensos da lagarta Helicoverpa zea nas lavouras de milho locais. “Ela retornou com força e avança sobre híbridos de milho provenientes de diferentes biotecnologias”, diz ele.
Segundo Tamai, hoje o produtor se vê diante de um problema que parecia superado. “As lagartas do gênero Helicoverpa zea e armigera vinham perdendo importância na comparação à Spodoptera frugiperda no milho e no algodão”, atesta e acrescenta que, no milho, os ataques ocorrem na fase chamada ‘boneca’. “Com a planta alta no pendoamento, o agricultor enfrenta dificuldades para controlar à praga”, afirma. Já no algodão, ele diz que a lagarta ataca principalmente na fase de enchimento das maçãs.
Para Kasuya e Tamai, além do monitoramento de lavouras como recomendação principal, o controle de populações da praga deve ser feito com foco nas mariposas, antes de as lagartas entrarem nas espigas de milho.

No milho, os ataques ocorrem na fase chamada ‘boneca’. Crédito: Embrapa
Tamai chama a atenção para a presença da Helicoverpa nas biotecnologias de algodão de última geração. Ele participa de estudos em torno da praga junto à companhia AgBiTech, que desdenvolve bioinseticidas à base de baculovírus para grãos. “A combinação de vírus e atrativos alimentares de mariposas é uma boa estratégia de controle diante de infestações de Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea”, afirma.
“Ainda não temos comprovação, mas o temor é o de que a Helicoverpa tenha desenvolvido resistência às biotecnologias de última geração”, adverte Luis Kasuya. “Por isso é importante manter nas lavouras as boas práticas, como o refúgio estruturado e a aplicação de moléculas mais amigáveis a inimigos naturais da praga”, arremata.