Estratégia é essencial para a produtividade
Com a colheita da soja concluída, o momento é propício para planejar a cobertura do solo, uma prática essencial para garantir a sustentabilidade do sistema produtivo.
Gessí Ceccon, analista e engenheiro agrônomo da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), explica que a cobertura do solo não apenas protege contra a erosão, mas também melhora as condições físicas do solo, favorecendo a produtividade futura.
“A soja no verão tem um alto valor econômico, e por isso é a cultura predominante. No entanto, após sua colheita, precisamos focar em melhorar as condições do solo”, aconselha Ceccon.
Ele salienta que o milho desponta como a principal espécie para sustentar o sistema de plantio direto, pois possui um sistema radicular agressivo que auxilia na descompactação do solo.
“O milho, apesar do foco na produtividade de grãos, tem um papel fundamental na melhoria estrutural do solo. Suas raízes crescem profundamente, aproveitando a umidade residual e criando poros para infiltração da água”, destaca o agrônomo.

Consórcio de milho com braquiária Foto Gessí Ceccon/Embrapa
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Consorciação milho com braquiária
Outro ponto essencial é a consorciação do milho com a braquiária, estratégia que a Embrapa vem pesquisando há 20 anos.
Segundo o pesquisador, as raízes de milho produzem poros maiores e as raízes de braquiária poros menores, ambos importantes para a infiltração e armazenamento de água no solo.
Ceccon completa que, apesar de algumas dificuldades técnicas no manejo da população de plantas e no uso de herbicidas no consórcio, a técnica tem se mostrado eficaz.
“A braquiária começa a se destacar quando o milho atinge a fase de maturidade, proporcionando uma cobertura uniforme e protegendo o solo contra a erosão e a perda de umidade”, pontua.
A cobertura do solo com a braquiária também auxilia na fixação da palha, evitando que ventos fortes a desloquem, mantendo assim a proteção da superfície do solo.
Após o período adequado para o plantio do milho, entra em cena a cobertura com plantas como a braquiária consorciada com leguminosas, sendo a mais indicada a crotalária ochroleuca.
“A crotalária, diferente do milho e da braquiária, tem raiz pivotante que cresce profundamente, contribuindo para um perfil de solo mais estruturado”, ressalta o especialista.

Área após o consórcio de milho com braquiária Foto Gessí Ceccon/Embrapa
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Cobertura do solo
O manejo adequado também passa pelo momento correto de intervenção e, de acordo com Ceccon, um manejo na braquiária em junho é essencial para reiniciar a produção de massa e garantir qualidade na cobertura do solo.
“Plantar braquiária solteira é coisa do passado. Sempre que possível, devemos associá-la a uma leguminosa para melhorar a qualidade da cobertura”, enfatiza.
O agrônomo destaca ainda que a adoção dessas estratégias permite que a soja seja semeada mais próxima da dessecação, garantindo melhor condição física do solo e maior eficiência produtiva da soja. “Cada detalhe faz diferença na produtividade e na sustentabilidade do sistema produtivo”, conclui.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
Foto abertura: Soja após consórcio – Foto Gessí Ceccon/Embrapa