Os cenários estimaram a produção de soja entre 2040 e 2069, a partir de 20 modelos globais
Estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em parceria com pesquisadores do Instituto Federal do Mato Grosso, da Embrapa e da Universidade Federal de Santa Maria/RS, sobre o impacto das mudanças climáticas sobre a soja no Brasil, projeta redução do ciclo a oleaginosa, em decorrência do aumento da temperatura e da redução do volume de chuva.
O resultado deve-se ao aumento médio de 2 ºC na temperatura e à redução do volume de chuva em torno de entre 4,5 e 7,9% e é influenciado principalmente pela precocidade dos estádios R1 (início do florescimento) e R5 (enchimento dos grãos).
“Avaliamos como o clima vai impactar na cultura da soja a partir de 20 modelos climáticos globais desenvolvidos em diversos centros de pesquisas do mundo”, relata Evandro Henrique Figueiredo Moura da Silva, engenheiro agrônomo, doutorando do PPG Engenharia de Sistemas Agrícolas, pesquisador do Grupo de Pesquisa Gepema-Agrimet, da Esalq.
Estimativa
Os cenários estimaram a produção de soja em um intervalo de 30 anos, entre 2040 e 2069. “Embora os resultados indiquem maior risco de quebra de safra, observamos o aumento da produtividade com consumo menor de água pela planta, ou seja, no futuro, as plantas serão mais econômicas em termos de consumo hídrico”, diz Silva.
Segundo o pesquisador, foram conduzidos nove experimentos com seja em sequeiro, em várias localidades, com várias cultivares bem manejadas, sem a interferência de pragas e doenças e com todos os nutrientes, a fim de avaliar o impacto do clima. Depois, foi realizada a simulação para toda a região produtora de soja do País.
“A partir de modelos matemáticos, simulamos as respostas dessas culturas em condições pré-estabelecidas. Nossa intenção foi prever respostas da soja às estratégias de manejos diversas”, relata. “Embora tenhamos maior risco e maior incidência de quebras de safras, haverá um incremento produtivo de 1% a 30%.”
Silva é doutorando autor de um estudo publicado no European Journal of Agronomy sobre esse tema. O trabalho é resultado do seu mestrado, que teve orientação do professor Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq.
As projeções de mudanças climáticas são consideradas um dos maiores desafios futuros para a segurança alimentar mundial. A soja representa mais de 60% de toda a proteína vegetal produzida no mundo, sendo o Brasil o maior exportador e o segundo maior produtor.