Embrapa e Ibraflor criam o Selo Azul
Promover o desenvolvimento e a implementação de protocolos e critérios técnicos para a introdução de um selo de uso eficiente da água para o setor de flores e plantas ornamentais. Esta é a proposta do Selo Azul, uma parceria entre Embrapa e o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor).
De acordo com o pesquisador Lineu Neiva Rodrigues, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, dentre as formas de se buscar a eficiência de uso da água nos diversos setores da agricultura, como, por exemplo, o setor de flores, a certificação é uma das estratégias mais discutidas.
“Caberá à pesquisa definir os protocolos e critérios técnicos para o estabelecimento do processo de certificação. Nessa primeira etapa do trabalho estarão envolvidos somente o Ibraflor e a Embrapa. Posteriormente, haverá a participação de uma empresa certificadora”, informa Rodrigues.
Conforme explica a assessora técnica do Ibraflor, Ana Paula Leitão, uma das responsáveis pela coordenação do projeto, diante da preocupação com o tema em todo o mundo, o Ibraflor pretende conscientizar os produtores sobre esse processo que, muito em breve, será exigido pelo mercado, e sobre a necessidade do uso correto da água, um recurso finito, de forma racional, responsável e adequada.
Certificação
Conforme explica Rodrigues, o Selo Azul vai certificar os produtores de flores e plantas ornamentais que fazem o uso responsável da água em três categorias: Bronze (autodeclaratório) e Prata e Ouro (a pedido dos interessados). “O setor da floricultura é totalmente dependente da irrigação”, alerta.
Segundo ele, a agricultura cada vez mais pressionada no sentido de aumentar a eficiência de uso de insumos e a agricultura irrigada, por sua vez, terá ainda o desafio de melhorar a eficiência de uso de dois insumos estratégicos para a sociedade: água e energia.
“A forma mais usual de mensurar a eficiência de uso da água na agricultura irrigada é observar a razão entre a quantidade de água efetivamente utilizada pela cultura e a quantidade retirada da fonte hídrica. No âmbito mundial, essa eficiência média calculada dessa forma ainda é baixa. No Brasil está próxima a 60%”, afirma o pesquisador.
Ele menciona ainda que, o Estado, suas instituições e seus agentes têm papel fundamental na promoção do uso eficiente da água na agricultura irrigada e na viabilização de uma produção sustentável.
“A adoção de novas métricas, conceitos e soluções de gestão que fomentem as boas práticas para a agricultura irrigada podem e devem ser guiadas por ações governamentais. Para isso, é primordial o estabelecimento de diretrizes para orientar o planejamento para tomadas de decisões adequadas.”
Estratégia
A eficiência de irrigação é estratégica em relação à sustentabilidade. Tal preocupação está destacada no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6, Meta 6.4: “Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência de uso de água em todos os setores e garantir retiradas e fornecimento de água doce sustentáveis para lidar com a escassez de água e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a sua insuficiência”.
Na prática, segundo Rodrigues, não existe um indicador universal que represente a eficiência em todos os seus pontos e escalas de análises. “A eficiência pode ser medida de várias formas e um critério utilizado em uma situação específica pode não ser adequado para outra. O sistema de mais alta eficiência pode não atender de forma adequada aos critérios ambientais e econômicos”, relata.