Investimentos em tecnologia no setor podem evitar a falta de comida
Os últimos acontecimentos relacionados à saúde mundial, como a Covid-19 e o atual conflito entre Rússia e Ucrânia, têm impacto diretamente na produção mundial de alimentos. Diante desse cenário de incertezas, a tecnologia e suas inovações são cada vez mais importantes para auxiliar o sistema produtivo e evitar a escassez de comida à população.
O abastecimento de commodities, em virtude do conflito entre essas duas potências produtivas, está comprometido e os sinais de falta de alimentos já podem ser evidenciados em algumas localidades. “A mídia revela que já vem faltando alimentos em vários lugares. Muitas vezes, não é a escassez completa de um item que ocorre, mas a diminuição da disponibilidade daquele item. Alguns países já estão enfrentando a falta de trigo, por exemplo”, relata Vinícius Melo, Diretor Comercial da Valley.
A tecnologia tem sido são cada vez mais importante para auxiliar o sistema produtivo e evitar a escassez de comida à população. Crédito: Barboa de Menezes/Embrapa
Além dos grãos, petróleo e fertilizantes, o conflito entre esses dois importantes players mundiais representa uma ameaça à produção de outras importantes commodities, como o açúcar, o algodão, o café e o cacau. “O momento é de escassez de oferta de alimentos, o que é facilmente comprovado pelos dados da inflação mundial. Essa alta nos preços é fruto de uma reação em cadeia. Estão faltando insumos vitais. Com isso, o produtor está pagando mais caro por aquilo que tem disponível, aqui no Brasil, e isso vai refletir no aumento do preço dos alimentos”, explica Melo.
Impactos
Segundo o especialista, a restrição das importações de fertilizantes representa um risco de ampla proporção para a segurança alimentar brasileira, já que cerca de 23% dos fertilizantes importados pelo país são de origem russa. “Esses insumos possibilitam o fornecimento de nutrientes e potencializam o crescimento e a saúde das lavouras e plantações nacionais. O déficit de fertilizantes representa, em primeira instância, a possibilidade de um desequilíbrio produtivo e a escassez de nutrientes no solo”, avalia.
Nesse viés, ele acredita que a irrigação pode ser a solução mais eficaz para atravessar esse período de incerteza e escassez. “Investimentos em sistemas de irrigação eficazes podem gerar, comprovadamente, um incremento de cerca de 30% na produtividade, garantindo um maior número de safras e ciclos cada vez mais produtivos”, informa e pontua que a utilização da tecnologia potencializa o abastecimento do mercado nacional e global com produtos fundamentais para a alimentação.
Investimentos em sistemas de irrigação eficazes podem gerar um incremento de cerca de 30% na produtividade. Crédito: Paulo Lanzetta/Embrapa
“A irrigação proporciona um planejamento mais assertivo. O produtor que conta com a irrigação tem a garantia dos números. Não só o sistema em si, mas em especial as tecnologias de inteligência artificial e as soluções de conectividade agregadas ao pivô, geram informações privilegiadas e contribuem diretamente para o aumento do volume de alimentos que sai dos campos”, pontua.
Benefícios
Os especialistas do segmento apontam que o avanço promovido pelo investimento em tecnologias na irrigação é instantâneo, a partir do primeiro ano de utilização, possibilitando o aumento da disponibilidade de alimentos no mercado já em 2023. “O desafio, hoje, é aumentar a produção para que os produtores possam fazer as próximas safras debaixo dos pivôs de irrigação. Quanto aos desafios junto ao governo, por exemplo, estamos sempre buscando alternativas de crédito, para o financiamento dos equipamentos de irrigação em larga escala”, comenta Cristiano Del Nero, diretor presidente da Valmont no Brasil.
Especialistas apontam que o avanço promovido pelo investimento em tecnologias na irrigação é instantâneo. Crédito: Saulo Coelho Nunes/Embrapa
Segundo ele, o cenário desafiador para a segurança alimentar deixa grandes lições e destaca a importância do planejamento. “Fica clara a necessidade de fortalecer, cada vez mais, os investimentos globais em tecnologia, para que a produção de alimentos seja cada vez mais assertiva e fique cada vez menos à mercê de problemas externos”, finaliza.
