Encontrado no Brasil em Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Ceará, Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Rio de Janeiro, a planta é resistente a secas, adapta-se a vários tipos de solos
Também conhecido por lobrobó, lobrodo, guaiapá, groselha-da-américa, cereja-de-barbados, cipó-santo, mata-velha, trepadeira-limão, espinho-preto, jumbeba, espinho-de-santo-antônio e rosa-madeira, o ora-pro-nóbis é bastante rústico, de cultivo nada complicado.
“Com ramos longos, crescendo como arbusto, a planta tem espinhos ao longo dos caules e ramos mais velhos (nos ramos mais jovens, esses espinhos têm o nome de acúleos), o que pode dificultar o manuseio de agricultores e de quem tem cultivo caseiro”, diz Gilberto Cardoso, engenheiro agrônomo e idealizador do Site Pergunte ao Agrônomo.
Segundo ele, cultivar ora-pro-nóbis é uma atividade bastante fácil “pois é resistente a secas, adapta-se a vários tipos de solos, é uma planta vigorosa e se propaga de forma rápida e simples”.
Cardoso orienta que há duas formas de propagação, por semente e por estacas, sendo a segunda mais utilizada.
“Cada fruto da planta possui entre duas ou três sementes escuras e, este tipo de propagação, apesar de ser mais demorada, é mais descomplicada de ser feita”, afirma.
Ele explica que as sementes apresentam boa taxa de germinação e, em geral, não têm dificuldade para quebrar a dormência, ou seja, germinam rapidamente. “A germinação ocorre entre 7 a 10 dias”, completa.
Propagação por estacas
Para fazer as estacas, o agrônomo aconselha pegar aquelas da região intermediária da haste, pois têm melhor pegamento. “Devem ter tamanho aproximado de 25 cm de comprimento e é preciso retirar as folhas da planta para acelerar o surgimento de raízes”, ensina.
Outros conselhos do especialista são preparar a terra de plantio de boa qualidade e bem drenada e fazer uso de adubação adequada.
“O uso do adubo orgânico bokashi (mistura balanceada de matérias orgânicas de origem vegetal e/ou animal, submetidas a processo de fermentação controlada), é excelente opção para melhorar a qualidade da terra e fornecer todos os nutrientes que a planta vai precisar”, ressalta Cardoso.
Ele recomenda que, primeiramente, as estacas sejam plantadas em vasos pequenos, enterrando aproximadamente de 10 a 15 cm da estaca na terra e chama atenção para que a parte basal seja enterrada e não a ponta da haste.
“Após o enraizamento, as mudas criarão novas folhas”.
Cardoso aconselha que as estacas plantadas fiquem em local protegido, sem incidência de Sol direto. “As raízes nascerão entre 30 a 40 dias e este será o momento certo para fazer o transplante da muda para o local definitivo”.
Preparo do solo
• Cultivo comercial
O especialista do site Pergunte ao Agrônomo recomenda que para a produção comercial do ora-pro-nóbis, é preciso escolher uma área bem localizada, de solo com boa drenagem, já que, apesar de rústica, a planta não tolera encharcamentos.
O agrônomo orienta também que, no cultivo em áreas extensas, deve-se retirar amostras de solo e enviar ao laboratório.
Esse procedimento é fundamental para saber se o solo está com pH e nível de nutrientes adequados, para, assim, proceder à adubação corretamente. Apesar da rusticidade do ora-pro-nóbis, o pH do solo deve ser corrigido para 5,5 a 6”, salienta.
• Cultivo caseiro
Para Cardoso, a análise laboratorial do solo não é necessária em cultivos caseiros. “Pode-se plantar direto no jardim ou, até mesmo, em um vaso grande”.
Ele ensina que a terra do lugar onde o ora-pro-nóbis será plantado deverá ser totalmente revolvida superficialmente e ser feita uma cova de plantio de, aproximadamente, 25 cm a 30 cm de diâmetro, por 30 cm a 40 cm de profundidade.
O agrônomo reforça que a quantidade de adubo da cova de plantio dependerá do tipo de adubo que será utilizado. E recomenda para o adubo orgânico Bokashi 0,5kg por cova, misturado na terra de cobertura. Para esterco de curral, 10 a 20 litros e, se o utilizado for o esterco de galinha, a quantidade deverá ser de cinco litros.
“Porém, se utilizar qualquer tipo de esterco, é necessário a aplicação de 150 gramas de farinha de osso”.
Feita a adubação, Cardoso ensina que a cova deverá ser fechada e o local onde ela se encontra, marcado. “O ora-pro-nóbis só poderá ser plantado após, aproximadamente, 10 dias”.
Como plantar
Cardoso afirma que a Embrapa recomenda, para cultivos comerciais, o plantio em linha dupla, ou seja, planta-se dos dois lados numa única linha.
“Entre plantas, o espaçamento deve ser entre um metro e 1,25 metro; um metro entre linhas simples e 2,5 metros entre linhas duplas”, ensina o agrônomo, destacando que “tanto no cultivo comercial quanto no caseiro, na hora do plantio/replantio, os torrões não devem ser desfeitos”.
Finalizada essa etapa, é preciso irrigar as plantas e repetir o molhamento após dois dias. “Irrigue sempre que a planta estiver seca até que ela consiga enraizar”, orienta o especialista.
Como irrigar corretamente
Mesmo que a planta seja rústica e resistente, tolerando longos períodos de seca, o agrônomo recomenda que a planta seja irrigada, especialmente em regiões de estiagem prolongada.
“Nos locais onde foram realizados os plantios, o cultivo deve ser irrigado e, em cultivos caseiros, basta irrigar uma vez por semana para que o ora-pro-nóbis fique bem”, afirma.
Como podar
Como o crescimento da planta é bastante rápido, ela deve ser conduzida desde muito cedo para o formato que se deseja.
Se o objetivo do cultivo não for usar o ora-pro-nóbis como trepadeira para cobrir muros, o especialista do site Pergunte ao Agrônomo aconselha não deixar de podá-la desde o primeiro ano de vida, “podar depois será muito mais complicado”, garante.
Ele salienta que o ideal é começar a poda de formação entre 30 e 60 dias após o replantio no local definitivo (ou no vaso), eliminando todos os ramos próximos ao solo. “Pode podar também aqueles ramos que cresceram demais, permitindo que e ramifiquem posteriormente”.
Em sua opinião, o formato que facilita a colheita é o de “taça”, retirando-se todos os ramos baixeiros (os próximos ao solo). “No início, deixe de três a cinco hastes com duas a quatro gemas, a uma altura de 15 cm a 30 cm do solo”, ensina Cardoso.
Adubação pós-plantio
Com o crescimento, a planta retira nutrientes do solo. E, após as frequentes colheitas, esses nutrientes não retornam. “Assim, se os nutrientes não forem repostos, cedo ou tarde, a planta sentirá falta deles para continuar sua produção. Cada adubação deve ser feita analisando-se os teores de nutrientes através da análise de solo”, recomenda.
Cardoso aconselha novamente, como ótima opção, fazer adubação orgânica, tanto em cultivos comerciais quanto nos caseiros.
“Como já explicado, friso que o adubo orgânico do tipo Bokashi deve ser usado a cada três a quatro meses, na quantidade de 0,5kg por cova, misturado na terra de cobertura, ”.
Já se o adubo escolhido for o esterco de curral, ele reorienta usar de 10 a 20 litros; e esterco de galinha, cinco litros. Finalmente, o especialista repete a ressalva: “se utilizar qualquer tipo de esterco, é necessária a aplicação de 150 gramas de farinha de osso”.
Onde comprar
Mudas de ora-pro-nóbis para se iniciar o cultivo podem ser encontradas em viveiros, floras, lojas de plantas, feiras, supermercados etc e o preço é acessível.
Fonte: Pergunte ao Agrônomo