Neste sistema, o consumo de água é de apenas 1% do utilizado no cultivo convencional, e a produtividade é 12,5 vezes maior (Foto: Divulgação)
Em 16 piscinas, a Verdureira, empresa que trabalha na fabricação de saladas prontas, espera colher, até o fim do ano, 39 toneladas de hortaliças por mês. É a primeira vez que a técnica DWC (Deep Water Culture), mais conhecida no Brasil como “floating” é usada em larga escala no país.
Apesar das piscinas, o consumo de água é de apenas 1% da quantidade utilizada no cultivo convencional, e a produtividade 12,5 vezes maior.
Segundo a empresa, a ideia é um conplemento em relação a técnica de hidroponia utilizada anteriormente, a NFT (Nutrient Film Technique).
Os sócios contam que era preciso continuar inovando em busca de mais produtividade, devido à fragilidade da cadeia produtiva e as crises de abastecimento.
Foi daí que veio a decisão de apostar no floating, atualmente em operação em São Roque (SP), após uma viagem à Holanda para conhecer melhor as técnicas de produção de hortaliças.
“Sabíamos que era um desafio, mas estávamos dispostos a aprender mais, testar e arriscar, pois acreditávamos que seria um divisor de água para o negócio e também para o agro brasileiro. Agora, produzimos mais, com menos esforços e recursos, além de oferecer um produto com mais qualidade para o consumidor”, Ari Rocha, sócio e CEO da Verdureira.
Como funciona
As piscinas ficam dentro de estufas, com ambiente controlado, onde é possível variar a ventilação e a temperatura conforme a necessidade.
Isso permite que a produção ocorra em qualquer clima, em todas as estações do ano, além de diminuir a exposição a pragas e doenças ao longo do processo.
A técnica de hidroponia DWC, mais conhecida como floating, consiste no cultivo em piscinas, onde as hortaliças são plantadas em placas que ficam sobre a água.
Embora pareça algo simples, os desafios vão desde a criação das placas ideais, onde as hortaliças ficam bem posicionadas, até a oxigenação da solução nutritiva.
Se na hidroponia NFT (Nutrient Film Technique), as verduras ficam em canaletas e recebem os nutrientes via lâminas d’água, no DWC as raízes ficam inteiramente imersas na piscina.
A companhia levou cada detalhe em consideração, desde as placas flutuantes com espessura, materiais e bolsões, tudo foi moldado pela empresa.
“Até mesmo a cor das lonas utilizadas no procedimento é capaz de impactar o resultado e percebeu-se a importância de manter o nível de oxigenação na solução nutritiva. Para isso foi desenvolvida de forma inédita uma estação de tratamento de água que mantém a solução nutritiva sempre balanceada”, conta um dos sócios.
Oxigênio por nanobolhas
A peça que faltava para o sucesso, segundo Rocha, foi descobrir como injetar oxigênio na solução utilizando nanobolhas no processo.
Tudo mudou quando a Verdureira conheceu Oliver Povareskim, da Nanobiologic, que embora não utilizasse nanobolhas para esse fim, estava disposto a desenvolver e testar.
São essas nanobolhas de oxigênio que favorecem a saúde da solução nutritiva para a produção em floating, em São Roque.
Dessa forma, além de promover o ambiente propício para o crescimento das hortaliças, não é necessário desperdiçar água na troca da solução nutritiva.
Se na hidroponia NFT há a economia de 90% de água em comparação ao cultivo tradicional no solo, no floating a economia é de 99%, o que torna o método ainda mais sustentável.
“Além de utilizar menos água ao longo do processo, garantimos maior produtividade. No caso da hidroponia NFT, produzimos cinco vezes mais e agora a produção é 12,5 vezes maior com o floating. As hortaliças são maiores, mais resistentes e nutritivas”, ressalta Thiago Rodrigues Silveira, engenheiro-agrônomo responsável pela produção na Verdureira. Atualmente são cultivados os mais diversos tipos de alfaces, como americana, lisa, crespa, roxa, entre outros.
Atuação em localidades estratégicas
A empresa atua em fazendas periurbanas, entre a zona rural e a cidade, possibilitando que a marca coloque sua produção no mercado em até 24 horas após a colheita.
Após a colheita, a seleção das hortaliças é artesanal, que permite ainda mais qualidade na produção. As folhas são higienizadas e embaladas com tecnologia de atmosfera modificada capaz de preservar os nutrientes e frescor dos alimentos até o momento do consumo, sem a necessidade de conservantes.
Atualmente, a Verdureira está presente nas prateleiras de estabelecimentos de São Paulo e Região Metropolitana, bem como Campinas e outros municípios adjacentes.