Projeto visa criar um ambiente acolhedor aos funcionários da petroleira (Foto: Prio/Divulgação)
Já pensou em plantar e colher a própria comida em alto mar? Em uma plataforma de exploração de petróleo a 100 Km da costa do Rio de Janeiro, temperos, chás, hortaliças e até plantas alimentícias não convencionais (Panc) são cultivadas por funcionários e colhidas para serem utilizadas na alimentação da própria tripulação.
A iniciativa “Hortas no Mar” foi lançada em 2022 pela maior empresa independente de óleo e gás do Brasil, a Prio, como um maneira de tornar possível o contato com a natureza dos colaboradores da empresas que passam dias em alto mar, além de ser um espaço de convívio e trocas.
“A horta é algo ligado à sustentabilidade e é uma iniciativa que aproxima as pessoas. Eu torço que de pouco em pouco essas hortas cresçam, se tornem ambientes mais agradáveis, que as pessoas se interessem por este contato, e que esse projeto cresça ainda mais”, conta Nelson Queiroz Tanure, presidente do Conselho de Administração da companhia.
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Mãos à horta
Atualmente, os campos de Polvo, Tubarão-Martelo e Frade já contam com hortas de cerca e composteira que provê adubo líquido para as mesmas. A iniciativa também será replicada em 2024 em Albacora Leste, na Bacia de Campos, ativo adquirido mais recentemente.
Toda manutenção é de responsabilidade dos colaboradores, que também consomem na operação tudo que é produzido.
Para isso, eles participaram de um workshop sobre o cultivo nas hortas, atividade realizada com o apoio da Associação Comunitária de Agricultura de Cantagalo/Rio das Ostras, participante do Projeto de Educação Ambiental – PEA Rede Observação da PRIO.
Após o plantio, o time é constantemente estimulado a compartilhar o andamento da manutenção da horta e da composteira de cada uma das nossas unidades. Ao final dos ciclos, os melhores pontuados recebem prêmios da empresa.
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Bem-estar
A iniciativa tem ainda um viés muito importante de contribuir para a saúde mental de profissionais que ficam vários dias embarcados, distante da terra, de suas famílias e de atividades rotineiras.
“É o momento de desconectar da nossa rotina de trabalho de 12h, poder ir lá, cultivar, plantar, ter aquela conexão, como se estivesse em casa” conta Fernando Soares, técnico de utilidade no navio petroleiro Bravo.
A iniciativa também está indo para além da empresa. “Um dia eu saí do meu prédio e vi uma moça cuidando de um canteiro do jardim. Aí eu conversei com ela, falei do projeto que tínhamos a bordo”, comenta Alexandre Oliveira, operador de produção em Frade.
“Ela disse que tinha vontade de iniciar uma horta e passamos a cuidar desse projeto. A ideia é pegar os aprendizados do mar e poder melhorar no meu condomínio também. Hoje, quando eu chego na plataforma e encontro a horta viva e, às vezes, até mais viva do que estava quando eu desembarquei, eu sei que a missão está sendo cumprida”, conta.
“Quando eu recebi o convite pela empresa de colocar uma horta no mar, a gente ficou muito apreensivo: a estrutura de uma plataforma era bem distante da nossa realidade”, explica Karla Carvalho, agricultora familiar que participou ativamente do projeto de implementação e capacitação.
“Para nós, era preciso conseguir colocar algo que fosse pesado e seguro. Tivemos vários desafios desde o início, como o sal, o vento, e ainda pensamos se daria certo a planta no mar ou não”, destaca a agricultora que já vê belos resultados colhidos.
Hoje, com o know-how adquirido pela companhia, a implementação desta iniciativa em novos ambientes marítimos leva cerca de um mês e deverá ser algo padrão em seus ativos e operações, inclusive no escritório da empresa.