Nova variedade de alface reúne características das alfaces lisa e crespa, além de ser adaptada às condições tropicais e permitir o dobro da densidade no plantio
Um tipo inovador e diferenciado de alface, com aparência da alface crespa, acaba de ser desenvolvido pela UFSCar. A nova variedade Brunela tem aparência de uma planta aberta com formação de cabeça, mas as características da alface americana, com folhas grossas.
Elaborada pelos professores Fernando César Sala, do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal, do Centro de Ciências Agrárias (campus de Araras), e Cyro Paulino da Costa, voluntário da UFSCar, a pesquisa teve o objetivo de disponibilizar uma variedade adaptada à condição do clima brasileiro de plantio com a característica de crocância — folha mais espessa — que é atributo valorizado pelo mercado.
A preferência pela alface tipo crespa no Brasil é uma particularidade em relação à preferência mundial. Atualmente, a procura pela alface americana também vem aumentando, devido à crocância. Isso acorre quando o consumidor procura na alface, além da qualidade nutricional, sabor e sensação de bem-estar ao consumi-la. Mas, apesar do crescimento no mercado, a alface americana possui limitações de cultivo durante o verão no Sudeste do País. Por ser uma planta com formação de cabeça, é suscetível a danos econômicos decorrentes de chuvas e outras adversidades.
Brunela
A Brunela tem como característica principal a folha espessa, que confere maior crocância; sabor mais adocicado, além de ser adaptada às condições brasileiras de cultivo em temperaturas elevadas e alta pluviosidade. A ideia da nova variedade surgiu quando o professor Cyro Paulino da Costa, em visita a um produtor, percebeu que as alfaces utilizadas para processamento tinham problemas de perdas, já que possuíam folhas finas. De acordo com o melhorista Fernando Sala, a pesquisa foi motivada pela própria tendência do mercado brasileiro, que busca trabalhar com plantas de folha grossa para melhorar o processo de higienização e deixá-las prontas para o consumo.
Higienização
O processo de higienização pode provocar a quebra das folhas finas, estragando o alimento. “O consumidor quer chegar em casa, abrir a sacola com alface limpa e higienizada, pronta para ingerir. Por isso, o ideal é utilizar variedades que têm adaptabilidade a essas características: folha espessa, como é o caso da Brunela”, explicou.
Em relação ao cultivo, o pesquisador destaca que, por ser uma alface de porte médio, a Brunela tem uma característica interessante de manejo: seu plantio pode ser feito em espaçamento menor que o convencional. “Isso é uma grande vantagem porque o produtor consegue colocar numa mesma área quase o dobro de planta que colocaria se utilizasse cultivares de porte grande”.