Com políticas públicas assertivas de apoio ao produtor rural, a safra de grãos prevista para 2019/2020 é de 246,37 milhões de toneladas – uma estimativa da Conab, que pode representar um recorde histórico para o agronegócio
Nos últimos 40 anos, enquanto a área ocupada pela agricultura brasileira aumentou 33%, a produção agrícola nacional registrou um aumento bem maior: algo em torno de 386%. Isso significa que o País produziu mais sem aumentar, na mesma proporção, a área plantada.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com políticas públicas assertivas de apoio ao produtor rural, a safra de grãos prevista para 2019/2020 é de 246,37 milhões de toneladas – estimativa que pode representar um recorde histórico, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Já o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), indicador que mostra o desempenho das lavouras e da pecuária, é estimado em R$ 609,5 bilhões, em 2019, o que pode resultar no segundo maior VBP da série analisada pelo Ministério da Agricultura.
Segundo o Mapa, além disso, programas como o ABC Cerrado (Agricultura de Baixo Carbono) e de incentivos ao setores de produtos orgânicos e de bioinsumos revelam as novas tendências do agronegócio brasileiro.
Com relação às principais ações implementadas neste ano, o órgão federal também destaca a simplificação do acesso ao crédito rural, o fortalecimento do cooperativismo e da assistência técnica e o desenvolvimento de novos produtos com o auxílio da tecnologia e da pesquisa.
Esses números fazem parte da Retrospectiva 2019 publicada pelo Ministério da Agricultura em seu site oficial (www.agricultura.gov.br).
Exportações e aberturas de mercados
Ainda conforme o Mapa, com safras recordes, o Brasil vem garantindo o suprimento do mercado interno e as exportações para mais de 160 nações. As exportações do agronegócio atingiram, em 2018, 101,69 bilhões de dólares e representaram 42,39 % das
exportações totais do País, que foram de 239,89 bilhões de dólares.
Em 2019, no período de janeiro a outubro, o valor exportado foi de 80,2 bilhões de dólares, ou seja, mais de 43,23% das exportações totais, somando 185,5 bilhões de dólares.
Atualmente, o Brasil ocupa o primeiro lugar nas exportações mundiais de açúcar, café, suco de laranja, carne bovina, carne de frango e soja (grão). Nas exportações globais de milho e algodão, o País aparece na segunda posição.
Em 2019, foram registradas, até novembro passado, 26 aberturas de novos mercados, válidas para produtos diversos, exportados para 16 países, representando oportunidades de acesso a um mercado estimado em quase nove bilhões de dólares.
Além dos lácteos, outra abertura muito importante é a de melões para China, maior mercado consumidor dessa fruta no mundo.
O Mapa também destaca, entre outros pontos, a expansão da rede de adidos agrícolas de 20 para 25 postos, que cobrem 70% do comércio mundial de produtos agrícolas e cinco bilhões de consumidores em potencial.
Preservação ambiental
No campo da sustentabilidade e da inovação, o órgão federal ressalta a importância do projeto ABC Cerrado, uma política agropecuária focada na preservação ambiental e na mitigação de gases de efeito estufa.
Criado para difundir e incentivar adoção de práticas sustentáveis nas propriedades rurais do bioma Cerrado, a iniciativa beneficia produtores de Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais, além do Distrito Federal.
Até o momento, de acordo com o Ministério da Agricultura, o ABC Cerrado recuperou aproximadamente 93 mil hectares de pastagens degradadas, em cinco anos de implantação nesse bioma, o que corresponde a uma área de 10 mil campos de futebol.
Pelo mesmo programa, já foram capacitados 7,8 mil produtores, que passaram a usar a tecnologia quando perceberam o ganho muito rápido de produtividade. Para os próximos anos, o Mapa anuncia que deverá implementar o Plano ABC em outros biomas.
Paisagens rurais
Voltado para a recuperação ambiental produtiva do bioma Cerrado e a geração de renda, o projeto Paisagens Rurais, lançado neste ano, vai capacitar e prestar assistência técnica e gerencial a quatro mil produtores rurais de nove Estados e do Distrito Federal, orientando o agricultor para o cumprimento do Código Florestal Brasileiro.
Além disso, irá disseminar o uso de práticas de agricultura sustentáveis no bioma mais produtivo do Brasil e que guarda a maior parte da água portável do País. O programa, concebido em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ).
Outros destaques
O Mapa também mencionou como destaque em 2019 o lançamento do Observatório da Agropecuária Brasileira, ferramenta desenvolvida em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que dará aos gestores amplo acesso a informações estratégicas para a tomada de decisões e elaboração de políticas públicas para o setor.
O Ministério da Agricultura ainda destaca a conclusão do Programa Bioinsumos, que irá sistematizar e fomentar serviços, tecnologias e outros processos desenvolvidos a partir de recursos renováveis e adotar práticas alternativas de produção agrícola, pecuária e aquícola, economicamente viáveis e ecologicamente sustentáveis, e chamou a atenção para o recente lançamento do projeto Inovação nas Cadeias Produtivas da Agropecuária para a Conservação Florestal na Amazônia Legal.
A iniciativa tem por objetivo levar inovação para as cadeias produtivas da carne, soja e madeira para que aumentem a produtividade e o valor dos produtos alinhados com o uso sustentável dos recursos naturais e conservação da floresta amazônica. O projeto será implantado de 2020 a 2024 em cinco estados: Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.
Modernização
Na área de modernização do agro, o Mapa citou, entre outros avanços, o registro automático de bebidas, vinhos e derivados da uva, que agora pode ser feito em apenas uma hora (anteriormente demorava até 60 dias); a emissão, em um dia, dos certificados fitossanitários para cargas em contêineres (o tempo médio era de 10 dias).
O Ministério da Agricultura também cita a integração, a partir de 1º de janeiro de 2020, dos serviços de defesa agropecuária federal, estaduais e da iniciativa privada, por meio do Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias (e-Sisbravet); o desenvolvimento, pela Embrapa, de uma tecnologia inédita para combater a ferrugem asiática, e a integração de dados metereológicos que irá permitir o melhor planejamento de safras e a mitigação de riscos associados a eventos relacionados ao clima.
Acesse aqui, na íntegra, a Retrospectiva 2019 do Mapa.