Cacauicultura do Estado se destaca em produtividade com a adoção de manejo diferenciado e uso de material genético para enxerto
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elaborados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), apontam que o município de Linhares segue liderando a produção de cacau no Espírito Santo, respondendo por 72,24% da produção estadual.
Porém, o que tem chamado a atenção nos últimos anos, na cacuicultura do Espírito Santo, é o rendimento médio por hectare. Os números mostram que a área colhida passou de 22.044, em 2014, para 17.185 hectares em 2020. No período, o rendimento médio saltou de 195 kg/ha para 658 kg/ha.
“A justificativa para o aumento no rendimento médio por hectare deve-se à melhoria da qualidade técnica empregada nas lavouras cacaueiras e à entrada do sistema de produção a pleno sol, após a crise hídrica registrada no Estado entre 2014 e 2016”, explica o engenheiro agrônomo doutor em Fitopatologia e responsável técnico pelo Laboratório de Fitopatologia do Incaper em Linhares, Enilton de Santana.
De acordo com o especialista, o déficit hídrico vivido no Espírito Santo levou a uma queda de produtividade e a um desânimo do produtor, que não tinha como trabalhar a roça para melhorar a produção.
“Passado esse período, houve uma redução de áreas que cultivavam cacau e melhoria na qualidade técnica. Os cacauicultores também começaram a utilizar material genético e enxertar no material antigo, no cacau comum, melhorando, assim, a qualidade e a produtividade por hectare desse material genético”, informa Santana.
Ele acrescenta que a produtividade média, que era em torno de 20 a 30 arrobas por hectare, passou para 70 a 100 arrobas por hectare. “Também tivemos o início da produção do cacau a pleno sol, com até 150 arrobas por hectare”, explica o especialista.
Cenário
De acordo com o agrônomo e cacauicultor Mauro Rossoni Júnior, a produção do cacau capixaba vive um momento de redenção. Segundo ele, o início dessa redenção se deu por volta de 2012 com o plano Estadual da Renovação da Lavoura Cacaueira, promovido pela Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau) e o governo do Estado. “A partir daí, muitos produtores plantaram, replantaram e clonaram cacau, e os preços começaram a melhorar, estimulando novos projetos”, destaca o agrônomo.
Segundo ele, desde então, a cacauicultura capixaba passou por um momento de forte reestruturação ,após a vassoura de bruxa, associado à necessidade de renovação das lavouras que já tinham idade acima dos 30 anos e complementada com a diversificação agrícola estimulada pelos órgãos de assistência técnica e extensão rural, focando em sustentabilidade da agricultura. “Sem dúvida, a tendência é de crescimento”, prevê.