Apesar da demanda por pitangueira até mesmo para projetos de paisagismo, a produção ainda é muito pequena e não consegue atender aos consumidores
A pitangueira (Eugenia uniflora) é uma planta frutífera nativa do Brasil, que pode ser encontrada em praticamente todo o território nacional. De acordo com a Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec), sua exploração ainda se caracteriza como extrativista, visando à comercialização dos frutos em feiras livres para consumo in natura e para o preparo de suco.
No Brasil, os centros de diversidade, que têm a pitangueira como espécie nativa, são o Nordeste/Caatinga, Sul/Sudeste, Brasil Central/Cerrado e Mata Atlântica. Seu cultivo comercial, no entanto, se concentra mais nos Estados de Pernambuco e Bahia, detentores das maiores áreas de cultivo, em área de aproximadamente 300 hectares, e também com indústrias de processamento de polpa.
Valor comercial
Segundo a Ageitec, o valor comercial da pitanga vem de seu alto rendimento — tem 66% de polpa e 34% de semente —, qualidade nutricional, sabor e aroma exóticos. A polpa integral congelada e/ou o suco engarrafado são as principais formas de comercialização, além da fabricação de sorvete, picolé, licor, geleia, vinho e cosméticos, com o objetivo de atender aos consumidores exigentes por produtos naturais, nutritivos e saudáveis.
A pitanga pode ser listada como uma superfruta por causa do seu valor nutricional: é fonte de vitamina A, por causa dos altos teores encontrados na polpa, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, entre outros nutrientes. Estudos recentes realizados por pesquisadores da Embrapa Clima Temperado (RS) mostram que as pitangas têm elevados teores de compostos fenólicos totais, antocianinas totais e atividade antioxidante, sendo que estes índices são maiores em pitangas roxas, em comparação às de coloração laranja e vermelha. Estas frutinhas também são ricas em carotenoides, com teores superiores aos da cenoura.
Cultivo
Quanto ao cultivo, recomenda-se que seja feito no início da estação chuvosa, de preferência em dias nublados para evitar a desidratação das mudas, ou em qualquer época do ano, sob condições de irrigação. As covas deverão ser reabertas o suficiente para plantio das mudas. O saco plástico precisa ser retirado com cuidado para não danificar o torrão, nem prejudicar o crescimento e o desenvolvimento normal do sistema radicular, orienta a Ageitec.
A planta é um arbusto, que pode atingir entre seis e 22 metros, suporta a poda forte e repetida. A copa é densa e compacta e seu crescimento ocorre de maneira lenta.
Colheita e rendimento
A partir do terceiro ano de plantio e 50 dias após a floração, começa a colheita, explica o engenheiro agrônomo Gilberto Basílio Vieira Leite, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). “Os frutos maduros devem ser colhidos no pé, de forma delicada e manual.” É recomendável que sejam colocados em caixas apropriadas e abrigadas fora do sol.
“A planta torna-se safreira aos seis anos de idade e entra em produção duas vezes por ano, produzindo de 2,5 a três quilos de frutos por planta ao ano, em pomares não irrigados”, informa o engenheiro agrônomo.
De acordo com Vieira Leite, em áreas irrigadas, o rendimento em toneladas por hectare é de 500 quilos no segundo ano; de três mil quilos no terceiro e cinco mil quilos no quarto ano. A partir do sexto ano de produção, a pitangueira produz nove mil toneladas de frutos por hectare.