Azeite produzido no Rio Grande do Sul é eleito o melhor do hemisfério sul, em uma das principais premiações internacionais de azeites extra virgens, o EVO International Olive Oil Contest, realizado na Itália
Produzido na Fazenda Mato Grande, na cidade de Canguçu (RS), o Frantoio da Safra 2023, da Verde Louro Azeites, foi eleito o melhor azeite extra virgem do hemisfério sul, em uma das principais premiações internacionais de azeites do tipo, o EVO International Olive Oil Contest, realizado na Itália.
Além disso, a Verde Louro ainda recebeu duas medalhas de ouro nas categorias de azeites produzidos a partir das variedades Arbosana e Coratina.
A premiação se soma a outras dezenas que o azeite brasileiro já recebeu.
“Já ganhamos mais de 80 medalhas. Só no primeiro semestre deste ano, foram mais de 20 em diversos países do mundo, Japão, Itália, Grécia, Estados Unidos, Argentina, Alemanha, Dubai e Inglaterra”, disse Romário Ribeiro, gerente geral da Verde Louro, em entrevista à Revista A Lavoura.
Sob o sol dos pampas, a fazenda produz oliveiras de seis variedades.Três delas de origem espanhola (arbequina, arbosana e picual), uma grega (koroneiki), e duas originárias da Itália (coratina e frantoio).
“Essas variedades são as que se adaptaram melhor ao clima do Sul do Brasil”, explica Ribeiro.
A região privilegiada de clima subtropical e com baixos níveis de chuva durante o ano, combinada às propriedades especiais do solo, tornam o local ideal para o plantio de oliveiras de elevada qualidade.
A produção e a colheita
O início da produção começou em 2011, com as primeiras variedades de oliveiras plantadas, mas foi somente em 2016 que a primeira safra de azeitona foi colhida. São, no mínimo, cinco anos para desenvolver o pé de oliveira.
Hoje, são mais de 200 hectares de oliveiras. Além de uma unidade de 450 metros quadrados para processamento da azeitona e extração do azeite.
“O auge da produção foi em 2029, quando produzimos 29 mil litros de azeite. Em 2021, caiu um pouco pelas questões climáticas, e agora em 2023 esperamos produzir 30 mil litros, a partir de 320 toneladas de azeitonas”, conta o gerente geral da Verde Louro.
A colheita é feita de maneira mecanizada, por um derriçador com pentes pneumáticos, movido a baterias elétricas. Cada pé da propriedade rende em torno de oito quilos de azeitona.
As azeitonas são colhidas precocemente, entre fevereiro e abril.
“A colheita começa às 6h30 da manhã e em menos de uma hora já está na máquina de processamento. Isso é feito para garantir o frescor máximo do azeite, bem como manter o sabor”, explica Ribeiro.
“Quanto mais rápido é processado depois da colheita, mais qualidade tem o azeite”, completa.
Ribeiro ressalta que a colheita precoce e a rapidez até o processamento da azeitona garantem que ela não esteja machucada, mofada ou fermentada, o que pode afetar na acidez final do azeite e no sabor.
O processamento do azeite
Após a colheita, as azeitonas são limpas, lavadas e pesadas.
A termobatedura, etapa que vem após a pesagem, é onde as azeitonas começam a virar o Azeite de Oliva Extra Virgem Verde Louro, sendo batidas de forma lenta e contínua.
A unidade tem capacidade de processar 1500 quilos de azeitona por hora.
A extração é feita através de pressão a frio, cuidando para ser o suficiente e não alterar o sabor único do azeite com compostos que podem ser encontrados na polpa e caroço do fruto.
A massa de azeitonas tem sua temperatura controlada, nunca passando de 28C, preservando assim seus compostos voláteis, responsáveis pelo aroma e sabor.
Acidez do azeite
Para ser considerado extra virgem, o azeite tem que ter acidez entre 0,1% e 0,8%. “Quanto mais baixa a acidez, mais eu aprovo a alta qualidade da azeitona”, diz Ribeiro.
Ele detalha que uma acidez entre 0,4 % e 0,5%, pode significar que a azeitona colhida é mais madura. Já uma acidez de 0,5% a 0,7%, pode indicar que ela já está fermentada.
“Isso leva à perda de propriedades nutritivas e menos sabor (…) Quando abrir um azeite tem que sentir a amargura, a picância e o frutado”.
Todos os azeites da Verde Louro tem 0,1% de acidez com certificação da Embrapa Clima e um laboratório independente.
Interesse pelo azeite nacional
Segundo Ribeiro, o interesse dos consumidores brasileiros pelo azeite nacional vem crescendo.
“A procura do azeite nacional está aumentando. O consumidor está curioso, porque o azeite nacional é mais frutado, tem amargor e picor mais acentuado”, explica Ribeiro.
“O consumidor está tendo mais informação sobre o azeite, e descobrindo o sabor do azeite”.
Isso se dá justamente pelo processo que garante o frescor e qualidade da colheita do azeitona até a fabricação do azeite.
“A safra de 2023 já está no mercado. Diferente de azeites importados que muitas vezes vêm de safras anteriores”, pontua.
Além do mercado nacional, a produtora também olha para o exterior.
“Estamos trabalhando para que isso aconteça, mas para exportação temos que produzir uma quantidade maior (…) Estamos prevendo um crescimento anual entre 30% e 40%”, afirma.