Cultura complementa a receita de agricultores familiares do Vale do Mucuri e norte de Minas Gerais
Valorizada há séculos, mas ainda pouco difundida em Minas Gerais, a pimenta-do-reino começa a ganhar espaço nas propriedades do Estado onde existem cerca de 110 hectares ocupados com os plantios nos municípios do Vale do Mucuri e norte de Minas, como Novo Oriente de Minas, Teófilo Otoni, Ataléia, Ouro Verde de Minas, Águas Formosas, Serra dos Aimorés, Crisólita, Itabirinha e Bocaiúva.
Segundo a Emater-MG, a maioria das lavouras é conduzida por agricultores familiares, que estão investindo na atividade como uma alternativa de renda. Em Ataléia, por exemplo, os 13 hectares de pimenta respondem por uma produção anual de 60 toneladas
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A principal atividade econômica de Ataléia é a pecuária leiteira extensiva, com baixa produtividade, de três litros de leite por cabeça/dia. “Diante dessa realidade, a cultura de pimenta-do-reino tornou-se uma alternativa de renda, com custo de implantação baixo, comparados aos investimentos para melhorar a produtividade da pecuária leiteira”, afirma o técnico da Emater-MG do município, Mário de Souza Silva.
Ponto de partida
Para começar a produção no município, a Emater-MG organizou vários eventos e excursões a propriedades e viveiros nas regiões produtoras do Espírito Santo, onde a cultura da pimenta-do-reino já está implantada, organizada e, inclusive, é exportada. Também contou com o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) para o repasse de tecnologia, capacitação e intercâmbios guiados pelos técnicos da empresa do Espírito Santo.
Os primeiros plantios foram realizados em 2016, por seis agricultores familiares que adquiriram as mudas com recursos próprios. Eles começaram com áreas de meio a um hectare. A partir de 2019, com a cultura consolidada, os agentes financeiros passaram a disponibilizar crédito para os agricultores.
Como a pimenta-do-reino é uma planta trepadeira, é preciso instalar estacas ou tutores vivos (moringa, nim indiano e gliricídia) nas áreas de cultivo para a sustentação das plantas. O plantio é feito por mudas. De acordo com Silva, a cultura se adaptou bem na região por causa do clima. “A pimenta-do-reino é ideal para regiões quentes com disponibilidade de água. Toda a área de pimenta em Ataléia é irrigada por microaspersão”, explica.
A pimenta-do-reino começa a produzir no segundo ano após o plantio, mas, segundo Silva, a produção se torna viável a partir de três anos. “No terceiro ano, a produção alcança três quilos por pé. Já no quarto ano, ela pode chegar a cinco quilos por planta”. A colheita é realizada a cada seis meses.
O produtor Luiz Carlos Barbosa produz pimenta junto com o filho e faz parte do grupo de produtores de Ataléia que começaram a cultivar pimenta-do-reino há cinco anos. Atualmente ele tem três mil pés, em dois hectares irrigados. “A família pode tocar, não há grandes dificuldades, mas como toda lavoura, é preciso controlar as pragas, doenças e adubar”, afirma.
Preços
Na safra de julho de 2021, o preço do produto alcançou R$ 18,00 por quilo. O rendimento bruto foi próximo a R$ 150 mil”, informa o técnico da Emater-MG, acrescentando que os preços da pimenta-do-reino variam de acordo com a oferta e a demanda internacionais.
Ele recomenda que a cultura seja um complemento de outras atividades, e que os primeiros investimentos sejam feitos em pequenas áreas, aos poucos. Segundo Silva, sabendo administrar os custos e mantendo a qualidade do produto, é possível ter um bom retorno. “Um hectare de pimenta-do-reino gera a mesma renda para quem produz 150 ou 200 litros de leite por dia em Ataléia”, afirma.