Dentre as variedades cultivadas pela Epamig estão as flores de calêndula (foto), que têm ação anti-inflamatória. Projeto mineiro desenvolve e aprimora tecnologias de plantio, colheita e secagem de plantas medicinais para o SUS, validadas cientificamente para tratamentos terapêuticos
Desenvolver e aprimorar tecnologias de cultivo, colheita e secagem de espécies de plantas medicinais, validadas cientificamente para o tratamento terapêutico, oferecendo material vegetal de qualidade para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado de Minas Gerais tem sido um dos focos do trabalho da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
A instituição desenvolve estudos com plantas medicinais selecionadas por meio do Programa Estadual Componente Verde da Rede Farmácia de Minas, mantido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas (SES-MG). O projeto é composto por diferentes grupos de trabalho, ficando a cargo da Epamig a parte de cultivo, desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias para a produção de espécies medicinais.
A estatal também foi responsável pela elaboração de apostilas de treinamento para facilitadores e agricultores e pelo manual de cultivo das espécies selecionadas, já entregues para a SES-MG.
“A proposta é que essas tecnologias, assim como as boas práticas agrícolas, sejam repassadas a fim de estabelecer e fortalecer os arranjos produtivos locais próximos a cada Farmácia Viva do Estado”, explica a pesquisadora Maira Christina Marques Fonseca, coordenadora o projeto na Epamig.
Etapas da cadeia produtiva
Os estudos contemplam tecnologias para todas as etapas da cadeia produtiva das espécies selecionadas. No Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, no município de Oratórios, são desenvolvidos experimentos para a avaliação de genótipos, adubação, irrigação, espaçamento entre plantas, época de colheita, temperaturas de secagem, armazenamento, dentre outras.
“Posteriormente, no Laboratório de Plantas Medicinais da Epamig Sudeste, em Viçosa, realizamos a extração dos princípios ativos de interesse terapêutico para avaliar a melhor forma de produzir cada espécie medicinal visando sua qualidade fitoquímica”, conta Maira.
A instituição também recebe o auxílio de parceiros como as universidades federais de Viçosa (UFV) e de Ouro Preto (UFOP) e do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas (CPQBA/Unicamp), “para análises que requerem equipamentos mais sofisticados”, cita a pesquisadora.
Em vigor desde 2012, esse trabalho contou com etapas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Lista de plantas
Além de ampliar as opções terapêuticas da população, ela destaca que “a utilização da fitoterapia pelo SUS tem importância estratégica no incentivo à implantação de novos programas, na promoção do uso racional e sustentável da biodiversidade mineira e no desenvolvimento da cadeia produtiva de plantas medicinais com geração de emprego e renda aos agricultores familiares do nosso Estado”.
Atualmente, pela Rede Farmácia Viva, são oferecidas as seguintes espécies medicinais: calêndula (flores têm efeito anti-inflamatório tópico); erva-baleeira (folhas também servem como anti-inflamatório tópico); alcachofra (folhas usadas para diminuir o colesterol); e alecrim-pimenta (folhas usadas como antimicrobiano).
Também são fornecidas a espinheira-santa (folhas destinadas ao tratamento de úlceras estomacais); melissa (folhas atuam como ansiolítico); hortelã-rasteira (folhas usadas como antiparasitário).
Ainda são disponibilizadas a hortelã-pimenta (folhas utilizadas como expectorante); guaco (uso das folhas como bronco dilatador); alfavaca (folhas atuam como antimicrobianos); maracujás doce e azedo (folhas usadas como ansiolítico); tanchagem (folhas têm efeito anti-inflamatório); barbatimão (cascas servem como cicatrizante) e alho (bulbos são consumidos para combater a hipertensão e o colesterol alto).