Os óleos essenciais de orégano, alecrim pimenta, casca de canela e alfavaca cravo mostraram-se extremamente eficazes, inibindo 100% do crescimento dos patógenos analisados (Foto: Envato/Embrapa)
Em um avanço significativo para a agricultura sustentável, cientistas da Embrapa e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriram óleos essenciais que possuem atividades antifúngicas contra quatro fungos que causam doenças pós-colheita em mangas.
O estudo, além de identificar os óleos mais eficazes, também determinou a concentração mínima inibitória dos quatro óleos essenciais mais promissores e analisou sua composição química.
Os óleos essenciais de orégano, alecrim pimenta, casca de canela e alfavaca cravo mostraram-se extremamente eficazes, inibindo 100% do crescimento dos patógenos analisados.
Estes óleos foram particularmente potentes contra os fungos Colletotrichum siamense, Alternaria alternata, Lasiodiplodia theobromae e Botryosphaeria dothidea, que são responsáveis por significativas perdas pós-colheita na produção de mangas.
Apesar de sua composição química complexa, os óleos essenciais têm sido amplamente estudados pela eficácia no combate a microrganismos.
O estudo revelou que a atividade antifúngica varia de acordo com o patógeno, com o óleo de orégano destacando-se pela sua eficiência contra C. siamense, L. theobromae e B. dothidea na menor concentração testada. Já o A. alternata mostrou-se mais sensível ao óleo de casca de canela.
Componentes como carvacrol, timol, linalol e α-pineno foram observados como agentes ativos. Carvacrol, presente majoritariamente no óleo de orégano, e timol, encontrado em alta concentração no óleo de alecrim pimenta, demonstraram os melhores resultados inibitórios.
Soluções sustentáveis para a agricultura
Elke Vilela, analista da Embrapa Meio Ambiente, enfatizou a importância de alternativas aos agroquímicos, até mesmo para contornar barreiras não-tarifárias de países que não compram frutos que contenham traços de determinados defensivos agrícolas.
“Além disso, o uso excessivo de agroquímicos, além de poder ocasionar a contaminação química das frutas, pode provocar o surgimento de cepas de patógenos resistentes ao fungicida, dificultando o controle das doenças pós-colheita”, alerta a analista.
O pesquisador da Embrapa, Daniel Terao, ressaltou os desafios no controle de doenças pós-colheitadevido ao amadurecimento das mangas, o que aumenta sua suscetibilidade aos patógenos.
LEIA TAMBÉM:
→ “É possível produzir manga fora de época”, explica especialista
→ Óleos essenciais de plantas podem ajudar no combate à praga de milho armazenado
“Durante esse processo de amadurecimento, as frutas se tornam mais suscetíveis ao ataque de patógenos, principalmente durante o armazenamento e transporte, causando severas perdas”, explica o pesquisador.
Ele conta que a Antracnose, causada por C. siamense, é a doença pós-colheita mais comum na manga, além de outras severas podridões causadas por L. theobromae e B. dothidea.
“Com os fungos, fazer chegar frutas de qualidade aos consumidores é um desafio”, afirma Terao.
Futuro promissor
Os resultados do estudo fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de tecnologias que utilizem óleos essenciais no controle de fungos pós-colheita em mangas, oferecendo uma alternativa sustentável aos fungicidas sintéticos.
O conhecimento detalhado da atividade antifúngica dos constituintes dos óleos é fundamental para entender sua eficácia e desenvolver novas soluções para a agricultura.
Com essas descobertas, os produtores de manga podem ter acesso a métodos mais sustentáveis para garantir a qualidade e a competitividade dos seus produtos, promovendo um manejo ambientalmente responsável e economicamente viável.