O cultivo de grãos vem se mostrando como opção para a recuperação da agricultura no Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro (Foto: Pesagro-Rio)
A introdução de cultivos como a soja representam opção viável para a recuperação de áreas degradadas que, ao longo do tempo, foram cultivadas com cana-de-açúcar e exploradas com pastagens, de acordo com estudo da Pesagro-Rio.
Segundo os pesquisadores, “os grãos produzidos podem atender à demanda interna do estado ou mesmo serem destinados à exportação”.
Desde 2017, foram retomadas as pesquisas no Norte Fluminense visando à avaliação de diversas cultivares comerciais com boa adaptabilidade às condições locais. Além dos aspectos ligados à área de melhoramento, também foram avaliadas as características agronômicas das cultivares.
Em outubro/novembro de 2022, foram instalados três experimentos com 18 cultivares de soja, sendo um em Macaé (Fazenda Primus Ipanema) e os demais em Campos dos Goytacazes – um na Fazenda Santa Helena e outro no Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento de Resíduos, da Pesagro-Rio.
O solo da Fazenda Santa Helena e do órgão da Pesagro são Cambissolos Flúvicos, com textura argilosa e, em Macaé, o cultivo se deu em um Gleissolo Háplico, de textura média/arenosa.
As cultivares testadas foram: TMG2356 IPRO; TMG7362 IPRO; TMG 2360 IPRO; 95Y95 IPRO; AS 3707 IPRO; 95Y42 IPRO; TMG7061 IPRO; TMG2757 IPRO; TMG2165 IPRO; AS 3730 IPRO; 56I59RSF IPRO; 55I57RSF IPRO (Zeus); AS 3790 IPRO e C2626 IPRO.
Além dessas, testou-se a cultivar AS 3700 XTD (6802 XTD) como refúgio, por ser a única cultivar resistente ao glifosato (RR), porém não resistente a lagartas, e as cultivares BRS 5980 IPRO e 95R95 IPRO como testemunhas, por serem reconhecidas como estáveis para a região.
Resultados
Praticamente todas as cultivares testadas apresentaram rendimento de grãos superior a 3.500 kg ha , que é a média nacional de rendimento para a soja, de acordo com o CONAB.
Entretanto, seis cultivares apresentaram rendimentos acima de 6.000 kg ha. O maior rendimento de grãos obtido nos três locais ocorreu com a cultivar TMG2356 IPRO que, em Macaé, alcançou 6.686 kg ha e, na média geral, também superou as demais, com 6.178,68 kg ha ,seguida pela cultivar TMG7362 IPRO, com 6.680 kg ha, na Fazenda Santa Helena e, na média geral, 6.092 ha .
Outro material que mostrou grande potencial de produção na região foi a TMG2360 IPRO, que também teve muito bom comportamento, com média de 6.327 kg ha em Macaé e, na média geral, 6.009 kg ha.
Em trabalhos anteriores conduzidos com soja na região Norte Fluminense, mais de cinquenta cultivares de soja ao longo de 5 safras, com destaque para a cultivar 95R95, com rendimento de grãos acima de 6.000 kg ha .
Em 11 avaliações nessa mesma região, a cultivar 95R95 IPRO apresentou média de 3.743 kg ha, acima da média nacional.
Conclusões
O desempenho da cultura da soja na safra 2022/2023 no Norte Fluminense foi bastante proveitoso para uma região onde a atividade está em início de expansão.
“Esse bom desempenho, sem dúvida, deu-se pela dedicação dos produtores que adotaram a cultura e pelas condições climáticas muito favoráveis durante a safra. A estimativa de rendimento levantada com os produtores é de que foram cultivados cerca de 1.000 ha com a cultura na última safra, com expectativa de dobrar essa área para a próxima safra”, diz o estudo.
O estudo recomenda ao produtor que busque a diversificação de cultivares a serem introduzidas e que se incluam aquelas chamadas de refúgios, ou seja, uma cultivar que não contenha o gene que confere resistência a lagartas.
“Isso é de suma importância para reduzir a pressão de seleção de lagartas e perda de eficiência da tecnologia no futuro. Como o Norte Fluminense, e se estendendo ao Noroeste, representa uma região nova de cultivos de grãos, recomenda-se ainda que os produtores adotem sistemas de cultivo com base no plantio direto e na rotação de cultivos como forma de obter melhor retorno da propriedade e, assim, maiores chances de sucesso”.