A economia para os produtores seria de R$150,4 milhões por ano, o que representa 68% a menos na comparação com gastos atuais com esses produtos
As cultivares de maçã SCS441 Gala Gui, SCS448 Galidia e SCS449 Lorenzo, desenvolvidas por meio de melhoramento genético pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), podem diminuir e muito a necessidade de aplicação de funigicidas.
Issso porque todas elas são resistentes à mancha foliar de glomerella (MFG), um das mais agressivas doenças de verão que afetam a cultura da macieira.
Santa Catarina é o maior produtor de maçãs do Brasil.
Melhoramento genético é um trabalho que demanda anos de estudo, onde os pesquisadores buscam aprimorar uma planta, até chegar a um cultivar que tenha aspectos pré-definidos, como adequação à condições climáticas específicas, resistência a alguma doença, ou que produza frutos com características desejadas, por exemplo.
A Epagri já desenvolveu 30 cultivares de maçã, alguns deles plantados até no exterior, é hoje a única empresa pública do país a fazer melhoramento genético da macieira.
Segundo o pesquisador Ivan Faoro, da Estação Experimental da Epagri em Caçador, responsável pelo desenvolvimento das cultivares, caso todos os pomares de maçã do grupo Gala no Brasil fossem substituídos por plantas reistentes à MGF, poderia haver uma redução de 1,1 mil toneladas no uso de fungicidas, ou 55,1% do que hoje é utilizado.
A economia para os produtores seria de R$150,4 milhões por ano, o que representa 68% a menos na comparação com gastos atuais com esses produtos.
Desenvolvimento em laboratório
Os cultivares Gala Gui e Galidia são mutações originárias de outras mutações de Gala. Já o cultivar Lorenzo é uma mutação do cultivar Condessa, também lançado pela Epagri.
Essas mutações espontâneas foram observadas primeiro por produtores rurais em suas propriedades, que explanaram as vantagens delas aos profissionais da Epagri.
Com base nestes relatos, teve início o trabalho de melhoramento genético na Estação Experimental da Epagri em Caçador. Foi preciso avaliar a estabilidade das mutações e comprovar a resistência genética em condições controladas, ou seja, em laboratório.
“No laboratório, temperatura e umidade foram mantidas constantes, para estimular o crescimento do fungo, sendo aplicado uma enorme quantidade do fungo que ocasiona a MFG. Este processo se chama inoculação”, explica o pesquisador.
Segundo ele, foram realizadas pelo menos três a cinco inoculações durante o melhoramento genético, que demorou de cinco a sete anos.
Em todas as inoculações no laboratório, os ramos e folhas dos cultivares nunca mostraram qualquer sintoma da doença.
As cultivares também foram plantadas a campo, para observar o surgimento de algum sintoma da doença, mas eles nunca apareceram.
“Essas duas situações comprovaram que os cultivares tinham resistência genética tipo imunidade à MFG”, conclui o Faoro.