Conheça as novas cultivares de feijão dos grupos carioca e preto da Epagri que, além de produzirem mais, têm outras vantagens para o produtor.
Os agricultores brasileiros têm agora a seu dispor, quatro cultivares de feijão com alto rendimento no campo, resistência a doenças e mais tolerantes a problemas como a estiagem.
Disponibilizadas pela Epagri aos agricultores brasileiros, elas são resultado de pesquisas desenvolvidas dentro do programa de melhoramento genético do grão, no Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf), localizado em Chapecó, no Oeste Catarinense.
Atualmente, são quatro as cultivares com a qualidade da Epagri disponíveis para semeadura em Santa Catarina: Querência e Riqueza, do grupo carioca, e Potência e Predileto, do grupo preto.
Cultivares mais produtivas
Sydney Kavalco, pesquisador da Epagri no Cepaf explica que o foco do Programa de Melhoramento Genético é obter, via seleção e cruzamentos, cultivares mais produtivas, com características superiores às que já estão disponíveis para os agricultores. “Por isso, a alta produtividade é uma das principais vantagens das cultivares de feijão da Epagri”, salienta.
Ele esclarece que, durante o período de safra, quando o ciclo de chuvas é mais regular, a produtividade desses feijões, em Santa Catarina, alcança entre 3,5 mil e 4 mil quilos por hectare. Já na época de safrinha, que tem mais períodos de seca, a colheita média fica entre 2,8 e 3 mil quilos por hectare.
“As quatro cultivares são indicadas para cultivo em todo o Sul do Brasil”, ressalta.
Resistência a doenças e tolerância a estiagem
Mas, de acordo com o pesquisador da Epagri, a produtividade não é a única vantagem desses feijões. “Com as cultivares recém desenvolvidas, superiores para tolerância e resistência a doenças, o produtor rural precisa utilizar menos fungicida no campo. São menos aplicações e menos dinheiro gasto também para produzir, então, lucratividade é maior”, contabiliza.
“Além disso, os feijões da Epagri são mais tolerantes à estiagem. As novas cultivares vão superar melhor esses obstáculos e também vão manter o potencial produtivo frente a períodos curtos de seca”, garante Kavalco.
Conheça as novas cultivares de feijão da Epagri:
- SCS207 Querência
Cultivar de feijão do grupo carioca, tem resistência moderada à antracnose, à ferrugem, à mancha angular e ao mosaico dourado.
- SCS205 Riqueza
O feijão carioca SCS205 Riqueza tem maior tamanho de grãos, alto potencial produtivo e mais resistência à antracnose. Nas avaliações da Epagri, apresentou rendimento elevado para a indústria.
De acordo com o Balanço Social da Epagri, em 2021 essa cultivar foi responsável por um impacto econômico de R$530 mil em aumento de produtividade em uma área plantada de 435 hectares.
- SCS206 Potência
Feijão do grupo preto, tem alto potencial de rendimento de grãos, além de resistência moderada à antracnose e às principais doenças do feijão. A grande diferença tecnológica é o porte agronômico das plantas, que são mais eretas, o que facilita a colheita mecanizada. Entre as quatro cultivares de feijão da Epagri, esta é a mais plantada em Santa Catarina.
- SCS204 Predileto
O feijão SCS204 Predileto tem produtividade estável e superior à das principais cultivares do grupo preto plantadas em Santa Catarina. O peso médio de mil grãos é superior ao das principais cultivares do grupo preto.
Tem boa resistência a raças de antracnose, maior rusticidade e rendimento de grãos mais elevado, por isso, é indicada para produtores que querem fazer um plantio com menor uso de agroquímicos.
De acordo com o Balanço Social da Epagri, em 2022 essa cultivar de feijão rendeu 2,4 milhões de reais em aumento de produtividade, em uma área plantada de 1 mil hectares, dentro e fora de Santa Catarina.
Como adquirir sementes:
As cultivares de feijão são multiplicadas pela Epagri e disponibilizadas, tanto para os multiplicadores de sementes, quanto para os produtores rurais, via extensão rural, em todo o Estado de Santa Catarina.
Os produtores interessados em adquirir sementes, podem procurar o escritório da Epagri em seu município, a Epagri/Cepaf, no telefone (49) 2049 7527, ou a Cooperalfa em Chapecó-SC, no telefone (49) 3321 7039.
Feijão no Brasil
O especialista da Epagri destaca que, no Brasil, o feijão tem a terceira maior área semeada entre os grãos, com mais de 3 milhões de hectares cultivados, sendo que a Região Sul é responsável por mais de 40% da produção total e mais de 96% da produção de feijão-preto no país.
“Essa cultura está presente tanto em lavouras de subsistência, quanto em plantações altamente tecnificadas”, afirma.
Ele enfatiza ainda que cerca de 70% do feijão produzido no Brasil vem da agricultura familiar e, em Santa Catarina, esse número chega a praticamente 100%.
“O Brasil produz cerca de 3,5 milhões de toneladas, o que corresponde a 20% da produção mundial”, diz.
Feijão em SC
O cultivo de feijão ocorre em todas as regiões do estado de Santa Catarina, mas com maior destaque para as regiões Planalto Norte e Serrano na primeira safra e para o Oeste e o Litoral Sul, na segunda safra. A área plantada na safra 2022/23 é de 61 mil hectares.
Segundo Sydney Kavalco, a estimativa da Epagri/Cepa é de que Santa Catarina produza 115.382 toneladas na primeira e segunda safras de feijão, volume 10% superior ao ciclo 2021/22.
“A área plantada deve reduzir em cerca de 9%. Por outro lado, a produtividade deverá ter um incremento de 22%”, prevê.
Pesquisas da Epagri
As pesquisas da Epagri/Cepaf com feijão vão além do melhoramento genético. “Buscamos saber a melhor época de cultivo, a densidade de semeadura, a quantidade de adubo que se deve colocar nessa cultura potencializando o rendimento, sempre pensando quanto o produtor rural pode colher a mais nos seus campos de cultivo”, exemplifica o pesquisador.
O especialista da Epagri/Cepaf informa que essas tecnologias são levadas até os produtores rurais por meio do trabalho dos extensionistas.
“Uma das formas de mostrar os resultados das inovações para as famílias são as Unidades de Referência Tecnológica (URTs) instaladas em propriedades rurais. As URTs São propriedades-modelo que servem como espaços didáticos para apresentar os resultados das tecnologias e motivar outros produtores a seguir no mesmo caminho. A Epagri conduz 43 URTs de feijão em propriedades rurais catarinenses” revela o pesquisador.