O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ressaltou que a iniciativa fundamenta-se na ciência como meio de transformar áreas degradadas em sistemas produtivos de alto desempenho (Foto: Percio Campos/Mapa)
O Brasil e o Japão firmaram nesta terça-feira (18), durante a COP30, um acordo de US$ 1 bilhão para financiar projetos de recuperação de pastagens degradadas no Cerrado, com recursos japoneses. Segundo o anúncio, metade desse valor (US$ 500 milhões) será liberada já em 2026, enquanto a outra parcela estará disponível em 2027, de acordo com a Exame.
O anúncio, feito na plataforma Agrizone, ocorreu durante a apresentação do Projeto de Cooperação Técnica Internacional entre a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
Esse projeto tem como foco diagnosticar pastagens degradadas e monitorar sua recuperação, bem como promover a intensificação agrícola sustentável no bioma Cerrado.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ressaltou que a iniciativa fundamenta-se na ciência como meio de transformar áreas degradadas em sistemas produtivos de alto desempenho.
“Detectar áreas degradadas pela ciência e financiar sua recuperação: isso é o que firmamos hoje. Esse projeto com a JICA reforça o novo modelo de crescimento sustentável que estamos consolidando”, disse.
Ele reforçou ainda a importância de crescer sem avançar sobre novas áreas de vegetação.
“Não precisamos avançar sobre o Cerrado ou sobre as florestas. Vamos continuar crescendo com sustentabilidade”.
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Programa Caminho Verde Brasil
O projeto prevê o uso combinado de dados avançados de satélites japoneses com indicadores de saúde do solo, métricas de intensificação agrícola sustentável e análise econômica. A ideia é fornecer ferramentas para otimizar o uso da terra, combater a degradação e apoiar políticas públicas, como o Programa Caminho Verde Brasil.
O compromisso foi formalizado por meio da assinatura de um Memorando de Cooperação entre Fávaro, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e a vice-presidente da JICA, Katsura Miyazaki.
Para Massruhá, a iniciativa reforça a longa história de cooperação entre Brasil e Japão e consolida o papel da ciência na recuperação de áreas degradadas.
“Estamos estruturando um esforço de longo prazo que une tecnologia, saúde do solo e integração de sistemas para mostrar ao mundo que o Brasil tem soluções reais para crescer preservando. Essa cooperação é um marco que impulsiona uma agricultura de baixo carbono e preparada para os desafios climáticos dos próximos anos”, afirmou.
O projeto terá duração estimada entre cinco e dez anos e está previsto para começar em abril de 2026. As negociações entre a Embrapa e a JICA começaram em 2024 e se intensificaram após visita da equipe da Embrapa Cerrados à sede da agência japonesa em Tóquio. Desde então, foram incluídos novos componentes no escopo, como:
avaliação e monitoramento da intensificação por sensoriamento remoto;
criação do ZARC Pastagem, um zoneamento de risco climático específico para pastagens;
desenvolvimento de um sistema digital de apoio à decisão para produtores e gestores;
ações de transferência de tecnologia;
estudos de impactos das inovações aplicadas e elaboração de cenários sobre os efeitos das mudanças climáticas na intensificação agrícola e na restauração de pastagens.
A vice-presidente da JICA, Katsura Miyazaki, lembrou que a cooperação entre os dois países é histórica, com raízes na década de 1950, e que esse novo projeto fortalece os laços ao unir sustentabilidade, conhecimento compartilhado e resiliência frente às mudanças climáticas.
“Os desafios que enfrentamos são complexos, mas, por meio do conhecimento compartilhado, da confiança mútua e da ação coletiva, podemos construir um futuro mais resiliente e sustentável. Esta nova cooperação reforça nossa parceria histórica e estabelece as bases para um modelo agrícola inovador, circular e capaz de responder às mudanças climáticas”, afirmou.








