Projeto que cuida da ‘saúde do solo’ utiliza práticas para melhorar a fertilidade do terreno e o abastecimento de água do lençol freático (Foto: Divulgação EmaterMG)
A qualidade do solo é essencial para uma produção agrícola eficiente e sustentável. Um terreno bem nutrido, poroso e com boa disponibilidade de água contribui para altas produtividades e ajuda a enfrentar os momentos mais difíceis provocados pelas mudanças climáticas.
Para isso, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) desenvolveu o projeto Construindo Solos Saudáveis, que visa melhorar a estrutura e fertilidade do solo nas propriedades rurais, por meio do uso de plantas de cobertura.

O projeto Construindo Solos Saudáveis visa melhorar a estrutura e fertilidade do solo nas propriedades rurais, por meio do uso de plantas de cobertura. Foto: Divulgação Emater
Essas plantas deixam a terra mais fértil, reduzem a erosão, aumentam a porosidade e favorecem a infiltração de água. Elas são cultivadas em consórcio com culturas comerciais como café, frutas, hortaliças e grãos. Desde 2021, várias Unidades Demonstrativas (UDs) foram instaladas em Minas Gerais, trazendo resultados positivos para os produtores.
“Em 2025, implantamos mil novas unidades demonstrativas em todas as regiões do Estado, totalizando 1,8 mil UDs”, afirma o coordenador técnico da Emater-MG, Kleso Franco Júnior.
Metodologia
A técnica consiste em utilizar uma única espécie ou um mix de plantas de cobertura, cada uma com funções específicas na lavoura, assim, o produtor pode avaliar qual a melhor opção para a sua realidade. As raízes dessas plantas atingem diferentes profundidades, favorecendo a aeração, rompendo camadas compactadas do solo e incorporando matéria orgânica.
Entre as principais espécies usadas como plantas de cobertura estão as crotalárias, trigo mourisco, nabo forrageiro, milheto e guandu. Após serem roçadas, as plantas permanecem no solo, formando uma palhada protetora que favorece o sistema de plantio direto.

Entre as principais espécies usadas como plantas de cobertura estão as crotalárias, trigo mourisco, nabo forrageiro, milheto e guandu. Foto: Divulgação Emater
Esse método, muito utilizado em lavouras anuais, permite que a semeadura do cultivo principal ocorra sobre a palha, sem necessidade de aração ou gradagem, evitando o revolvimento do terreno e preservando a estrutura e a fertilidade do solo.
“O solo funciona como a ‘caixa d’água’ das propriedades rurais e a proteção dele é essencial para a recarga do lençol freático e para minimizar os efeitos do calor excessivo. Além disso, as plantas de cobertura contribuem para o equilíbrio do ecossistema, favorecendo o aumento da população de inimigos naturais das pragas”, explica o coordenador.
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Ações e parceiros
As Unidades Demonstrativas são implantadas nas propriedades com o apoio de produtores voluntários, extensionistas e coordenadores regionais da Emater-MG, além de contar com a parceria de uma empresa de sementes.

Projeto também tem chamado a atenção do setor agropecuário. Foto: Divulgação Emater
A seleção das áreas leva em conta fatores como acessibilidade, potencial produtivo e oportunidades para realização de eventos técnicos. Em 2025, estão previstos 100 Dias de Campo, organizados pela Emater-MG, permitindo que diversos agricultores conheçam na prática os benefícios das plantas de cobertura e outras tecnologias sustentáveis.
O projeto também tem chamado a atenção do setor agropecuário. Grandes empresas do agronegócio, especialmente da cafeicultura, estabeleceram parcerias com a iniciativa. “Além de patrocinarem diversos Dias de Campo da Emater-MG, essas empresas contrataram nossa equipe para treinamentos e palestras sobre o sistema, ajudando a ampliar a divulgação dessas práticas sustentáveis”, conclui Franco Júnior.