A previsão, para este ano, é de que o segmento cresça 24%, puxado pela conjuntura de bons preços e alta demanda por alimentos
Mesmo com o advento da pandemia e todas as incertezas em relação ao futuro das atividades agrícolas, o mercado de fertilizantes especiais superou as expectativas e registrou, em 2020, um crescimento maior do que agronegócio brasileiro, atingindo um faturamento acima dos R$ 10 bilhões. Esse valor representa uma elevação de 41,8% em relação aos números de 2019, quando o segmento faturou cerca de R$ 7,1 bilhões.
Os destaques dessa evolução ficaram por conta do segmento de fertilizantes foliares, com crescimento de 29,9%, e dos fertilizantes especiais para solo, que expandiram 73%. Já os fertilizantes para tratamento de sementes cresceram 101,6%, enquanto os fertilizantes para fertirrigação e hidroponia aumentaram 63,8%. Os dados foram apresentados pela Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), no fim do mês de julho.
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo, Clorialdo Roberto Levrero, o aumento do investimento em pesquisa e desenvolvimento, ajudou a impactar positivamente no mercado de fertilizantes especiais. Crédito/Abisolo
De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo, Clorialdo Roberto Levrero, alguns fatores explicam o que fez o segmento alavancar esses números. ”A indústria trabalha com especialidades, oferecendo um leque de tecnologias em nutrição vegetal sustentáveis para o produtor rural, levando o agro a ser mais competitivo e valorizando ainda mais sua importância para o País”, justifica Levrero.
Além disso, o aumento do investimento em pesquisa e desenvolvimento, em 2020, num total de R$ 349 milhões, também impactou positivamente nesse incremento de mercado. O gasto médio do setor em P&D, nos últimos seis anos, equivale 4,17% do faturamento. “Além disso, o lançamento de produtos inovadores é constante, o que resulta na melhoria de performance nas diversas culturas”, destaca o gerente executivo da Abisolo e responsável pela apresentação dos dados do Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal 2021, Alexandre D’Angelo.
Números
De acordo com a entidade, a cultura da soja segue como a maior consumidora do setor, responsável por 46,7% das vendas. Na sequência, estão o café (10,7%), o milho (10,6%), a cana-de-açúcar (9,6%), as frutas (8,4%) e as hortaliças (5,9%). Os Estados que mais se destacaram no ranking do uso de fertilizantes especiais em 2020 foram São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Goiás.
O aumento do custo de produção, uma questão que tem afetado a economia global, também foi mapeado pelo Anuário da Abisolo. Em relação aos fertilizantes especiais, os fatores que contribuíram para essa elevação foram a taxa de câmbio desfavorável para importação, o aumento real em dólares de importantes matérias- primas, em decorrência da forte demanda e a alta nos preços das embalagens, dos serviços logísticos e outros insumos.
Os Estados que mais se destacaram no ranking do uso de fertilizantes especiais em 2020 foram São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Goiás. Crédito/Embrapa
De acordo a entidade, o custo da matéria-prima cresceu entre 14% e 22%, dependendo do produto. Os orgânicos líquidos foram os mais impactados, com alta de 22% no valor das matérias primas, e os orgânicos sólidos, com o aumento médio de 14%. No caso das embalagens, as big bags tiveram um variação de preço de 50%, seguida pela caixa de papelão com 42%.
O mercado de substratos para plantas também ampliou seu faturamento em 2020 para R$ 290 milhões, uma alta de 31,8%, comparado a 2019. Já o setor de condicionadores de solo de base orgânica, registrou receita de R$ 72,9 milhões, no ano passado, 11,2% inferior ao obtido em 2019.
A expectativa do setor de tecnologia em nutrição vegetal é de crescimento ao redor de 24% em 2021. Segundo o gerente executivo da Abisolo, esse percentual pode ser superior, caso alguns fundamentos se confirmem, como, por exemplo, a antecipação de compras de insumos que, mesmo não sendo constante, pode se manter com a conjuntura de bons preços e alta demanda por alimentos. “Além disso, os níveis de confiança do setor alcançaram um otimismo em alguns aspectos, exceção para os aspectos ligados à confiança nas políticas públicas, expectativa da economia nos próximos 12 meses e comportamento da taxa de câmbio”, detalha o executivo.
Os dados estão no Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal 2021, publicação da Abisolo – Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal. Para ter acesso à publicação, é só acessar o link: http://lps.abisolo.com.br/download-anuario-abisolo-2021
