Em “História da Amazônia: do período pré-colombiano aos desafios do século XXI”, o romancista Márcio Souza apresenta uma síntese reveladora da complexidade do processo histórico da região, a partir de uma visão de dentro: a de um intelectual e escritor manauense.
Sua obra monumental, literária e ensaística perscruta os silêncios da história, desvela as falhas da memória e denuncia o imaginário colonialista subjacente à lógica da expansão territorial civilizadora, responsável pelos massacres de vários povos indígenas.
Nascido em Manaus (AM) e autor do famoso “Galvez, o Imperador do Acre”, o escritor e diretor de teatro e ópera fará o lançamento de seu mais novo livro no próximo dia 16 de julho, na Livraria Timbre, às 19 horas, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro.
A linguagem ágil e agradável do autor guia seus leitores por um percurso que se inicia pela delimitação do espaço geográfico e das fronteiras do subcontinente amazônico, inserido, como espaço periférico, em nove Estados-nação, povoado por centenas de etnias e por grupos sociais de interesses diversos.
Deslocando a perspectiva redutora que faz coincidir o início da história do continente com a “descoberta” das Américas, o autor assume a dimensão temporal da longa duração com o intuito de escavar a memória histórica da Amazônia “antes dos europeus”.
Do espaço-tempo milenar à contemporaneidade, a obra revela as formas segregacionistas de apropriação social do espaço amazônico, elemento-chave para a compreensão de sua história e para a redefinição de sua trajetória.
Trecho do livro
“A história da Amazônia é um processo social entrecortado pelas relações sociais e de poder político de nove Estados-nação e centenas de etnias, sem esquecer os diversos grupos sociais de interesse, de todos os tamanhos, nacionais e internacionais. Até agora é uma história contada, de forma fragmentária, por gente da metrópole, por cientistas da América do Norte e da Europa, por professores oriundos das universidades nacionais, marcando para sempre a forma de ler os fenômenos sociais da região. Mas a história da Amazônia é algo que interessa a todos que decidiram se envolver na sua construção, sejam intérpretes, coadjuvantes ou protagonistas.”
“A região não é apenas uma geografia, e sua história é muito mais que um viveiro de criaturas exóticas de futuro incerto. É a história de uma parte do planeta habitada por seres humanos, que, sendo geografia, também é um espaço em que a humanidade pode aprender um pouco mais sobre si mesma.”
Sobre o autor
Márcio Souza nasceu em Manaus (AM) em 1946. É romancista, diretor de teatro e ópera. Estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S.Paulo e A Crítica. Em 1976, lançou seu primeiro romance, Galvez, Imperador do Acre, sucesso de crítica e de vendas.
Como administrador, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas, diretor da Biblioteca Nacional e presidente da Funarte. Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante, foi convidado pela Universidad de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela. Dirigiu o Teatro Experimental do Sesc (Tesc) do Amazonas, hoje extinto.
Hoje, ele é membro da Academia Amazonense de Letras e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural. Escreveu, entre outras, as peças As folias do látex, A paixão de Ajuricaba e Carnaval Rabelais, e os romances Mad Maria, Operação Silêncio e O fim do Terceiro Mundo. No momento, trabalha no último volume da tetralogia Crônicas do Grão-Pará e Rio Negro, precedido por Lealdade, Desordem e Revolta. Pela Editora Record, publicou também o livro Amazônia indígena.