Com mercado em franca ascensão na última década, enquanto a população cresceu 1,5% ao ano, o consumo de nozes aumentou 8% no mesmo período
Considerada a “Rainha das nozes”, especialmente por seu valor nutricional, a macadâmia é uma boa opção para quem deseja ter uma alimentação saudável e, como consequência, melhor qualidade de vida.
Associa-se às vantagens nutricionais o fato de que o cultivo dessa noz é altamente rentável para o produtor, que pode faturar até R$ 50 mil por hectare ao ano, segundo o engenheiro agrônomo Leonardo Moriya, da empresa QueenNut Macadamia, principal produtora e beneficiadora brasileira de nozes, localizada no município de Dois Córregos, no interior do Estado de São Paulo.
Embora o cultivo da macadâmia ainda seja pouco conhecido pelos agricultores, esse tipo de noz carrega grande potencial de rentabilidade. “Produzida especialmente no sudeste do País, ela oferece ao produtor a possibilidade de trabalhar com um alimento saudável, de forte demanda e alto valor agregado”, afirma Moriya.
Para chegar aos ganhos apontados pelo agrônomo é necessário, porém, que o agricultor tenha paciência, pois o retorno financeiro não ocorre em curto prazo: “A macadâmia não dará retorno imediato, mas em longo prazo, visto que a planta inicia sua produção a partir dos quatro anos e tem seu pico produtivo aos dez”.
Consumo
Com um mercado em franca ascensão na última década, enquanto a população mundial cresceu 1,5% ao ano, o consumo de nozes aumentou 8% em igual período.
“As pessoas estão cada vez mais incluindo produtos saudáveis à dieta. É uma tendência mundial e irreversível. Por causa desse cenário, empresas que atuam no segmento estão crescendo de forma constante e sustentável”, destaca Pedro Piza, diretor da QueenNut Macadamia, empresa que, sozinha, é responsável por 30% de toda a produção dessa noz no País, estimada em mais de 6,2 mil toneladas, conforme dados colhidos pela companhia, até julho de 2018.
“Confiamos na existência de grandes oportunidades para que o cultivo da macadâmia se dissemine em nossa região (São Paulo), como diversificação ao cultivo da cana-de-açúcar, devido à proibição da queima da palha”, comenta a empresária Maria Teresa Egreja Camargo, diretora administrativa e financeira e sócia da QueenNut Macadamia, companhia pioneira na produção dessa oleaginosa no brasil, há quase 30 anos.
Crescimento de plantios
Na visão da executiva, com o conhecimento pelo consumidor das excelentes propriedades nutricionais e benefícios à saúde, somado à demanda crescente pela noz, “estamos assistindo ao avanço dos plantios de macadâmia no Brasil e, consequentemente, de sua produção”. “Mas como o mercado é muito maior que a produção atual, existe grande oportunidade de ascensão em campo”, acrescenta Maria Teresa.
De acordo com a empresária, a cultura da “Rainha das nozes” vem se consolidando no mundo e, especialmente, em território brasileiro: “Temos tecnologias de produção, um mercado consolidado e um aumento de preço que vem ocorrendo há dez anos, propiciando boa rentabilidade ao agricultor. sem dúvida, é uma chance para os produtores rurais que estão, neste momento, procurando diversificar seus negócios”.
Prova de que o cultivo dessa noz vem ganhando força na agricultura nacional foi dada a partir da instauração da Câmara da Macadâmia, na secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), em agosto de 2018. José Eduardo Camargo, que também acumula o cargo de presidente da Associação Brasileira de Nozes e Castanhas, foi eleito presidente do novo grupo.
Consórcio com café
No ano de 2015, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à SAA, divulgou uma pesquisa – até então, inédita –, que atestou a viabilidade de produzir café consorciado com a macadâmia, manejo em campo que, além de gerar duas fontes de renda para o produtor rural, aumentou a produtividade das duas culturas.
Esse tipo de cultivo consorciado aumentou em 10% a produtividade do café e em 176% da macadâmia. Em condições de irrigação, o salto da produtividade cafeeira foi de 60% e o da noz, de 251%. Além disso, a colheita da macadâmia foi antecipada em dois anos, diminuindo o tempo para retorno do investimento ao produtor. Leia mais sobre o assunto em http://ow.ly/RlnK30lbrjb (link encurtado).
Ranking
Embora venha sendo tratada “com toda pompa”, por causa de seu alto retor no produtivo, a cultura da macadâmia representa apenas 2% do total de nozes e castanhas comercializadas no planeta.
“Hoje, o brasil é o sétimo maior produtor mundial de macadâmia. Em termos de clima, solos, máquinas e equipamentos, nós temos todas as condições possíveis para que nossa produção avance. Observamos grandes fazendas e grupos querendo plantar, portanto, existe um potencial de crescimento enorme”, ressalta o agrônomo Leonardo Moriya, da QueenNut.
Espécies
Pequena e com sabor amanteigado, a macadâmia é cultivada em países com climas tropicais como África do Sul, Austrália, Brasil, China, Guatemala, Indonésia, Malawi, Nova Zelândia e Quênia.
De acordo com o site internacional StyleCraze, há sete espécies cultivadas em todo o mundo, mas somente duas são comestíveis: a integrifolia, que possui casca lisa; e a tetraphylla, que possui casca áspera.
A nogueira macadâmia do tipo integrifolia é uma árvore originária da Austrália, pertencente à família Proteacease, que produz uma noz de alto valor no mercado internacional, com grande aceitação entre os consumidores, conforme mostra o documento “Casca de macadâmia e seu potencial para a produção de biocarvões”, da Empresa brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Publicado em 2012, o material explica como a noz é utilizada para a produção de biocarvão. Leia em http://ow.ly/nlgs30lARWr (link encurtado).
Como começar o cultivo
O engenheiro agrônomo Leonardo Moriya informa que, atualmente, o investimento inicial para um pomar de macadâmia varia entre R$ 6 mil e R$ 7 mil por hectare. Os custos operacionais, quando a planta já estiver produzindo, variam de R$ 12 mil a R$ 15 mil por hectare. Por isso, o futuro produtor dessa noz precisa “ter caixa” para começar a atividade agrícola.
Outra dica dele: o agricultor precisa conversar com quem já está inserido no setor. “Isso evita erros no momento da plantação e na escolha das variedades, e o produtor fica ciente dos desafios”, sugere o especialista.
Mais uma recomendação é aproveitar a área de plantio de macadâmia para produzir café (ou vice-versa, assim como já foi mencionado anteriormente). Isso porque, segundo o engenheiro agrônomo Marcos Revoredo, gerente técnico especializado em hortifrúti da Alltech Crop Science, a estratégia auxilia a viabilizar as duas culturas.
“No período em que a macadâmia está se desenvolvendo, o cafeeiro já está produzindo e gerando receita para o agricultor”, salienta Revoredo, corroborando com a pesquisa da APTA, de 2015, que atestou a viabilidade do plantio consorciado entre os dois cultivos.
Atenção ao ciclo
No manejo, ele explica que, da fase do florescimento ao pegamento do fruto da macadâmia, é necessário ter muita atenção, pois será determinante para a boa colheita.
“É o momento em que a planta expressa seu potencial produtivo. A época é extremamente sensível para o vegetal e coincide com o período de variações climáticas no sudeste, onde a produção de macadâmia é mais forte”, destaca o engenheiro agrônomo da Alltech Crop Science, divisão agrícola da Alltech Inc., que desenvolve soluções naturais para a agricultura nos principais mercados do mundo.
Para auxiliar o pomar a superar estas adversidades, Revoredo orienta a aplicação de micro e macronutrientes, como cálcio, boro e magnésio, associados aos aminoácidos, ao longo do ciclo produtivo.
“O uso dessas ferramentas naturais promove o balanceamento hormonal e nutricional para que a planta viabilize essas flores e tenha um melhor pegamento e desenvolvimento dos frutos”, ressalta.
Estratégias de mercado
Ampliar parcerias com empresas de ponta também é uma das estratégias adotadas pela QueenNut Macadamia, que desenvolve e fornece matéria-prima para grandes grupos, como Wickbold, Kopenhagen e Nuttybavarian – as três funcionam no brasil – e exporta para outros lá fora, como Hagen Dazz e Sho Ei Foods (do Japão), Costco (Estados Unidos), Besana (Europa), entre outros.
De acordo com a QueenNut, outra área envolve a produção de óleo de macadâmia, usado como base de cosméticos, principalmente porque a noz tem elevado poder hidratante e ainda é rica em ácido palmitoleico. O óleo hidratante feito de macadâmia atinge até a sétima camada da pele, conforme destaca a companhia.
É necessário ressaltar que o ácido palmitoleico é um ácido graxo Ômega 7, apontado por pesquisadores como um potente anti-inflamatório. Entre outros benefícios, também atua como importante sinalizador de reações metabólicas em adipócitos (células que armazenam gorduras e regulam a temperatura corporal). sendo assim, alguns estudos indicam seu consumo para auxiliar na redução do risco de doenças inflamatórias e metabólicas.
Ainda está em andamento uma pesquisa, que vem sendo realizada em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), para utilização do óleo de macadâmia para o consumo humano, em forma de cápsulas, identificando todos os benefícios à saúde da ingestão diária desse alimento.
Experiências em campo
Nas experiências em campo feitas pela QueenNut Macadamia, a executiva Maria Teresa destaca que, para melhorar o desempenho da noz, foram realizados “três anos de pesquisa patrocinada e realizada nos pomares da empresa, com as variedades já existentes no Brasil, comparando produtividade agrícola e qualidade dos frutos, entre outros aspectos, e determinando quais eram as melhores e mais adaptáveis ao cultivo”.
“Fizemos plantios em escala maior – em dez hectares – dessas variedades e, após a comprovação da produtividade e qualidade de seus frutos, foram adicionados outros cem hectares com cultivo de variedades selecionadas, totalizando 400 hectares cultivados com macadâmia nos pomares da empresa”, informa a empresária.
Mudas em viveiros
O crescimento do consumo e o aumento da lucratividade da cultura da macadâmia fizeram com que a procura por mudas de qualidade e certificadas também aumentasse.
“Para aproveitar essa oportunidade, dobramos nosso viveiro, construindo duas novas estufas, chegando à capacidade de produzir cerca de 80 mil mudas ao ano”, informa Maria Teresa.
Para alçar novos voos, foi instalado um sistema diferenciado de secagem da noz em casca, que ocorre antes do processamento.
“Passamos a utilizar o sistema de ‘curagem’, em vez da secagem simples, o que resulta em lotes mais homogêneos, nozes mais frescas e com maior tempo de prateleira”, destaca a executiva.
Azeite
Também foram feitas a construção e a ampliação do estoque refrigerado; a realização de pesquisa patrocinada pela Faesp, por meio do projeto Pipe (Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas), ocasião em que foram estudados os benefícios do óleo de macadâmia, passando pelo processo de extração, características químicas e nutricionais, ao tempo de prateleira, entre outras funcionalidades. Tudo isso resultou no lançamento do azeite de macadâmia extra virgem.
“Ainda usamos seletoras eletrônicas, que garantem maior rigor na seleção das nozes, daí a qualidade superior do produto QueenNut. Enfim, sempre procuramos aprimorar o sistema de produção e a qualidade dos nossos produtos”, garante Maria Teresa.
Em 2018, a empresa que funciona em Dois Córregos, no interior paulista, recebeu a certificação BRC Global Standards, ingressando, assim, no seleto grupo de empresas com esse elevado grau de qualificação. “No Brasil, aproximadamente cem empresas possuem esse certificado de qualidade”, informa a empresária.
“Essa conquista nos possibilita que a QueenNut passe a fornecer seus produtos às mais exigentes indústrias do ramo alimentício, no Brasil e no mundo.”
Benefícios da macadâmia:
Coração – A macadâmia é 100% livre de colesterol e altamente benéfica na redução de colesterol. Rica em gorduras monoinsaturadas saudáveis, ajuda a limpar as artérias e a reduzir o nível de colesterol ruim, LDL (do inglês Low Density Lipoprotein, que significa lipoproteínas de baixa densidade, também chamado de “mau colesterol”). Também ajuda na diminuição dos níveis de triglicérides (um tipo de gordura), além de reduzir o risco de doenças coronárias.
Antioxidantes – Possui alto teor de flavonoides, que são encontrados naturalmente nesta planta, ajudando a evitar que as células sofram danos, protegendo-as de toxinas ambientais. Esses flavonoides se transformam em antioxidantes no organismo humanos. Vale destacar que os antioxidantes procuram e destroem os radicais livres, além de proteger o corpo de várias doenças e certos tipos de câncer, incluindo o de mama, colo do útero, pulmão, próstata e de estômago.
Proteínas – A macadâmia contém níveis significativos de proteína – um componente essencial na dieta humana –, forma músculos e tecidos conjuntivos. As proteínas agem positivamente no corpo humano e ainda auxiliam na manutenção da saúde dos cabelos, unhas e pele.
Fibra alimentar – A noz apresenta em torno de 7% de fibras, sendo elas compostas de carboidratos complexos, que incluem muitos tipos solúveis e insolúveis. As fibras promovem a saciedade, auxiliam a digestão e ajudam a reduzir a constipação e várias outras doenças relacionadas.
Perda de peso – As pessoas costumam evitar o consumo da macadâmia por pensar que ela é carregada de gorduras e colesterol. No entanto, sua gordura é monoinsaturada, o que promove a perda de peso. É rica em ácido palmitoleico e ômega 7, óleos que fornecem “blocos de construção” para as enzimas e controlam a queima de gordura, reduzindo o apetite.
O ácido palmitoleico aumenta o metabolismo, diminui o armazenamento de gordura e a presença de ácidos graxos, tornando o alimento extremamente gratificante. Basta limitar seu consumo a apenas um punhado.
Saúde óssea – O fósforo presente na macadâmia desempenha uma variedade de papéis, incluindo o fortalecimento dos ossos e dentes, acelerando o metabolismo, a absorção e o transporte de nutrientes.
O cálcio também auxilia na formação de ossos e dentes; e o manganês ajuda o corpo a depositar novo tecido ósseo, de modo que o esqueleto permaneça forte. Já o Ômega 3 previne a osteoporose e reduz a gravidade da artrite.
Saúde do cérebro – O consumo regular de macadâmia promove a saúde do sistema nervoso. Presente nesta noz, o cobre ajuda a produzir neurotransmissores, substâncias químicas que o cérebro humano utiliza para enviar sinais químicos. (Fonte: StyleCraze)
Fontes: QueenNut Macadamia, APTA, Centro de Nutrição Funcional, Embrapa, Jornal Democrático e StyleCraze.