A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas Plantadas (CSFP) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) articula, junto ao Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá), Serviço Florestal Brasileiro e Unidade Florestas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma ação conjunta para comemorar o Dia Internacional das Florestas, que será celebrado em 21 de março.
Como integrante do Conselho Deliberativo do Ibá na figura de seu diretor-executivo, Wilson Andrade, que também é membro da CSFP e ainda preside o Conselho Consultivo do Fundo Comum de Commodities da Organização das Nações Unidas (ONU), a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf) pretende contribuir para reforçar a importância do setor florestal e do Plano Nacional de Florestas Plantadas (Plantar Florestas), que foi lançado pelo Mapa, no ano passado.
“Estamos otimistas com as ações previstas para os próximos dez anos, que incluem o aumento de dois milhões de hectares à área de cultivos comerciais em áreas antropizadas, dentre elas de pastagens e áreas sem vocação agrícola, mas boas para plantios florestais, portanto, com zero desmatamento”, informa Andrade.
Segundo o diretor-executivo da Abaf, “com isso, esses novos plantios florestais contribuirão ainda mais para a mitigação de mudanças climáticas”.
“Se bem planejados e implantados, como o Plano [Nacional de Florestas Plantadas] prevê, esses dois milhões de hectares podem ainda prover outros serviços ecossistêmicos interessantes, como a conservação de solos e água. Tudo isso de acordo com as diretrizes de sustentabilidade que o setor florestal já trabalha”, acrescenta Andrade.
O Dia Internacional das Florestas foi proclamado em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas como forma de celebrar e conscientizar sobre a importância de todos os tipos de florestas. A cada ano, os países ao redor do mundo são incentivados a empreender esforços locais, nacionais e internacionais para organizar atividades envolvendo florestas e árvores, como campanhas de esclarecimento e plantio de árvores. Leia mais em www.fao.org/
Destaque na Bahia
Detentor de 700 mil hectares plantados, principalmente com eucalipto, o Estado da Bahia está entre os líderes do ranking de área plantada e de produtividade florestal. No total dessas áreas de produção e remanescentes nativos, a Bahia possui 730,5 mil hectares de florestas certificadas de forma voluntária pelas empresas, por meio do sistema FSC®. Outra certificação presente no Estado é o CERFLOR.
Estima-se que 500 mil hectares com ecossistemas florestais nativos no Estado sejam destinados à proteção e preservação ambiental. Deste total, as empresas associadas da Abaf contribuem com aproximadamente 380 mil hectares, o que representa algo em torno de 88% do total.
Em resumo, o setor tem 0,7 hectare preservado para cada hectare de produção, portanto, bem acima do exigido pelo Código Florestal brasileiro.
“Devemos ainda considerar o compromisso brasileiro, nos acordos mundiais de combate às mudanças climáticas, de plantio ou replantio de 12 milhões de hectares de florestas e mais cinco milhões de hectares no modelo Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF)”, destaca Andrade.
Aumento de plantios locais
De acordo com o diretor, “sem dúvida, pela competitividade dos plantios baianos (em determinadas regiões a produtividade ultrapassa 45 m³/ha/ano, acima da média nacional), baseada nas condições edafoclimáticas e na avançada tecnologia aplicada por nossos produtores e empresas, boa parcela desses compromissos brasileiros podem resultar no aumento dos plantios locais.
“Para isso, estamos dialogando com a iniciativa privada, agentes governamentais e sociedade civil para que não percamos essa oportunidade”, conta Andrade.
A área com florestas plantadas no Brasil ocupa apenas 1% da área do País, no entanto, é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais. Atualmente, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área cultivada chega a dez milhões de hectares, principalmente com eucalipto, pinus e acácias.
O segmento tem grande participação na balança comercial brasileira, sendo que no ano passado, as exportações só ficaram atrás do complexo soja, carnes e setor sucroalcooleiro. e Isso também se repete na Bahia.
Disputa da liderança
De acordo com a Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), o setor de base florestal continua disputando a liderança entre os maiores exportadores do Estado e é o que mais contribui com o saldo da balança comercial, pois exporta muito e importa pouco. Em 2017, por exemplo, ficou tem terceiro lugar, com vendas externas na ordem de US$ 1,27 bilhão e com um índice de 15,7% do total exportado pela Bahia (em 2015 e em 2016 ocupou o primeiro lugar).
Segundo a Abaf, tudo isso também ocorre porque o setor de base florestal tem alavancagem de diversos outros segmentos, que demandam madeira nos seus processos produtivos, a exemplo da construção civil, da indústria de papel e celulose, a metalúrgica, energia de biomassa, a secagem de grãos do agronegócio, madeira e móveis, entre outros.
“Isso faz com que, mesmo com a redução da economia nacional (e do Estado da Bahia), o setor de base florestal continua crescendo em referência a empregos, exportações e investimentos. Além disso, o setor investe em quatro regiões distintas da Bahia e isso contribui para a desconcentração da atividade econômica no estado (as plantações florestais na Bahia estão localizadas no Sul, Sudoeste, Litoral Norte e Oeste)”, salienta Andrade.
A Abaf
O setor de base florestal na Bahia se uniu para criar, em 2004, uma representação forte e atuante: a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf). “Foi o passo inicial para um novo posicionamento, que se consolida a cada ano, e tem como meta primeira contribuir para que o setor que representa se desenvolva sobre bases sustentáveis, seja do ponto de vista econômico, ambiental ou social”, diz o diretor-executivo da instituição.
Desde então, foi preciso “atuar além da própria cadeia produtiva, ou seja, dialogar com as comunidades direta ou indiretamente influenciadas pela atividade de base florestal, com a sociedade civil organizada, com a academia, com os governos e parlamentares para sedimentar os alicerces para um crescimento ordenado e virtuoso”.
“Essas práticas fazem parte de uma atividade constante, uma vez que há sempre novas demandas e frentes de atuação em um segmento pulsante como o de florestas. A cada ano cresce a influência da Abaf que, atualmente, mantém representações em mais de 40 conselhos e entidades estaduais e federais”, diz Andrade.
A Associação de Empresas de Bases Florestais representa as companhias desse setor no Estado, assim como seus fornecedores. “Essa pluralidade dá à Associação a possibilidade de planejar e agir com respaldo nos mais variados âmbitos e em horizontes largos. Por isso, a Abaf fomenta a pesquisa, investe na coleta e tabulação de dados, a exemplo do anuário Bahia Florestal”, informa o diretor-executivo.
Campanhas educativas
A instituição baiana também desenvolve campanhas de educação ambiental e de conscientização da sociedade e dos agentes de cada elo da cadeia produtiva, com temas que vão desde o uso sustentável da floresta e seus produtos, até as relações de trabalho (veja sobre o Programa Ambiente Florestal Sustentável abaixo). Essas ações contribuem para desfazer muitos dos mitos que ainda pesam sobre o setor e, em contraponto, enfatizam o seu caráter preservacionista e os benefícios sociais da Economia Verde.
A indústria de base florestal usa a madeira como matéria-prima, com destaque para a produção de celulose, celulose solúvel, papel, ferro liga, madeira tratada, carvão vegetal e lenha para o processamento de grãos. A madeira utilizada é plantada e é considerada uma matéria-prima renovável, reciclável e amigável ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana.
Atualmente tem como associados: Aepes, Aiba, Aspex, Assosil, BSC, Caravelas Florestas, ERB, Ferbasa, Floryl, JSL, Komatsu, Papaiz, Ponsse, Proden, Sineflor, Suzano, Veracel e 2Tree.
Para mais informações, acesse o site www.abaf.org.br. Para acessar o documento em PDF “Plano Nacional de Florestas Plantadas”, elaborado em 2018 pelo Ministério da Agricultura, clique no link (encurtado): ow.ly/IR8O30o5XZL.