Em entrevista, diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, reforça o papel da ciência e da agricultura brasileira na transição climática (Foto: Embrapa)
Rumo à COP30, a agricultura brasileira se destaca como parte da solução para a crise climática. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentará, em Belém, ações e tecnologias que reforçam esse papel.
Para Ana Euler, diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, a COP30 é uma oportunidade de demonstrar que a ciência é essencial para enfrentar os desafios climáticos.
A diretora explica que a Embrapa vai levar a Belém soluções desenvolvidas ao longo de cinco décadas de pesquisa, que unem produtividade, conservação ambiental e inclusão social.
No espaço da Embrapa durante a COP30, a instituição não vai apenas dar visibilidade às suas soluções vivas, mas também abrir espaço para debates de caráter técnico-científico, contribuindo com a ciência para políticas globais de enfrentamento das mudanças do clima.
“Não existe possibilidade de traçarmos uma estratégia para o enfrentamento das mudanças do clima sem estarmos aliados à ciência. Então, a ciência faz parte das soluções. A agricultura, ou as agriculturas, têm que ser parte da solução, e tem que ser agora”, afirma Euler.
No esforço de levar a pesquisa em agricultura para a conferência, a empresa organizou a Jornada pelo Clima, iniciativa em parceria com o governo e outros parceiros, que busca sensibilizar a sociedade sobre questões climáticas e promover tecnologias e práticas agrícolas brasileiras para adaptação da agropecuária e mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“A jornada reflete décadas de pesquisa e reforça nosso compromisso com inovação e responsabilidade socioambiental”, explica Euler.
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Agricultura de baixo carbono
Uma das iniciativas da Embrapa a ser apresentada na COP30 será uma metodologia para medição da saúde do solo.
O método de diagnóstico avalia o impacto do uso de tecnologias na fertilidade do solo. A ferramenta consegue identificar fatores que limitam a produtividade e afetam a estabilidade de produção.
Segundo Euler, a empresa tem trabalhado em uma agricultura conservacionista, o que resulta em uma boa gestão dos solos.
“A Embrapa, representando uma empresa de pesquisa voltada à sustentabilidade da agricultura, pode colaborar de forma significativa para mostrar, influenciar e inspirar todas as nações do mundo em uma agenda de transição climática da agricultura, já que sabemos que a agricultura e o uso e ocupação do solo são responsáveis por um terço das emissões globais”, explica a diretora.
Outra ação é a Carne Baixo Carbono (CBC), marca-conceito que identifica carne bovina produzida em pastagens tropicais com práticas de manejo que reduzem emissões de GEE.
O protocolo define diretrizes para manejo do solo, pastagens e animais, incentivando a produção sustentável. A iniciativa complementa o protocolo Carne Carbono Neutro (CCN), ampliando opções de mitigação das emissões na pecuária brasileira.
“A pecuária de baixo carbono busca não apenas reduzir emissões, mas promover atividades regenerativas, serviços ambientais, biodiversidade e inclusão social”, afirma Ana Euler.
A diretora também destacou novos bioinsumos desenvolvidos em parceria com empresas, que ajudam as plantas a enfrentar períodos de seca e fortalecem a adaptação ao estresse hídrico.
“Atuamos no melhoramento genético das plantas e no sistema solo-planta, garantindo maior preparo para eventos de estresse hídrico”.