Requeima e pragas desafiam o campo e exigem manejo integrado para evitar perdas significativas na produtividade (Foto: Divulgação)
Mesmo com perspectivas promissoras para a safra 2024/25 de hortaliças, produtores de batata e tomate enfrentam um inimigo silencioso e devastador: a requeima, doença fúngica causada pelo Phytophthora infestans, considerada uma das mais agressivas. Quando aliada a pragas como a traça do tomateiro (Tuta absoluta), a mosca-branca (Bemisia tabaci) e os pulgões, representa um risco ainda maior para a produtividade, especialmente nas fases mais sensíveis do desenvolvimento das culturas.
A requeima tem maior incidência nos meses de inverno, quando a combinação entre temperaturas amenas (12°C a 18°C) e umidade relativa do ar acima de 90% cria o ambiente ideal para a disseminação do fungo. Além dessas condições favoráveis, a doença também se alastra mais rapidamente em áreas onde as plantações são densas, causando perdas significativas.
Segundo a Embrapa, em lavouras de batata os prejuízos podem variar de 10% a 50% da produção. No tomate, o impacto é ainda mais severo, com quedas de produtividade entre 20% e 70% em situações de infestação intensa. Em casos graves, as perdas podem chegar a 100% em ambos os casos, quando o manejo não é realizado de forma adequada.

Segundo a Embrapa, em lavouras de batata os prejuízos podem variar de 10% a 50% da produção. Foto: Divulgação
A doença ataca inicialmente as folhas, que apresentam manchas irregulares e escuras, evoluindo rapidamente para necrose dos tecidos e morte dos folíolos, ficando com aspecto similar a queima das folhas. Com alta umidade e queda de temperatura, essas manchas aumentam de tamanho e ganham aspecto encharcado. Em estágios mais avançados, o fungo compromete os frutos de tomates e os tubérculos da batata, com lesões típicas que afetam diretamente a qualidade comercial.
Nos tubérculos de batata, as lesões são castanhas, superficiais e com bordos definidos, sendo que a necrose é irregular, de coloração marrom, aparência granular e mesclada. Já no tomate, as manchas são irregulares, escuras, de coloração marrom-pardo, de aspecto oleoso e de consistência firme, podendo aumentar de tamanho e estender-se por toda a superfície do fruto, levando à podridão dura e sem queda do fruto.
Segundo o engenheiro agrônomo, Fernando Gilioli, o maior risco está justamente na dificuldade de identificar a requeima no início da infecção. “É uma infestação silenciosa, muitas vezes só percebida quando já está disseminada. O manejo preventivo é essencial para garantir a sanidade da lavoura e evitar perdas severas”, alerta.
Ponto crítico e o papel do manejo integrado
A ameaça é mais crítica nas fases reprodutivas das culturas, como enchimento de tubérculos na batata e formação de frutos no tomate. É nesse momento que a planta tem maior demanda energética e nutricional, e qualquer estresse como doenças ou pragas compromete diretamente o rendimento.

A ameaça é mais crítica nas fases reprodutivas das culturas, como enchimento de tubérculos na batata e formação de frutos no tomate. Foto: Divulgação
Além da requeima, a presença de pragas como a traça do tomateiro, que penetra e se desenvolve dentro dos frutos, e a mosca-branca, que além de danificar as folhas, atua como vetor de viroses, impõe ainda mais desafios, especialmente durante a fase reprodutiva da planta, exigindo monitoramento constante e respostas rápidas para conter o avanço.
Nesse contexto, o manejo integrado e o uso correto das tecnologias para o controle de doenças e pragas torna-se fundamental, combinando defensivos agrícolas com boas práticas agronômicas, como espaçamento adequado entre plantas, rotação de culturas, eliminação de restos vegetais, uso de variedades tolerantes e equilíbrio nutricional. Essas práticas ajudam a reduzir a pressão de doenças e pragas.