Pesquisas focam a biodiversidade regional, geram produtos e patentes inovadoras e sustentáveis e empoderam comunidades extrativistas locais (Foto: Shutterstock)
Mangaba, jenipapo e outros bioativos de plantas do nordeste brasileiro tornam-se cicatrizante poderoso, tintas capilares naturais que dispensam quaisquer testes com animais, além de protetor solar vegano e multifuncional, respectivamente.
Pesquisas conduzidas no âmbito dos programas de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI) e Saúde e Ambiente (PSA) da Universidade Tiradentes (Unit) exploram a biodiversidade brasileira a fim de desenvolver novos produtos cosméticos e farmacêuticos, gerando patentes e abrindo novas fronteiras de trabalho e geração de riqueza para as comunidades extrativistas locais.
Uma das inovações mais notáveis surgidas das pesquisas da Unit é uma membrana cicatrizante feita a partir dos polímeros e moléculas ativas da mangaba. Essa invenção, que já conquistou uma patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), demonstra a eficácia do fruto na promoção da cicatrização de feridas, abrindo novas fronteiras para tratamentos médicos e cuidados com a pele.

A mangaba já foi incorporada na produção de sabonetes artesanais por empresas locais, promovendo o uso sustentável e diversificado do fruto. Foto: Saulo Coelho Nunes-Embrapa
Além disso, a mangaba já foi incorporada na produção de sabonetes artesanais por empresas locais, promovendo o uso sustentável e diversificado do fruto. Já o jenipapo assume o centro de uma pesquisa da universidade que visa desenvolver tintas capilares naturais. Adilson Allef Moraes Santana, doutorando no PSA/Unit, está explorando a viabilidade de criar uma cadeia produtiva que utilize o jenipapeiro como matéria-prima para colorações capilares.
Ao evitar o uso de metais pesados e outros compostos químicos prejudiciais, essa pesquisa se alinha à crescente demanda por cosméticos seguros, cruelty-free e eco-friendly, oferecendo uma alternativa saudável e sustentável ao mercado.
“A combinação de suporte acadêmico e incentivo ao desenvolvimento de produtos práticos e sustentáveis tem sido crucial para o meu crescimento profissional e para a realização de pesquisas que podem ter um impacto positivo tanto na indústria cosmética quanto na sociedade”, afirma Santana. “Esta sinergia entre educação, pesquisa e empreendedorismo não só beneficia os estudantes e pesquisadores, mas também contribui para o desenvolvimento econômico e social da região”, complementa.
Além do impacto local, as pesquisas desenvolvidas estão ganhando reconhecimento internacional. O pesquisador Thigna de Carvalho Batista, está desenvolvendo um protetor solar vegano e multifuncional que utiliza bioativos de plantas do nordeste brasileiro. Parte dessa pesquisa será realizada em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em Portugal.
LEIA TAMBÉM:
→ Besouros podem transformar cupinzeiros do Cerrado em abrigos para várias espécies
Cosmética humanizada e bioeconomia

O uso de frutos como o jenipapo cria novas oportunidades para as comunidades locais. Foto: Shutterstock
O uso de frutos como a mangaba e o jenipapo cria novas oportunidades para as comunidades locais, em especial para as catadoras de mangaba, que desempenham um papel crucial na economia extrativista de Sergipe. A bioeconomia, fundamentada no uso sustentável de recursos biológicos, oferece um caminho promissor para o desenvolvimento regional, ao mesmo tempo em que promove a conservação ambiental.
Já a cosmética humanizada visa criar produtos que respeitam a saúde humana e o meio ambiente. Ao utilizar ingredientes naturais e seguros, como os bioativos extraídos do jenipapo e da mangaba, essas pesquisas oferecem alternativas aos cosméticos convencionais, promovendo práticas mais responsáveis e sustentáveis dentro da indústria.