Para especialista, cenário é favorável e tem potencial de expansão em 2025 (Foto: Freepik/Divulgação)
O Brasil alcançou um marco histórico ao se tornar líder mundial nas exportações de commodities do agronegócio, segundo estudo recente da Insper Agro Global. O país superou os Estados Unidos, seu principal concorrente nessa categoria, e atingiu US$ 137,7 bilhões em exportações no ano passado, US$ 14,4 bilhões a mais do que o total exportado pelos norte-americanos no setor.
A análise do instituto considera apenas países e a classificação de commodities agropecuárias e agroindustriais usada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O especialista em comércio exterior e diretor da Tek Trade, Sandro Marin, atribui o avanço das exportações brasileiras do agro às recentes safras de grãos recordes e à guerra comercial entre EUA e China, que impulsionaram o Brasil como principal fornecedor de produtos agropecuários para os chineses.
Na avaliação do executivo, além de ser uma referência global em exportações do agronegócio, o Brasil vem aumentando ano a ano a produtividade por hectare, o que permite a expansão desse mercado internacional. O país já é, atualmente, o maior exportador global de soja, por exemplo, e está em posição vantajosa no comércio com a China, sendo o seu principal fornecedor de produtos agropecuários, o que pode ser ampliado com as taxações impostas pelo governo dos Estados Unidos.

Ano a ano, o Brasil vem aumentando sua produtividade por hectare, o que permite a expansão no mercado internacional. Foto: Freepik/Divulgação
“Mesmo com a redução das exportações de soja e milho no início deste ano, o Brasil deve continuar expandindo sua presença global, especialmente com a abertura de novos mercados para o agro, como no Oriente Médio e no Sudeste Asiático”, explica Marin.
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Cenário
Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) apontam que o agro brasileiro exportou US$ 11 bilhões em janeiro deste ano, o segundo maior valor da série histórica para o período. Também foram abertos 24 novos mercados para os produtos agropecuários brasileiros, com destaque para Paquistão, Bangladesh e Turquia.
Esse aumento é atribuído a alta nas cotações de produtos como café, celulose, carnes, suco de laranja e cacau. Além disso, setores como carnes, produtos florestais, café, complexo soja, complexo sucroalcooleiro e cereais, farinhas e preparações superaram US$ 1 bilhão em exportações no primeiro mês do ano.

O agro brasileiro exportou US$ 11 bilhões em janeiro deste ano, o segundo maior valor da série histórica para o período. Foto: Freepik/Divulgação
Para Sandro Marin, as tendências internacionais estão favoráveis às exportações brasileiras do agro, mas é necessário adotar medidas para minimizar impactos das oscilações cambiais, barreiras comerciais e mudanças climáticas. “O agronegócio brasileiro tem uma posição consolidada no cenário global, mas manter essa liderança exige visão estratégica e investimentos contínuos”, alerta.
Ele acrescenta ainda que a competitividade do setor depende não apenas de safras robustas e do crescimento da demanda internacional, mas também da capacidade do Brasil de diversificar mercados, reforçar a infraestrutura logística e agregar valor aos produtos, já que nas exportações totais do agro o país continua atrás dos Estados Unidos, justamente por conta dos produtos com maior valor agregado.
“O Brasil tem potencial para expandir ainda mais sua presença internacional, desde que adote um planejamento de longo prazo alinhado às tendências globais e às exigências dos novos consumidores”, completa o especialista.