Nos últimos 5 anos, preço da alimentação domiciliar aumentou 55% (Foto: Shutterstock-Divulgação)
Impulsionada pela pandemia, flutuações cambiais, crises climáticas e custos globais elevados, a alta no preço dos alimentos se intensifica desde 2020. A interrupção das cadeias de suprimentos e eventos extremos, como secas e chuvas intensas, reduziram a oferta, elevando os preços de itens essenciais como o arroz e o feijão.
Como reflexo desses fatores, nos últimos cinco anos, os preços da alimentação domiciliar no Brasil aumentaram 55%, superando significativamente a inflação geral de 33% no período, conforme o Índice de Preços dos Alimentos (IPCA).
De acordo com estimativas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o consumo de arroz e feijão no Brasil apresentou uma queda significativa ao longo das últimas décadas. Em 1985, o consumo per capita de arroz era superior a 40 kg/habitante/ano, enquanto o feijão registrava cerca de 19 kg/habitante/ano. Em 2023, o consumo médio per capita foi de 29,2 kg para o arroz e 12,8 kg para o feijão, reforçando a tendência de queda.

Consumo de arroz e feijão no Brasil apresentou uma queda significativa ao longo das últimas décadas. Foto: Divulgação-Shutterstock
Para o diretor da Real Cestas, Gustavo Defendi, essa queda reflete fatores culturais, como maior consumo de alimentos industrializados, falta de tempo para preparo de refeições caseiras, porém, dá mais ênfase aos fatores econômicos e a renda da população.
“Com o aumento dos preços do arroz e feijão, muitas famílias diminuíram a quantidade do seu consumo, o que não deveria acontecer, principalmente por serem itens de uma importância nutricional enorme. Esses aumentos impactam diretamente os seus orçamentos, especialmente aqueles de menor renda, que dependem desses alimentos básicos em sua dieta diária”, explica.
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Perspectivas
O diretor da Real Cestas destaca ainda que, mesmo com a expectativa para 2025 de maior disponibilidade de arroz e feijão no mercado interno, a reforma tributária pode impactar diretamente o preço dos alimentos ao unificar impostos e modificar a carga tributária sobre a produção e comercialização de itens essenciais.
Segundo ele, a reforma tributária pode resultar em aumento dos custos para produtores e distribuidores, especialmente se houver a inclusão de tributos sobre insumos agrícolas, transporte e processamento. Esse acréscimo tende a ser repassado ao consumidor final, elevando os preços de produtos básicos como o arroz e o feijão.

Mesmo com a expectativa para 2025 de maior disponibilidade de arroz e feijão no mercado interno, a reforma tributária pode impactar diretamente o preço dos alimentos. Foto: Divulgação-Shutterstock
“Além disso, a possível extinção de benefícios fiscais específicos para o setor pode agravar ainda mais esse cenário, reduzindo a competitividade dos alimentos no mercado interno”, pontua Gustavo, frisando que a implementação de políticas públicas eficazes e o incentivo aos produtores e práticas agrícolas sustentáveis são essenciais para a segurança alimentar do país.
“Precisamos garantir que as próximas gerações tenham acesso aos mesmos recursos que temos hoje, porque sem medidas concretas do governo, a produção agrícola e a alimentação de milhões de brasileiros estarão cada vez mais reduzidas”, finaliza Defendi.