Estudo pretende aprofundar conhecimento sobre a contribuição das florestas de mangue no Brasil na mitigação das mudanças climáticas (Foto: Projeto BlueShore/Divulgação)
Os manguezais são ecossistemas fundamentais na captura de carbono, desempenhando um papel crucial na remoção de gases de efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas.
Segundo o coordenador do projeto e professor do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), Tiago Osório Ferreira, estudos indicam que esses ecossistemas podem capturar de três a cinco vezes mais carbono por hectare do que a Floresta Amazônica.
“As florestas de manguezais têm o potencial de capturar de três a cinco vezes mais carbono por hectare do que a Floresta Amazônica. Além disso, os manguezais oferecem diversos outros serviços ecossistêmicos, como a proteção costeira contra a erosão e a provisão de habitats para diversas espécies marinhas”, explica.
Para aprofundar o conhecimento sobre esse potencial, o projeto BlueShore – Florestas de Carbono Azul para mitigação de mudanças climáticas offshore, busca dimensionar e avaliar a capacidade dessas florestas ao longo da costa brasileira.
Desenvolvido no Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), o projeto contribui para estratégias globais de preservação e recuperação dos manguezais.
“Nosso principal objetivo é calcular com precisão o potencial de captura de carbono e criar um banco de dados que preencha as lacunas de informação em diversas regiões. Para isso, estamos percorrendo todo o litoral brasileiro, coletando dados detalhados sobre diferentes cenários climáticos e geomorfológicos”, conta o professor.
Estudo irá estudar mangues de Sul a Norte do país
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Além da captura de carbono, a preservação dos manguezais é vital para a geração de renda de comunidades locais e a manutenção dos serviços ecossistêmicos. Foto: Projeto BlueShore/Divulgação
Com cerca de 1 milhão de hectares de florestas de manguezais, o Brasil é o segundo país com maior área desse ecossistema no mundo.
O projeto BlueShore estuda as condições variáveis desses ambientes ao longo da extensa costa brasileira, do Sul até o Amapá, investigando como os diferentes solos influenciam a capacidade de captura de carbono.
A inciativa, que recebeu um aporte de R$ 8 milhões da Petronas, também busca identificar os impactos ambientais causados pela mudança do uso da terra ao longo das últimas décadas, as quais variam conforme a região.
Por exemplo, no Norte do país, a criação de pastagens para agropecuária afeta os manguezais, enquanto no Nordeste o cultivo de camarão é o principal impacto, e no Sudeste, a urbanização.
“Precisamos entender como essas mudanças afetam o estoque de carbono para, no futuro, desenvolvermos estratégias de recuperação adequadas a cada tipo de solo, maximizando sua capacidade de sequestrar carbono”, afirma Ferreira.
Apesar de sua robustez, os manguezais não são invencíveis. “Eles se adaptam a diversas circunstâncias, mas não são invulneráveis. Sua recuperação natural pode ser comprometida pela ação humana, como a conversão de áreas de mangue em pastagens”, explica Rodolfo Fagundes Costa, pesquisador do projeto.
Além da captura de carbono, a preservação dos manguezais é vital para a geração de renda de comunidades locais e a manutenção dos serviços ecossistêmicos, que representam mais de 90 mil dólares por hectare por ano.
“Precisamos proteger os manguezais não só pelo seu papel no meio ambiente, mas também pelo impacto econômico e social que representam”, conclui Ferreira.
Fonte: Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI)