Inovações no processo produtivo têm influenciado preferência (Foto: Divulgação)
A carne suína é uma das proteínas mais consumidas no Brasil e as tendências de consumo estão em constante evolução. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio nacional de carne suína atingiu 20,5 kg por habitante em 2022. E a expectativa é que a curva de crescimento seja maior em 2024.
Conforme explica o gerente comercial da Suinco, Bruno Silva, diversos fatores influenciam as preferências dos consumidores, desde cortes específicos até preocupações com a sustentabilidade e qualidade dos produtos.
“Nesse contexto, é fundamental compreender as tendências e demandas do mercado para atender às expectativas do público e impulsionar o desenvolvimento do setor”, observa.
O especialista acrescenta ainda que, atualmente, a carne suína aparece em terceiro lugar em consumo no país, mas deve apresentar a maior curva de crescimento em 2024, com expectativa de consumo de 21 kg por habitante, um aumento de 4% em relação a 2023.
Outro dado destacado por Silva é que, nos últimos 12 anos, a carne suína teve um crescimento de 49,8% no consumo, e a expectativa é de evoluir mais ainda nos próximos anos.
“A chegada aos 20 kg per capita de consumo não é meramente um dado estatístico, mas sim uma história de progresso que vai além dos números, delineando as mudanças em nossa sociedade e os fatores que impulsionam a evolução de nossos hábitos alimentares”, avalia.
Para ele, a projeção de crescimento é sólido nos próximos anos e a expectativa é que a carne suína ganhe cada vez mais participação na demanda em relação às carnes bovina e de frango. Além disso, o especialista avalia que existem mercados potenciais no Brasil a serem explorados para alavancar os números de consumo interno.
Impactos da automação no processo produtivo
A automação industrial é outro ponto que está cada vez mais integrada em todos processos de produção, trazendo um impacto significativo na eficiência e na qualidade, resultando em aumento na produtividade e melhora na padronização dos produtos.
“No entanto, é importante notar que a automação não substitui completamente o fator humano, a tecnologia vem para enriquecer métodos tradicionais, pois o conhecimento e a experiência dos colaboradores são essenciais para a eficiência dos processos”, cita o gerente industrial da Suinco, André Costa.
Dentre as tecnologias mais promissoras no processamento de carne suína, desde o abate até a embalagem e distribuição, Costa destaca o uso de equipamentos automatizados integrados a softwares inteligentes.
“O uso desse modelo de tecnologia, para quem trabalha na indústria de alimentos e lida diariamente com diversas situações de instabilidade, é fundamental, uma vez que tende a contribuir significativamente para maior produtividade”, aponta.
Além disso, na visão do executivo, essa tecnologia demanda menor tempo de inatividade, redução de custos operacionais, melhor padronização dos processos, permite também realizar uma análise preditiva avançada dentro e fora da planta, além outros inúmeros benefícios, “que traz a segurança que estamos produzindo com segurança e sustentabilidade”.
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Aplicação da IA
O uso da inteligência artificial para monitorar o comportamento dos suínos, utilizando sensores e câmeras para coletar dados em tempo real nas granjas, seria um exemplo da importância de se utilizar essa ferramenta para análise de dados nesse ambiente, uma vez que, caso necessário, esses dados permitiriam intervenções rápidas e precisas buscando manter o bem-estar animal e a eficiência da produção.
“Na indústria, a IA contribui positivamente também no planejamento das demandas de produção, auxiliando os profissionais nas análises de mercado minimizando desperdícios e maximizando a eficiência operacional”, diz o gerente industrial.
Além do mais, na visão do executivo, o uso de sistemas pautados em inteligência artificial contribui para o rastreamento da carne suína ao longo da cadeia produtiva, garantindo a segurança alimentar e permitindo que o consumidor possa identificar exatamente a origem de seu alimento.
Genética
Em relação ao melhoramento genético, Costa lembra que, constantemente, com o aporte da tecnologia, há inovações em genética suína, que estão sendo exploradas para melhorar características como taxa de crescimento, conversão alimentar e resistência à doenças.
Dentre as inovações, o especialista cita os marcadores de DNA para resistência a doenças, como a síndrome respiratória e reprodutiva suína (PRRS) e a síndrome do desmame precoce (PED). “Esses marcadores podem ser usados para selecionar animais geneticamente predispostos a resistir a essas doenças, reduzindo a necessidade de tratamentos medicamentosos”, destaca.
Ele informa que criadores também estão selecionando animais com base em sua eficiência alimentar, ou seja, sua capacidade de converter ração em peso corporal de forma mais eficiente, algo crucial para reduzir os custos de produção e minimizar o impacto ambiental da indústria suína.
A seleção genômica também é outro método abordado pelo especialista e que tem sido utilizado no processo de evolução do melhoramento genético do segmento.
“O uso de tecnologias de sequenciamento genético avançadas permite aos criadores identificar marcadores genéticos associados a características desejáveis, como taxa de crescimento acelerada, eficiência alimentar melhorada e resistência a doenças. Isso possibilita uma seleção mais precisa de animais para reprodução, acelerando assim o progresso genético”, conclui.