Reciclagem garante uma economia anual superior a R$ 8 bilhões em saúde pública no Brasil segundo estudo
As implicações econômicas dos cenários de gerenciamento de resíduos sólidos associadas à reciclagem geram, potencialmente, uma economia anual de mais de 8 bilhões de reais em saúde pública. A conclusão é de um relatório técnico elaborado pela empresa brasileira Central de Custódia, que atua na verificação dos resultados da logística reversa de embalagens pós-consumo.
O estudo analisa os resultados da logística reversa de embalagens de todos os estados e entidades gestoras do Brasil. Os dados foram contabilizados usando metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), tendo como fonte o ano base de 2022.
Fernando Bernardes, fundador e CEO da Central de Custódia, empresa brasileira que reúne a maior plataforma de verificação independente do País, ressalta que, de acordo com o levantamento, a reciclagem ajuda a evitar custos internos ou diretos, que dizem respeito às despesas, como o manejo de resíduos sólidos (terra, construção, máquinas e equipamentos, instalações etc), transporte, custos de manutenção (pessoal, energia etc) e custos financeiros e impostos.
Ele completa que a reciclagem também reduz os custos externos que refletem os impactos indiretos sobre a sociedade e o meio ambiente, como poluição e saúde pública.
“Assim, a reciclagem não só economiza recursos, mas também minimiza estas externalidades, promovendo um ambiente mais saudável e sustentável”, destaca.
Em sua opinião, “esses dados reforçam a necessidade de se criar mecanismos para que o Brasil aprimore a prática de tratamento e, cada vez menos, disponha resíduos com valor econômico em aterros sanitários, com a implementação de modelos de negócios 100% circulares”, enfatiza Bernardes.
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Metodologia do estudo
O CEO da Central de Custódia revela que os potenciais impactos ambientais foram calculados por meio da ferramenta de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), conforme padronizado pelas normas ISO 14.040 (2009) e ISO 14.044 (2009). “O objetivo e escopo da ACV foi estimar os potenciais impactos ambientais associados a reciclagem de diferentes materiais no Brasil”, conta.
Disposição final inadequada
Bernardes relata ainda que os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil do ano de 2022, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública – Abrelpe, apontavam que o País ainda apresentava 2.826 municípios com disposição final inadequada (lixões e/ou aterros controlados) de resíduos sólidos domiciliares, representando 29,7 milhões de toneladas anualmente naquele ano.
“A partir desses dados, a Central de Custódia verificou que, dos resultados recuperados no ano base de 2022, 54.725,27 (7,7% do total) toneladas recuperadas tiveram origem em 116 municípios, que ainda mantém essa prática inadequada.”, afirma o especialista.
Em sua visão, “esse dado é bastante alarmante, pois esses municípios representam 23% do total de municípios investidos pela logística reversa, demonstrando um elevado risco de termos resultados sendo contabilizados com exploração de pessoas catando material dentro de lixões”, alerta.
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Cenário da logística reversa
De acordo com o CEO da Central de Custódia, no Brasil, desde 2015, a logística reversa de embalagens em geral é uma obrigação para o setor produtivo.
“Atualmente, os fabricantes e importadores de produtos comercializados em embalagens são responsáveis por retornar 22% de tudo que colocam no mercado”, informa.
Ele esclarece ainda que o setor de reciclagem de embalagens envolve três partes: os operadores logísticos (cooperativas/associações de catadores ou operadores logísticos privados), as empresas que fabricam produtos embalados e as chamadas entidades gestoras, que intermediam essa relação e são responsáveis pela gestão do fluxo das embalagens recicladas, reunindo informações tanto dos materiais coletados pelos operadores logísticos quanto dos que foram colocados em circulação no mercado pelas empresas.
Nesse contexto, segundo Bernardes, a comercialização do material reciclável exige a emissão de notas fiscais com dados relativos à massa de material que foi recuperado e, muitas vezes, uma mesma nota fiscal é entregue para mais de uma entidade gestora, o que pode gerar resultados imprecisos e comprometer a exatidão dos dados disponibilizados aos órgãos ambientais.
“A figura do Verificador de Resultados nesse cenário é fundamental para a rastreabilidade e a conformidade dos resultados dos sistemas de logística reversa de embalagens, assegurando a transparência, eficácia e integridade do sistema”, sublinha o especialista.
Para ele, uma análise detalhada do panorama da logística reversa de embalagens no Brasil e os potenciais efeitos da reciclagem, como a poupança de bilhões em custos de saúde, “pode ser crucial para fortalecer as políticas públicas e estratégias voltadas para o tema”, conclui.
Fonte: Central de Custódia Logística Reversa de Embalagens
Foto abertura : Pontos de descarte de coleta seletiva. Foto Central de Custódia Logística Reversa de Embalagens
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