Integração de adubos verdes potencializa recursos florais na meliponicultura agroecológica
Um estudo inovador revelou que o consórcio de adubos verdes, especificamente girassol e trigo mourisco, pode ser uma estratégia eficaz para ampliar a oferta de recursos florais na meliponicultura integrada aos sistemas agroecológicos.
A experiência foi conduzida em áreas de agricultura familiar concentrando-se nas propriedades da Cooperativa da Agricultura Familiar e Agroecológica, em Nova Odessa e Americana, e no Sítio Oliveira, situado no Assentamento Estadual Vergel em Mogi Mirim (SP).
Florescimento das culturas
Joel Queiroga, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente explica que a pesquisa avaliou a densidade de plantas e o período de florescimento das culturas, em cultivo solteiro e consorciado. “Os resultados indicaram que não houve diferenças significativas na densidade de plantas e no período de florescimento entre os cultivos solteiros e consorciados”, revela.
Flores do girassol atraem variedade de abelhas nativas, incluindo as abelhas-sem-ferrão Foto: Divulgação
Trigo mourisco x girassol
Ele salienta que “o trigo mourisco, em particular, destacou-se ao oferecer um período mais longo de florescimento quando comparado com o girassol e abundância de flores atrativas para as abelhas, especialmente os mandaguaris”.
Segundo o pesquisador, a integração do girassol e trigo mourisco como adubos verdes não apenas manteve a densidade de plantas, mas também ampliou significativamente o período e a diversidade de recursos florais disponíveis para as abelhas-sem-ferrão.
Queiroga completa que a relevância desse consórcio vai além da melhoria na oferta floral.
“Durante o período chuvoso, as flores do trigo mourisco demonstraram ser altamente atrativas para as abelhas mandaguaris, indicando um potencial promissor como fonte alimentar para essas abelhas na meliponicultura”, esclarece.
Integração entre sistemas agroflorestais
Katia Braga pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente reforça que a pesquisa enfatiza a importância da integração entre sistemas agroflorestais agroecológicos e a criação de abelhas-sem-ferrão para garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental.
“A ausência de agrotóxicos e a diversidade de recursos florais provenientes dos adubos verdes destacam-se como benefícios adicionais para a meliponicultora”, comenta.
Abelhas-sem-ferrão
Adiversidade de recursos florais provenientes dos adubos verdes são benefícios adicionais para a meliponicultora Foto: Divulgação
Para o analista da Embrapa Meio Ambiente Waldemore Moriconi, o estudo aponta para a orquídea do girassol, cujas flores atraem uma variedade de abelhas nativas, incluindo as abelhas-sem-ferrão.
“O trigo mourisco, por sua vez, além de sua resistência à acidez e bom desenvolvimento em solos pobres, apresenta-se como um adubo verde promissor para a regeneração de solos degradados” sublinha.
De acordo com Moriconi, “esses resultados, obtidos a partir de um trabalho minucioso em duas áreas específicas de cultivo da agricultura familiar no estado de São Paulo, fornecem insights importantes para a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e aprimoramento de práticas de manejo externas para uma melhor integração entre os sistemas agroecológicos e os de criação de abelhas-sem-ferrão”, conclui.
