Forma de plantio utilizada nos solos requer cuidado e conhecimento para que os grãos destinados aos consumidores sejam de alta qualidade (Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa)
Por mais que seja um pequeno grão que acompanha o prato de vários brasileiros, para que o arroz chegue da melhor forma aos consumidores espalhados em todo país, os agricultores precisam dominar as técnicas de plantio e cultivo.
Em Santa Catarina, por exemplo, o método adotado e que também distingue o cereal cultivado no Estado, do de outras localidades, é o pré-germinado. Com ele, o arroz plantado cresce com grandes quantidades de nutrientes e vitaminas essenciais para a saúde humana.
O cultivo de arroz em Santa Catarina começou há mais de 100 anos, juntamente com os imigrantes europeus. Décadas depois, com a promulgação da Lei Nº 86.146 em 1981, foi criado o Programa Nacional para Aproveitamento de Várzeas Irrigáveis, conhecido como Provárzeas Nacional.
A iniciativa teve como objetivo dar uma melhor utilização para as áreas úmidas das beiras de rios e, no Estado, a cultura que mais se adaptou foi o arroz.
Neste cenário, como já existiam estudos anteriores sobre o sistema irrigado pré-germinado, com o Provárzeas, os solos foram nivelados para receber a modalidade de cultivo.
Atualmente, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), 85% dos solos catarinenses utilizam o sistema de arroz irrigado nos 147 mil hectares de terras disponibilizados.
A base para o plantio
O sistema do arroz irrigado ganha força e destaque entre os agricultores devido à sua capacidade de se adaptar a solos úmidos, um aspecto que prevalece no clima subtropical da região Sul do Brasil.
Além disso, o sistema apresenta alta produtividade, o que é uma das principais vantagens da semeadura. Ao ser cultivada em uma lâmina d’água, as sementes estão preparadas para germinar, garantindo uma colheita bem-sucedida.
E para que a germinação ocorra, o grão é levado a um encharcamento – ficando submerso na água – de 24 a 30 horas, dependendo da temperatura ambiente. Depois de retirá-lo deste processo, ele fica em repouso por 24 a 48 horas até brotar.
Segundo o engenheiro agrônomo e coordenador estadual do programa Grãos da Epagri, Douglas George de Oliveira, a técnica permite o melhor manejo dos arrozais, aumentando a produtividade, pois reduz a competição de outras plantas com o arroz.
“Quando semeamos na arrozeira, no terreno, a semente já está germinando e, por isso, pode se desenvolver dentro d’água, enquanto as sementes das plantas daninhas, não. Isso permite o melhor manejo dos arrozais, aumentando a produtividade”.
Preparo inicial do solo
Seguindo o contexto do Provárzeas Nacional, os produtores começam a fazer as preparações das terras com o auxílio da Epagri, para deixar os solos em nivelamento zero.
“Essa fase da sistematização acontece uma vez só, e depois de pronta, é preparada todos os anos para semear o arroz”, diz Oliveira.
“Então, no pré-geminado, enche-se a lavoura de água para semear, e com um equipamento, é realizado o revolvimento do solo, formando uma lama viscosa. Posteriormente, é feito o alisamento para deixar a terra bem nivelada, para que a água fique por cima, mantendo a essência do sistema utilizado”, complementa.
Em relação às práticas aplicadas pelos agricultores, a principal é a forma de semear em lanço, em que a semeadeira joga o grão germinado de forma não linear para facilitar o crescimento.
Processo de beneficiamento nas indústrias
Finalizado este processo de manejo e cuidado do grão, após cultivado e colhido, ele é encaminhado para o beneficiamento nas indústrias. A carga com a matéria prima, após coletada a amostra, é enviada para balança e registro de peso.
No tombador ou moega, de forma automática, o arroz é descarregado, passando pelo processo de peneiras para retirar as impurezas.
Como o grão colhido chega à indústria de forma úmida, ele passa pelos secadores contínuos para retirar a umidade excessiva e, por consequência, não comprometer sua qualidade.
Por um período mínimo de amadurecimento de 20 a 30 dias, a matéria-prima recebe o processo de aeração de forma automática, por meio de aeradores.
Tanto a fase de cultivo, quanto a de beneficiamento são de grande importância para a cadeia produtiva do arroz.
“Após o zelo dos agricultores, as indústrias preparam o cereal para que ele chegue com a melhor qualidade possível nas prateleiras dos supermercados. O empenho dessas duas frentes é que faz com que a produção catarinense seja destaque a nível internacional”, destaca o presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli.