A redução no uso de produtos químicos diminui a exposição dos aplicadores e promove uma agricultura com menor custo e maior rendimento
Nos últimos 10 anos, os produtores do Paraná, que adotaram o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura da soja, conseguiram reduzir, em média, 50% nas aplicações com inseticidas.
Este é um dos resultados surpreendentes que a Embrapa Soja e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) observaram em trabalhos comerciais de soja que adotam as boas práticas agrícolas.
Desde os anos 70
Roberta Carnevalli, pesquisadora da Embrapa Soja, conta que o MIP Soja é recomendado desde os anos 70, porém, nos últimos dez anos, foram sistematicamente acompanhados 1.639 trabalhos que adotaram as estratégias preconizadas pelo MIP.
Segundo ela, esses trabalhos reduzem de 3,6 para 1,7 o número de aplicações de inseticidas. “O valor é equivalente a uma economia de duas sacas de soja por hectare. Essa redução no uso de produtos químicos diminui a exposição dos aplicadores e promove uma agricultura com menor custo e maior rendimento”, defende.
Excelentes resultados
O coordenador do projeto grãos do IDR-Paraná, Edivan Possamai ressalta que apenas na safra 2022/2023, foram anexadas 150 unidades de referência (URs) no MIP-Soja, instaladas em máquinas comerciais de 101 municípios.
Ele explica que as URs foram conduzidas seguindo um protocolo técnico pré-estabelecido entre os pesquisadores e os técnicos de extensão rural do IDR-Paraná. “Além dos excelentes resultados que obtivemos com o MIP, outro diferencial é a compilação de dados e elaboração anual de publicação com a divulgação dos resultados”, relata.
Maior rentabilidade e menor impacto ambiental
Possamai revela que esse processo de adoção do MIP vem sendo realizado pelos produtores com o apoio de profissionais da assistência técnica, o que permite medir o impacto na adoção da tecnologia.
“Os resultados mostram ser possível aliar redução de custos, devido à redução no número de aplicações, que se reverte ainda em maior rentabilidade e menor impacto ambiental”, salienta.
Parceria
“É relevante destacar que esse trabalho é fruto de uma parceria entre a pesquisa (Embrapa) extensão rural (IDR-Paraná) e o sistema FAEP Senar, o que fortalece muito as ações estratégicas”, destaca o especialista.
Ele informa que, além do MIP, vêm sendo avaliadas outras práticas agrícolas, como o Manejo integrado de Doenças e Coinoculação. “A partir da safra 23/24, o programa se ampliará com a introdução de mais um protocolo para avaliar as boas práticas no manejo Integrado de plantas específicas e manejo de solo”, adianta.
Fundamentos do MIP
A pesquisadora da Embrapa Soja esclarece que, entre os princípios básicos do MIP está o monitoramento da mão de obra, com o uso de um “pano de batida” que indica a quantidade de insetos presentes na lavoura.
Roberta sublinha que a tomada de decisão sobre a aplicação de inseticidas será feita apenas quando os níveis de ação preconizados pela pesquisa forem atingidos (dois percevejos encontradas no “pano de batida” ou, em média, 20% de desfolha para o controle de lagartas). “Havendo necessidade de escassez, recomenda-se o uso de produtos mais seletivos, ou seja, que tenham eficácia pontual no problema” orienta.