Especialista destaca a importância desses microminerais na dieta dos animais
Nem todo rebanho bovino brasileiro recebe suplementação mineral. Além disso, parte dos animais não recebe suplementos equilibrados para suprir as deficiências e desequilíbrios nutricionais dos sistemas de produção. Nesse sentido, também vale lembrar que os produtores costumam fornecer aos animais macrominerais como cálcio e fósforo, deixado de lado o equilíbrio de microminerais.
Diante desse cenário, Lauriston Bertelli Fernandes, zootecnista e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Premix, destaca a importância dos minerais cobalto, iodo e selênio, que são deficientes nas pastagens brasileiras.
Segundo ele, ao definir por um perfil de suplemento mineral para o rebanho, é preciso avaliar com cuidado o produto mais equilibrado para cada categoria animal.
“O equilíbrio entre os macrominerais e microminerais é a chave para o melhor resultado técnico dos suplementos, sempre com atenção às características qualitativas das matérias-primas”, argumenta Fernandes que, a seguir, menciona a importância do cobalto, do iodo e do selênio na dieta bovina.
O cobalto atua no desempenho e na reprodução
De acordo com Fernandes, o cobalto é um mineral fundamental nesse contexto, já que compõe a molécula da vitamina B12, que, no caso dos ruminantes, é sintetizada pela microbiota do rúmen e posteriormente utilizada no metabolismo.
“A vitamina B12 é fundamental na síntese de glóbulos vermelhos do sangue, auxilia na produção celular, participa das demandas musculares e estimula (catalisa) a produção de glicose no fígado pelo desdobramento do ácido propiônico produzido no rúmen, além de regular o apetite dos animais”, detalha.
Conforme explica, a melhor dosagem de glicose circulante melhora o desempenho dos animais, tanto em produção de carne e leite, como também no favorecimento de hormônios importantes na reprodução.
“A deficiência de cobalto é uma das mais importantes para bovinos em condição de pastagem, em áreas mais específicas. Ela é caracterizada pela falta de apetite, perda de peso, pelos arrepiados, anemia e pode levar à morte”, alerta.
“Trabalhos realizados pelo nosso centro de pesquisa em parceria com FZEA-USP (Pirassununga/SP) mostram que dosagens ajustadas de cobalto na suplementação de bovinos aumentaram significativamente o ganho de peso em animais recriados a pasto”, observa.
Iodo e a síntese dos hormônios da tireoide
Outro elemento também deficiente nas pastagens brasileiras, o iodo age no metabolismo dos bovinos. O mineral tem como principal função a participação nos hormônios da tireoide, que regulam o metabolismo e interferem diretamente em toda a biologia dos bovinos.
O zootecnista afirma que o iodo é o único elemento exigido para uma só função primordial no organismo dos mamíferos, sendo necessário para a síntese dos hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireoide.
“Esses hormônios regulam o metabolismo, produzindo energia para manter a termorregulação, reprodução, crescimento, circulação sanguínea e função muscular”, diz.
Ele explica que a deficiência do iodo resulta na redução expressiva da produção animal: reduz o ganho de peso, diminui eficiência alimentar, inibe metabolismo hormonal, com reflexos negativos na eficiência reprodutiva dos rebanhos de cria.
“Portanto, a quantidade desse micromineral na suplementação dos bovinos ou quaisquer outros mamíferos deve ser equilibrada, inclusive nas dietas dos humanos”, menciona e acrescenta que solos com baixos níveis de iodo e muito drenados, distância do mar e variação da capacidade da planta em absorver o mineral são alguns fatores que contribuem para a sua deficiência.
O selênio e o sistema imunológico
Já o selênio, também deficiente na maioria das pastagens, atua em várias rotas biológicas ou metabólicas, refletindo na redução de radicais livres, no aumento em respostas imunológicas com a redução de doenças e/ou na melhora na resposta vacinal.
“Além disso, melhora a performance reprodutiva nos rebanhos de cria, reduz a morte embrionária precoce e atua na produção da forma ativa do hormônio da tireoide. Portanto, sua suplementação adequada é fator decisivo para melhorar a performance dos rebanhos”, destaca. “Junto com o zinco e o cobre, o selênio está envolvido na formação e desenvolvimento dos órgãos de defesa na resposta imunitária e no combate ao estresse.”
Fernandes aponta os alguns sinais clínicos da deficiência de selênio em ruminantes: falta de vitalidade, crescimento retardado e morte súbita, por causa da necrose do miocárdio. “Um sintoma característico da deficiência grave de selênio em bezerros é a chamada doença do músculo branco, que é uma mionecrose dos músculos das extremidades”, arremata.