A transformação da matéria orgânica descartada no lixo em adubo natural é feita através da compostagem e pode ser usada na agricultura, em jardins e em vasos com plantas, substituindo o uso de produtos químicos
O processo de transformação dos resíduos orgânicos em um composto muito rico em nutrientes é conhecido como compostagem. Este composto, um adubo natural, pode ser usado em hortas, jardins, plantas de vasos e, também, para o enriquecimento de solos degradados.
A publicitária e uma das fundadoras da empresa Ciclo Orgânico, Thamyris Soliva explica que resíduos orgânicos “são os restos de comida, cascas de frutas, verduras, legumes, borra de café, ervas, grãos, ou seja, tudo aquilo que é de origem animal ou vegetal”.
Estima-se que mais de 60% de todo o lixo gerado no Brasil sejam de resíduos orgânicos que são, segundo Soliva, naturalmente decompostos por bactérias e, no caso de utilização do minhocário, a presença das minhocas acelera o processo e melhora o produto final (húmus).
“Entretanto, só devem ser colocados no minhocário restos de alimentos vegetais, uma vez que a proteína animal, por ser um tipo de resíduo orgânico de difícil decomposição, pode gerar larvas e mau cheiro”, orienta.
Benefícios da compostagem
Diversos problemas causados pelo acúmulo de lixo nas ruas e em outros locais são evitados quando os resíduos domésticos são separados e destinados à compostagem.
“Sabe aquele cheiro horrível que exala do caminhão do lixo? É causado pela grande quantidade e variedade de resíduos orgânicos nas sacolinhas de lixo que saem de nossas casas, misturados com todos outros tipos de materiais (vidros, recicláveis, pilhas etc)”, pontua Thamyris Soliva.
A co-fundadora do Ciclo Orgânico enumera algumas vantagens e benefícios ao se fazer a compostagem, dentre eles, a diminuição do mau cheiro nas ruas e lixeiras e também a prevenção da proliferação de animais vetores de doenças como ratos, baratas e moscas.
Outras vantagens, de acordo com Soliva, são o aumento da vida útil dos aterros sanitários (local onde recebe a maioria do lixo da cidade) e a produção de adubo orgânico rico em nutrientes dentro de casa.
“A compostagem, além de evitar a poluição e gerar renda, faz com que a matéria orgânica volte a ser usada de forma útil na natureza”, reforça.
Para Soliva, o uso da técnica de compostagem traz muitas vantagens também para o meio ambiente e para a saúde pública, seja aplicada no ambiente urbano (domésticos ou industriais) ou rural.
“A maior delas é que, no processo de decomposição da compostagem, ocorre somente a formação de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), água (H2O) e biomassa (húmus). E, por ser um processo de fermentação que acontece na presença de oxigênio (aeróbico), permite que não haja a formação de gás metano (CH4) gerado nos aterros por ocasião da decomposição destes resíduos”, enfatiza.
Ela reforça que “mesmo que alguns aterros utilizem o metano como energia, essas emissões contribuem para o desequilíbrio do efeito estufa, influenciando potencialmente nas mudanças climáticas”.
Coleta seletiva
Ela explica que, para que ocorra a compostagem de forma adequada, é necessário que as pessoas realizem a coleta seletiva do lixo, encaminhando o resíduo orgânico para uma empresa de compostagem e os resíduos sólidos para recicladores.
A publicitária ressalta que, hoje em dia, mesmo quem mora em apartamento, já pode realizar a compostagem doméstica ou assinar um plano de coleta e compostagem com o Ciclo Orgânico.
“Desse modo, você contribui para melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos. Se cada um fizer a sua parte, teremos uma sociedade com menos lixo e mais recursos”, sublinha a fundadora do Ciclo Orgânico.
Ciclo Orgânico
A empresa é uma sociedade entre o engenheiro Ambiental Lucas Chiabi e Tamyris Soliva e nasceu em 2015, do sonho e propósito do casal em dar uma solução descomplicada e prática que pudesse mudar o destino final do lixo doméstico orgânico.
“Queríamos mostrar para as pessoas que não veem para onde vão os resíduos que descartam, ou seja, os famosos aterros sanitários ou lixões, que podemos, sim, tratá-los e transformá-los em fonte de vida, o adubo”, enfatiza a publicitária.
Ela explica que os colaboradores interessados em participar no processo do Ciclo Orgânico assinam um dos planos de coleta (semanal, quinzenal ou mensal) e logo recebem um baldinho, com a logomarca da empresa, para separar o lixo.
“Transcorrido o prazo da assinatura escolhida, os baldes são recolhidos nos domicílios participantes, com uso exclusivo de bicicletas”, informa.
Segundo Soliva, o lixo recolhido segue, então, para uma composteira mais próxima da residência, em vez de ser despejado em um “lixão”. “Menos lixo significa menos poluição para o solo, a água e o ar”, salienta.
Dupla recompensa
Além de colaborar para tornar o ambiente em que vive mais sustentável, o assinante ainda recebe, todos os meses, como recompensa, dois quilos de composto orgânico, um pacotinho de sementes de diferentes espécies e também contribui doando mais dois quilos do adubo natural para uma horta comunitária.
“Os colaboradores participam de todo o processo, desde a coleta até o produto final do próprio resíduo orgânico”.
Os fundadores do Ciclo Orgânico esperam duplicar a quantidade de clientes e ciclistas – hoje são quatro ciclistas e mais de 400 baldinhos – além de expandir o atendimento para mais bairros da cidade do Rio de Janeiro.
“Continuaremos inovando e melhorando nossos serviços para que todos tenham a chance e o orgulho de compartilhar dessa iniciativa em prol da sustentabilidade e fechar o ciclo com a gente”.
O sucesso do Ciclo Orgânico proporcionou que o modelo de negócio fosse replicado em outros estados do País. “Já mudamos o destino de mais de 70 toneladas de resíduos orgânicos, evitamos mais de 50 toneladas de CO2 na atmosfera, orgulha-se, Lucas Chiabi.
Adubo orgânico
Depois que os resíduos orgânicos são recolhidos nas casas dos assinantes, o Ciclo Orgânico faz o processo de transformação desse lixo em um composto rico em nutrientes, ou seja, o adubo orgânico.
“O processo é longo e trabalhoso, mas o resultado nos orgulha bastante, pois vemos o potencial e valor deste composto”, afirma o engenheiro ambiental.
“É mesmo gratificante saber que todo aquele lixo, que normalmente as pessoas rejeitam e querem distância – e que iriam parar em um local inadequado, gerando mais poluição – é transformado em um produto que traz vida às plantas”, completa a co-fundadora da empresa, Thamyris Soliva.
Segundo a publicitária, o super composto, produto final da compostagem do Ciclo Orgânico, é bastante nutritivo. “Avaliamos quimicamente e o resultado foi excelente, superando nossas expectativas e avaliações da maioria dos outros compostos encontrados no mercado”, gaba-se.
Para o casal que criou o Ciclo Orgânico, mais importante do que as propriedades químicas do composto, “é saber do bem que ele faz para as plantas e jardins e termos a certeza, através do retorno de nossos assinantes, de como o adubo produzido pela empresa que criamos, faz a diferença nas plantinhas das residências”.