Além de auxiliar na prevenção de fenômenos futuros, a transformação digital promove mais eficiência nos processos dentro e fora da porteira
Nos últimos dois anos, os sistemas ou máquinas que mimetizam a inteligência humana, conhecidos como Inteligência Artificial (IA) ganharam mais espaço no agronegócio, auxiliando empresas a aplicarem estatística avançada para aprender e predizer fenômenos futuros, a partir de dados obtidos.
De acordo com o empreendedor e CEO da MadeinWeb, Vinicius Gallafrio, as ferramentas de dados podem agregar muito valor, criando um repositório único com informações de operação e produção, permitindo uma análise de indicadores completa e ágil.
Ele destaca que, no agronegócio, por exemplo, a IA consegue predizer produção de lavouras, ranquear fatores de influência que ajudam ou não no crescimento de animais, otimizar a logística de distribuição de insumos e produtos acabados, dentre muitas outras coisas.
“Em toda a cadeia produtiva, onde quer que haja a captura ou manipulação de algum dado para uma tomada de decisão, é possível utilizar a tecnologia e a inteligência artificial para promover mais agilidade no processo, aumentar a eficiência e elevar a performance”, afirma Gallafrio.
Cenário
Conforme explica, com o barateamento de tecnologias, causado pela alta procura após a pandemia, o setor, considerado carente, está se abrindo aos benefícios. “As empresas antenadas na nova onda geralmente buscam soluções de digitalização e sensoriamento”, aponta.
Em se tratando de Brasil, por conta das dimensões, ele afirma que a atividade agropecuária é amplamente diversificada e pulverizada e que o grupo de produtores é heterogêneo em relação ao desenvolvimento tecnológico.
“Temos desde produtores com uma operação familiar e pautada em anotações em papel, a megaprodutores com granjas e plantações controladas por sensores e drones. Os grandes desafios estão pautados em uma mudança de cultura, um acesso a baixo custo às novas tecnologias, com um programa de capacitação. Sobre esse último ponto, ainda há regiões do país com pouca conexão à internet”, observa.
Nesse sentido, o CEO destaca que as soluções mais buscadas são as que automatizam tarefas manuais de preenchimento de dados, ou seja, a digitalização, além de sensoriamento e acompanhamento de crescimento de lavouras e animais em granjas, tudo isso conectado à uma central com ferramental de IA embarcado.
Tendências
Segundo dados do Radar Agtech Brasil 2020/2021, o país possui 1.574 agtechs – startups focadas no agronegócio. Durante a pandemia, e com a maior necessidade de digitalização, o setor apresentou um crescimento de 40% em comparação com os anos anteriores. “Isso mostra o quanto o setor está aberto a essas mudanças e disposto a incorporar novas soluções nas empresas”, analisa Gallafrio.
A transformação digital no agronegócio promove mais eficiência no processo, já que, além de um ganho de performance, possibilita ganho em qualidade de vida ao produtor, pois, trabalhando de forma digital e com ferramentas que permitem uma produção em máxima performance, é possível criar formas mais sustentáveis de trabalho com ótimas adequações ao ESG.
“É difícil prever onde estaremos daqui uma década. A tecnologia se reinventa todos os anos, porém, o que podemos afirmar é que a forma de trabalho mudará muito. Com isso, teremos cada vez menos tarefas manuais e repetitivas e mais IA trazendo benefícios aos produtores”, conclui.