O uso de imagens, inteligência artificial, ferramentas de automação e monitoramento continuarão no radar do setor
O uso de tecnologias no campo é uma necessidade, especialmente diante da expectativa de mais uma previsão de safra recorde de grãos, estimada em 288,1 milhões de toneladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e um aumento de 10,9% no Produto Interno Bruto (PIB), projetado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Porém, na contramão do cenário otimista, a falta de conectividade continuará sendo um desafio no meio rural, afinal, o produtor precisa dela para aproveitar o potencial das soluções tecnológicas, que vão desde piloto automático, monitoramento de colheita e uso de drones, ferramentas de planejamento e análise de resultados.
O aumento da produtividade, sem deixar de lado a sustentabilidade, exige diversas soluções inovadoras, cujos avanços levam tempo. Segundo Alexandre Alencar, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da divisão de Agricultura Hexagon, as operações complexas e diferentes umas das outras, fazem com que os passos da tecnologia sejam mais lentos.
“Vale lembrar que a agricultura envolve pré-plantio, plantio, adubação, pulverização e colheita, ou seja, cinco tipos de autonomia para uma safra completa autônoma”, diz Alencar. “A complexidade disso não vai acontecer da noite para o dia.”
Uso de imagens
Antigamente, os problemas na lavoura, como doenças e pragas, por exemplo, eram detectados somente por meio de monitoramento visual: era preciso percorrer pessoalmente a área plantada, o que tornava o processo lento e menos eficiente. Hoje, tecnologias de detecção por imagem, como voos por drone, com infraestrutura que identifica de forma automática as falhas na lavoura, são capazes de percorrer grandes áreas em um tempo muito menor.
Segundo Alexandre, o uso de imagens permite um processamento mais complexo e avançado de dados, como consequência, um melhor planejamento para a execução das operações. “Atividades que antes eram feitas de maneira manual hoje estão sendo aceleradas pelo uso de imagens. E por trás disso temos a atuação de machine learning e inteligência artificial, que treinam algoritmos que permitem um monitoramento mais preciso das áreas”, explica.
Automação plena
A automação completa, em 100% das atividades no campo, ainda está longe de ser uma realidade, mas muitas ferramentas já permitem facilitar o dia a dia do produtor. “Um dos grandes sonhos dos produtores é ter a máquina totalmente independente da ação humana, executando as operações. Isso não significa acabar com o emprego, mas aumentar a produção agrícola e deixar para as máquinas o trabalho físico enquanto o homem fica com o esforço intelectual”, explica o executivo.
Apesar de essa realidade ainda estar distante, a agricultura já conta com vários elementos de semi-automação, e a tendência, para 2023, é que os investimentos aumentem ainda mais. “Na divisão de Agricultura da Hexagon, por exemplo, o piloto automático foi desenvolvido para ajudar na navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garantindo o alinhamento e minimizando a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais”, relata.
Monitoramento remoto
De acordo com Alencar, outra área que deve receber atenção é o monitoramento remoto. “Antigamente você mandava um exército de pessoas para o campo, para executar a atividade e controlar se estava tudo correto. Coordenadores de campo, gerentes e líderes de frente tinham a missão de verificar se a operação estava sendo feita de maneira correta. Hoje a atividade, até pela expansão da agricultura corporativa, é gerenciada de forma remota”, observa.
Por meio de salas de controle, no caso de grandes operações, ou pelo uso de dispositivos móveis, como tablets ou celulares, no caso de pequenos produtores, é possível coordenar as operações de forma mais eficiente.
“Hoje, a sala de controle da agricultura é quase como uma torre de operações de um aeroporto. Dela, é possível ver as colhedoras e tratores trabalhando em áreas específicas, e ao mesmo tempo, acompanhar as movimentações de caminhões no transporte da matéria-prima para a indústria”, arremata.