Práticas que relacionadas ao conforto, à boa alimentação e à segurança do animal contribuem para melhorar os resultados da fazenda
A busca pelo aumento da eficiência produtiva do rebanho tem levado o pecuarista aderir às práticas de reprodução assistida do gado, como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), biotecnologia consagrada na reprodução animal.
Segundo Marcos Malacco, médico-veterinário gerente de serviços veterinários para bovinos da Ceva Saúde Animal, o bem-estar animal deve estar na pauta central dos protocolos de reprodução na pecuária. “Ações relacionadas a esse tema, assim como à sanidade animal, devem aumentar cada vez mais nos próximos anos”, prevê.
Conforme explica, na pecuária de corte, a previsibilidade reprodutiva é um pilar importante, trazendo, através da estação de monta, a otimização de manejo de nascimento e programando a melhor época para o nascimento de bezerros mais saudáveis que serão os bois mais pesados no futuro.
“Já para o gado de leite, a prática contribui para a redução do período vazio das fêmeas, melhorando a produção de leite média do rebanho e, por consequência, contribuindo para a melhor diluição dos custos fixos das fazendas além de acelerar o ganho genético pelo melhor desfrute das bezerras que ficarão no plantel”, destaca.
Estação de monta
Malacco lembra que a estação de monta se caracteriza pela intensificação do manejo de fecundação das fêmeas, e que permite pensar de forma estratégica todos os outros períodos importantes da fazenda relacionados ao manejo nutricional e sanitário do rebanho, além de ter um controle maior dos nascimentos.
No Brasil, a entrada das chuvas é o período mais utilizado pelos produtores, por conta da maior disponibilidade de forragens de boa qualidade para o gado pois as vacas apenas ciclam quando estão bem nutridas. “Isso também vale para a recuperação pós-parto. Vacas com boa condição corporal tendem a retornar ao ciclo estral normal cerca de 40 dias após a parição, o que possibilita que os intervalos entre partos sejam menores, com a fêmea sendo capaz de produzir 1 bezerro por ano”, afirma.
De acordo com o especialista, com a parição programada para os meses entre agosto e outubro os animais passam por menos desafios ambientais, quando a incidência de parasitos é menor e o clima não é mais tão propício para doenças como a pneumonia. “Da mesma forma, a desmama dos bezerros entre março e abril (7 – 8 meses de idade) elimina o estresse das vacas em estar amamentando durante a época seca”, diz.
Protocolos
O especialista lembra que o rebanho brasileiro de corte tem por base genética o zebu (bos indicus) e performa melhor com um suporte gonadotrófico no final do ciclo de sincronização. “Para isso, temos hoje no mercado duas bases de gonadotrofina, a já consagrada eCG (Gonadotrofina Coriônica Equina). O eCG, muito utilizada nos protocolos reprodutivos dos bovinos, é obtido a partir do plasma de éguas entre 60 e 90 dias de prenhez, prática que gera importantes discussões entre os profissionais de reprodução animal”, comenta.
Ele conta que a Ceva Saúde Animal começou, nos últimos anos, a desenvolver protocolos para a substituição desse hormônio através do uso de hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana), que vêm sendo testado nas fazendas brasileiras, conseguindo manter índices de taxa de concepção semelhantes aos obtidos com a outra gonadotrofina.
“As fazendas que adotaram o hCG em substituição do eCG em seu protocolo também relatam redução de 4% das superovulações e gestações gemelares, além de ótima taxa de fertilização dos oócitos, com alta qualidade embrionária e bons resultados de prenhez a campo”, relata.