Objetivo da iniciativa é realizar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação para estabelecer os clones de cacau mais adequados para o noroeste do Estado
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo assinaram acordo de cooperação técnica para pesquisa, desenvolvimento e inovação, com o objetivo de incentivar a cacauicultura no noroeste do Estado. A iniciativa prevê a avaliação de clones de cacau para os locais de potencial desse cultivo, além do consórcio com outras culturas, manejo fitossanitário, tecnologia de processamento e qualificação de técnicos e produtores.
Para o desenvolvimento do projeto, será implantada uma rede de experimentação e de vitrines tecnológicas nas unidades de pesquisa de Pariquera-Açu, Colina, Pindorama e Votuporanga. A pesquisa também envolverá produtores dos municípios de Adolfo, Álvares Florence, José Bonifácio, Mirandópolis, Monte Aprazível, Nova Granada, Novais, Palmares Paulista e Tanabi, que representam a regional de São José do Rio Preto.
A rede permitirá obter informações e conhecimento para orientar os produtores e qualificar os técnicos com sistemas de produção e também de processamento pós-colheita adequados para a região do Vale do Ribeira e do noroeste do Estado, seja para plantio de cacau solteiro em áreas hoje ocupadas por pastagens degradadas, cana-de-açúcar e laranja, ou em sistemas consorciados com seringueira, banana ou pupunha.
Segundo o diretor da Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira (Ceplac), Waldeck Araújo, esse acordo é importante para o reposicionamento do Brasil entre os três maiores produtores de cacau no mundo. “Essa nova região vai contribuir para melhorar a renda do produtor, para a resiliência da cacauicultura quanto às mudanças climáticas, zonas de escape para doenças, assim como a qualidade por meio de ações de pesquisa e inovação agregando novos sabores e aromas ao chocolate brasileiro”, afirma.
Os agricultores paulistas, especialmente do noroeste, têm buscado alternativas para sistemas consorciados com a seringueira, considerando a redução de ganhos com esta cultura. Em 2014, a região começou o cultivo de cacau com irrigação, em caráter experimental. Como a cultura se mostrou viável e vem despertando o interesse de outros produtores, as coordenadorias de extensão rural e de pesquisa da Secretaria de Agricultura buscaram orientá-los, evidenciando a necessidade de se estabelecer um programa de estudos.
Segundo o secretário da Agricultura de São Paulo, Francisco Matturro, um dos caminhos para o agro paulista produzir mais e melhor é por meio dos sistemas integrados de produção. “Nossos pesquisadores e extensionistas têm se dedicado a estudos e trabalhos de campo em parceria com os produtores rurais, na produção de cacau (cultura não tradicional em solo paulista) em consórcio com seringueira, banana e pupunha”, comenta. “Para isso, é fundamental o apoio de quem tem o maior acervo tecnológico da cultura no mundo, a Ceplac, para a implantação do Programa Cacau SP e sua efetivação como uma política de Estado, por meio da Secretaria de Agricultura”, completa.
Maior produtor de borracha do Brasil, São Paulo responde por 55% da produção de látex, com uma área de seringueira de 132 mil hectares, concentrada principalmente na região noroeste. Por ser uma cultura cujo produto tem preço definido pelo mercado internacional, com altas e baixas, é importante ter outras opções de exploração econômica nas áreas plantadas.
Segundo o Plano de Trabalho, o cultivo de cacau em consórcio com a seringueira é visto pelos produtores como opção segura, considerando os preços e a demanda por produtos de qualidade no mercado nacional e internacional. Há também grande potencial de exploração em sistema de consórcio com banana e palmeira pupunha no Vale do Ribeira, região similar ao sul da Bahia.
O acordo
Secretaria de Agricultura, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), terá um grupo de técnicos para as atividades de plantio e avaliação dos campos experimentais a serem instalados em áreas de produtores e unidades da APTA.
Já a Ceplac, selecionará, em seu Banco de Germoplasma, os clones mais viáveis para as condições das regiões selecionadas, além de fornecer as mudas para a rede de experimentação. Os clones que se mostrarem mais adaptados serão multiplicados para formar matrizeiros nas unidades da APTA para fornecimento de material de multiplicação para viveiros de mudas, da CatiI e de viveiristas privados.