O descarte incorreto do resíduo pode contaminar as tubulações de esgoto e o ecossistema (Foto Freepik)
Os brasileiros utilizam o óleo de cozinha para fritar diversos alimentos, tanto em casa, como em estabelecimentos comerciais. Após a utilização, muitas pessoas não sabem como descartá-lo e acabam jogando o produto nos ralos das pias, vasos sanitários, ou colocam em sacolas plásticas e recipientes fechados e os depositam no lixo. Porém, todas essas formas de jogá-lo fora estão erradas e prejudicam o meio ambiente.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o consumo de óleos vegetais no Brasil se situa em torno de três bilhões de litros ao ano, e a estimativa é que, de cada quatro litros consumidos, um seja descartado de forma incorreta, o que representa mais de 700 milhões de litros ao ano lançados no meio ambiente sem o devido cuidado e controle.
O dado ainda é mais alarmante quando se sabe que apenas um litro de óleo de cozinha usado é capaz de contaminar cerca de 25 mil litros de água.
As redes coletoras de esgoto são feitas para conduzir apenas dejetos líquidos. Apesar de o óleo ter a consistência líquida, uma vez que ele se mistura com a água, se solidifica e faz com que a tubulação fique obstruída, levando ao mau funcionamento das estações de tratamento.
Isso significa que boa parte desse resíduo chega aos mananciais e fica na superfície dos rios e lagos, impedindo a entrada de luz e oxigênio, causando a morte de várias espécies aquáticas.
Algumas pessoas realizam o descarte do óleo colocando-o dentro de sacos de lixo. Isso também não é correto porque, à medida que entra em contato com o solo, o óleo impermeabiliza o terreno, impedindo que a água se infiltre. Isso piora em situações de enchentes, além de que o resíduo carregado pela chuva se acumula às margens dos rios.
Qual o método ideal para descarte?
Um dos únicos caminhos para conter esse tipo de poluição é estimular o hábito da reciclagem do óleo de cozinha usado. O descarte correto do óleo de cozinha é feito através da garrafa pet.
Mas atenção, ela deve ser entregue nos pontos de coleta da sua cidade. Em algumas capitais brasileiras, as prefeituras estão preparadas para recolhê-las, em outras, é a própria população através de organizações não governamentais.
Quando levado aos pontos de coleta e tratado da maneira correta, esse resíduo se transforma em matéria-prima para a produção de sabões, tintas, massa de vidraceiro, farinha básica para animais, além de ser usado na queima de caldeiras e pode até ser transformado em biodiesel. E o mais importante, faz com que o óleo de cozinha sequer chegue à rede pública de esgoto e aos rios e mares.
No Brasil, a Lei nº 12.305/10 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado de resíduos sólidos, inclusive do óleo de fritura.
A lei institui, ainda, a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos para a logística reversa (reciclagem). Responsabilidade que é compartilhada para fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos.
1 bilhão de litros de água preservados
O projeto Óleo do Bem, em menos de um ano de atividade, alcançou o registro de 1.022.300.000 litros de água preservados em São José do Rio Preto, no interior do estado de São Paulo. Essa marca foi atingida em junho deste ano, quando o projeto completou a arrecadação de aproximadamente 41 mil litros de óleo de cozinha usados.
A marca de 1 bilhão de litros de água é uma estimativa calculada a partir da informação de que 1 litro de óleo de cozinha usado é capaz de contaminar cerca de 25 mil litros de água. Esse registro, apesar de ser uma estimativa, mostra o quanto a reciclagem é essencial para a preservação do meio ambiente.
“É uma marca incrível! Mais do que um número, ela representa o quanto podemos avançar na questão da proteção ambiental e demonstra que ações de conscientização são realmente capazes de mudar os hábitos das famílias”, conta Luiz Queiroz, diretor regional da TV Tem, uma das empresas que coordenam o projeto Óleo do Bem.
Para o Óleo do Bem atingir o primeiro bilhão, o projeto contou com a ajuda de 24 mil alunos da rede municipal de ensino, durante a realização da Gincana Óleo do Bem. Apenas nos três meses dessa atividade, foram arrecadados 23.604 litros de óleo de cozinha usado, o equivalente à 590.100.000 de litros de água preservados (236 piscinas olímpicas).
O trabalho com as crianças é uma da base do Óleo do Bem. Segundo o projeto, as crianças impulsionam a mudança de comportamento de toda a família. Eles se tornam agentes influenciadores e “fiscalizadores” do descarte correto do óleo de cozinha usado em suas casas.