Essa estratégia nutricional ajuda a melhorar o desempenho dos animais, preparando-os para as fases posteriores
Sistemas intensivos ou em intensificação a pasto utilizam tecnologias e práticas de manejo visando à de redução do ciclo produtivo. Essas estratégias nutricionais em fases específicas buscam melhorar o desempenho do animal, por meio do aumento no peso, mudanças na composição corporal e preparo para as fases posteriores. Uma técnica utilizada nessa época do ano em sistemas de cria é a suplementação dos bezerros lactentes em creep-feeding.
A produção de leite das vacas em lactação diminui após dois meses do parto e, após três meses de idade, os bezerros não conseguem ter todos os nutrientes necessários para atender suas exigências apenas pelo leite materno e pasto. “Assim, usar nutrientes extras é viável considerando animais manejados para ciclos produtivos curtos”, afirma a professora Cláudia Sampaio, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa.
O creep-feeding permite, em média, ganhos adicionais de até uma arroba para machos e 20 a 25 quilos para fêmeas. Foto: Divulgação
Nesse sistema, a dieta é composta por leite, pasto e o suplemento proteico-energético, o que possibilita o aumento do peso à desmama através de aumento no ganho de peso médio diário, modificação na curva de crescimento e preparação de animais para sistemas de produção superprecoces a pasto ou em confinamento, antecipando a idade ao abate.
Cláudia afirma que creep-feeding tem a vantagem de aumentar o peso ao desmame com possibilidade de reduzir a fase de recria de fêmeas que vão entrar para reposição. “O foco é a puberdade precoce e a entrada na primeira estação de monta atingindo a meta de peso vivo médio de 300 quilos aos 13-14 meses de idade”, esclarece. “Considerando a fase de cria, a conversão alimentar é considerada ótima, ou seja, o animal jovem aproveita os nutrientes para deposição de tecidos de forma rápida e mais econômica.”
Ganhos
Em média, o creep-feeding permite ganhos adicionais de até uma arroba para machos e 20 a 25 quilos para fêmeas – o que significa peso acima de 7 arrobas ao desmame –, e cerca de 35% a 40% do peso ideal de abate (se este for o destino dos animais) e aproximadamente 70% do peso indicado para a entrada em reprodução.
“Esse resultado é interessante, mas vale ressaltar que varia,considerando a qualidade das forrageiras disponíveis, a produção de leite das mães e o preço do suplemento em relação ao ganho adicional no desmame”, observa a professora.
Segundo ela, alguns pontos precisam ser considerados antes de aderir à suplementação da cria em creep-feeding. Segundo ela, o primeiro é que o investimento pode se perder, caso os animais não recebam nutrientes necessários para ganhos contínuos na recria e terminação. “Ou seja, só é viável em sistemas que focam no ganho contínuo”, afirma.
Nesse sistema, a dieta é composta por leite, pasto e o suplemento proteico-energético, o que possibilita o aumento do peso à desmama. Foto: SNA
Conforme explica, o segundo ponto é a crença que a suplementação da cria resulta em efeitos no desempenho materno, pela inserção de mais um alimento. “Assim, diminuiria a exigência materna quanto à lactação, o que não acontece de forma direta”, argumenta.
“Quanto ao terceiro ponto, é que a resposta ao uso do creep-feeding também depende da genética e da capacidade de conversão de nutrientes em tecido, podendo, assim, visualizar a expressão do potencial genético em animais melhorados. “Isso vai resultar em animais de ótima qualidade para a venda”, ressalta.
O suplemento
O creep-feeding deve ser utilizado em estrutura destinada para os bezerros se alimentarem de forma exclusiva, sem o acesso das mães. “O suplemento deve ser formulado considerando alimentos de qualidade, que sejam palatáveis e atrativos, e que tenham valores de proteína bruta que variem de 20-25% da matéria-seca”, ensina.
Cláudia acrescenta que esse suplemento pode resultar em ganho adicional de 200 gramas a 300 gramas, em relação ao animal não suplementado, dependendo da qualidade da forragem, o que gera ganho adicional ao desmame.
“O consumo de suplemento deve ser acompanhado desde a fase de adaptação até que se estabilize, de acordo com a meta estipulada em relação ao peso vivo dos animais”, orienta e acrescenta que o seu uso também é viável em sistemas que utilizam a desmama precoce.
Nesse sistema, a dieta é composta por leite, pasto e o suplemento proteico-energético, o que possibilita o aumento do peso à desmama. Foto: Divulgação CPT
Por fim ele lembra que, como em qualquer programa de suplementação a pasto, o controle do fornecimento deve ser feito de forma constante para obtenção de bons resultados, principalmente quando há animais com potencial para ganho nesta fase de crescimento eficiente e acelerado.
“Considerando os pontos acima, o uso do creep-feeding é viável, pois pode otimizar as operações das propriedades de cria, mantendo preços elevados e constantes para venda de bezerros (as), colocando no mercado de reposição para recria e terminação animais de extrema qualidade”, analisa a professora.
