Especialista criou cinco passos básicos para o uso de nutrientes de forma racional e eficiente
A fertilidade de solos, a nutrição de plantas e o uso racional de fertilizantes são pilares para a sustentabilidade da produção agrícola. Ao mesmo tempo que os avanços na ciência e tecnologia têm criado ferramentas inovadoras para diagnóstico e recomendação, o nível de complexidade para a tomada de decisão tem aumentado na mesma proporção, por conta da grande quantidade de dados e informações.
Nesse sentido, Flávio Bonini, gerente de Serviços Técnicos da Mosaic Fertilizante, cita um exemplo que ocorreu com ele durante um bate-papo sobre adubação com uma equipe técnica que presta consultoria para produtores rurais. “Ao fim da apresentação, um aviso saltou no ‘chat’ com a seguinte pergunta: ‘Por onde devo começar e quais informações são necessárias para ofertar o melhor pacote de adubação para meu cliente’?”, lembra Bonini.
“Entendendo a complexidade da pergunta, me questionei sobre quais seriam as etapas básicas para recomendação de adubações eficientes. Após alguns dias, cheguei a cinco passos básicos que, se seguidos, ajudarão muito na definição de critérios e de fontes de informações para a tomada de decisão”, relata.
A seguir, o executivo, cita os cinco passos básicos para adubações mais eficientes:
Passo 1
A adubação é uma parte do processo produtivo e depende de vários outros fatores, como equipamentos, capacidade operacional, mão de obra e até mesmo a forma do produtor rural conduzir sua atividade. Tão importante quanto definir o que fazer é entender se tudo o que foi planejado conseguirá ser executado ao fim do processo. Entenda como a propriedade funciona e avalie se há pontos de atenção ou de limitação que poderão interferir negativamente no processo de adubação.
Passo 2
Faça o diagnóstico, com o maior nível de detalhe possível sobre o que está sendo feito na área em relação ao manejo de solo e problemas ou limitações já conhecidas. Entender se há problemas relacionados à física do solo como erosão ou compactação ou mesmo se existem desbalanços nas suas funções biológicas, pois são informações fundamentais para prever o desempenho dos fertilizantes. Mas não descuide de amostragem do solo: não há como fazer uma boa recomendação a partir de uma amostragem e análise de solo ruins.
Passo 3
Defina o critério de interpretação e recomendação. A pesquisa oficial brasileira fez um trabalho nas últimas décadas gerando critérios para interpretação de teores de nutrientes no solo e tabelas para recomendação de adubação para diversas culturas e regiões. Entretanto, como todo método científico, possui limitações, visto serem preparadas para representar, em alguns casos, todos os solos de um estado ou mesmo regiões inteiras.
Assim, com a ajuda das tabelas, é importante definir as classes nas quais os teores de nutrientes se enquadram (muito baixo, baixo, médio, alto, muito alto), encontrar a dose recomendada para essa situação, além de fazer o ajuste fino considerando variáveis importantes como a expectativa de produtividade, histórico da área, previsão climática para a safra e, sem dúvida, a experiência do produtor. Há também ferramentas eletrônicas e aplicativos que ajudam na interpretação e definição das doses por meio de algoritmos muito precisos.
Passo 4
Com as doses de nutrientes definidas, é preciso encontrar fertilizantes que se encaixem às necessidades do solo e cultura. Atualmente há várias opções de produtos e formulações que atendem quase todas as possíveis combinações de nutrientes. É importante selecionar os fertilizantes de acordo com a recomendação e, se necessário, ajustar doses e manejo para que se encaixem muito próximo ao que foi planejado.
Deve-se, ainda, buscar fornecedores confiáveis, que ofereçam opções que atendam a sua necessidade e que tenham em seu portfólio produtos eficientes, comprovados e que facilitem o operacional da propriedade.
Passo 5
Todo o planejamento da adubação considera produtos que contêm nutrientes que serão aplicados com objetivo final de corrigirem o solo e serem absorvidos por cada planta. Independentemente da opção, se é trabalhar com dose fixa de fertilizantes, zonas de manejo ou mesmo fazer aplicações em doses variáveis, é necessário verificar se o que foi planejado está sendo executado pelos equipamentos.
Não é raro encontrar casos em que a eficiência da adubação foi prejudicada por uma falha na regulagem das máquinas ou por má qualidade dos produtos. Para não errar, a recomendação é praticar sempre os 4 C´s (nutriente correto, dose correta, local correto, momento correto).
“Esses cinco passos têm como objetivo criar uma cronologia das atividades que devem ser consideradas para a definição de adubações racionais e eficientes. Admito que cada um deles poderá tomar horas e horas de trabalho e reflexão e que, em algum momento, você não terá todas as respostas e informações necessárias”, observa Bonini. “De qualquer forma, como tudo o que fazemos em nossas vidas, quanto mais praticamos, mais aprendemos e nos preparamos para uma tarefa.”