A distância correta entre árvores plantadas ajuda melhor a qualidade da madeira e reduzir o custo
O espaçamento entre as árvores é uma fase importante na instalação de um plantio e influencia no crescimento e na utilização das espécies. Resultados de estudos realizados pela Embrapa Amazônia Ocidental (AM), em plantios de castanheiras (Bertholletia excelsa) há 20 anos, concluíram que a distância de 4m x 4m, e de 5m x 5m são as mais adequadas para o cultivo dessa espécie florestal para a produção de madeira.
Além da produção de frutos, que são muito comercializados no Brasil e no exterior, por suas propriedades nutricionais, a castanheira pode ser usada para produção de madeira, para restaurar Áreas de Preservação Permanentes (APP), Áreas de Reserva Legal (RL) e contribuir com o sequestro de carbono.
O uso da castanheira para produção de madeira deve ser oriunda de áreas plantadas, pois o corte dessa espécie florestal da natureza é proibido pelo Decreto Lei número 1.282 de19/10/1994. Embora esse decreto faça referência ao não uso da madeira de castanheira de florestas nativas, a lei não impede a exploração da madeira procedente de reflorestamento (monocultivo ou plantios mistos) devidamente registrados na “declaração de plantio” no órgão ambiental competente.

O uso da castanheira para madeira deve ser oriunda de áreas plantadas. Foto: Renata Silva/Embrapa
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Roberval Lima, o número de árvores plantadas por hectare é uma das principais decisões silviculturais no estabelecimento das plantações. “É um fator que afeta o custo, porque pequenos espaçamentos requerem alto número de mudas, mas por outro lado, estreitos espaçamentos podem induzir à desrama natural, melhorando a qualidade da madeira”, explica.
Lima afirma que, no caso da castanha-do-brasil, espaçamentos iniciais muito amplos favorecem a formação de copas grandes, sendo mais indicados para a produção de frutos. Já espaçamentos menores, são mais recomendados para a produção madeira, pois favorecem a desrama natural e a formação de copas mais estreitas.
A pesquisa
O trabalho foi conduzido na Fazenda Aruanã, em Itacoatiara, no Amazonas, em uma área alterada, usada anteriormente para pastagem, iniciada em janeiro de 1995, a utilização de mudas provenientes do próprio viveiro da propriedade, não tendo sido realizada nenhuma adubação ao longo dos 15 anos de idade do povoamento. Foram avaliadas 566 árvores.

O manejo florestal sustentável, para madeira e produtos não madeireiros, resulta em mínimo de dano à floresta – Foto: Roberval Lima/Embrapa
Os tratamentos foram compostos nos seguintes espaçamentos: 3 m x 4 m; 5 m x 5 m; 5 m x 6 m; e 6 m x 6 m. Foi avaliada e mensurada a altura total e do DAP (diâmetro tomado a 1,30 m do solo) e coletados os dados de sobrevivência.
Os principais resultados da pesquisa demonstraram que a castanheira cultivada ao longo de 20 anos em espaçamentos de 3 x 4 a 6 x 6 m obteve alta sobrevivência da espécie, independente do espaçamento,demonstrando que crescimento das árvores aumentou com o regime de espaçamento.
A espécie

As sementes da castanheira consumidas em todo o mundo todo. Foto: Siglia Sousa/Embrapa
A castanheira é nativa da Amazônia, incluindo os estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Além do Brasil, a espécie ocorre na Guiana, Peru, Bolívia, Suriname, Equador e sul da Venezuela.
A espécie também pode ser utilizada reflorestamento, com rotações estimadas entre 30 a 40 anos e perspectivas de produção de madeira superiores a 150 metros cúbicos por hectare, o que justifica por sua rusticidade, crescimento relativamente rápido e características adequadas da madeira. Em relação a essas características silviculturais, apresenta boa eficiência em plantios puros, mistos e sistemas agroflorestais, adaptando-se bem aos solos do bioma Amazônia.
As castanheiras em plantios levam cerca de dez anos para iniciar o florescimento e a produção de frutos se estabiliza por volta dos 12 anos. Entretanto, em observações realizadas nos plantios de castanheira na Agropecuária Aruanã, no Estado do Amazonas, a produção se normalizou aos 15 anos.