De janeiro de 2020 a março de 2022, os preços nominais dos principais fertilizantes subiram 288%.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, dia 24 de maio, para discutir os impactos econômicos da dependência brasileira da importação de fertilizantes e as possíveis soluções.
O debate foi sugerido pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), diante do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que afetou a importação de fertilizantes. A Rússia é o principal fornecedor desses insumos para o Brasil. Segundo o Ministério da Economia, em março de 2022, o país importou cerca de 700 mil toneladas de fertilizantes do mercado russo.
Durante a audiência, a coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Natália Fernandes, explicou como as mudanças impostas pela pandemia, agravadas pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, impactaram os preços dos fertilizantes que têm registrado aumento acima das principais commodities agrícolas.
Entre janeiro de 2020 e março de 2022, os preços nominais dos principais fertilizantes subiram 288%. No mesmo período, os preços da soja, da milho e trigo do aumentaram 110%. “O custo dos fertilizantes aumentou muito mais do que o preço pago pelas commodities. Isso significa que as margens do produtor estão se retraindo. Portanto, estratégias de gestão e controle de custos de produção passam a ser cada vez mais indispensáveis”, disse Natália.
Ela apresentou alguns dados do Projeto Campo Futuro que revelam os impactos da alta expressiva dos fertilizantes nos custos de produção. No município de Rio Verde (GO), por exemplo, os custos do milho segunda safra tiveram, em abril deste ano, uma elevação de 49%, em relação ao mesmo período do ano passado. “Essas altas têm afetado as margens do produtor, gerando desafios com relação às estratégias de aquisição de insumos para as próximas safras”, afirmou.
Desafios
De acordo com Natália, os desafios para a ampliação da produção brasileira de fertilizantes são o mapeamento geológico em todo o território nacional, a necessidade de prospecção de reservas minerais de potássio e rocha fosfática e a melhor organização do mercado de gás natural, além de elevados investimentos.
“O mapeamento geológico atinge apenas 26% do território nacional. Isso precisa ser ampliado para que seja identificado onde há potencial de extração. Independentemente do desafio, o nosso principal objetivo é criar um ambiente de negócios para a indústria nacional se desenvolver com competitividade”, argumentou.
Também participaram do debate representantes dos ministérios da Agricultura (Mapa), da Economia (ME), das Relações Exteriores (MRE), da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), e da Petrobras, além de entidades do setor de óleo e gás natural, biocombustíveis, açúcar e álcool e adubos.