O uso de Tecnologia de Informação na produção agropecuária vem crescendo muito nos últimos anos. Primeiro foi o computador, depois o GPS, o celular, até sistemas mais complexos que permitem utilizar previsões de tempo e clima para prever risco de doenças em plantas. Esta é a plataforma do SISALERT, projeto que reúne diferentes áreas de pesquisa para evitar prejuízos por doenças em 13 culturas nas diferentes regiões do país.
Segundo o coordenador do projeto, José Maurício Fernandes, o SISALERT (Sistema de Previsão de Risco de Epidemias de Doenças de Plantas) é uma plataforma que coleta dados meteorológicos, processa as informações para simulação de riscos de epidemias e distribui o alerta aos usuários. “As doenças de plantas são dependentes do clima. O sistema permite acompanhar as condições do tempo para prever os momentos de maior risco e orientar a aplicação racional de produtos químicos”, explica o pesquisador. Através do sistema, informações como temperatura, umidade e duração do período de molhamento foliar são coletadas por estações meteorológicas da rede do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e processadas em modelos computacionais que alertam para as situações de risco. “Combinando fatores ambientais e econômicos, o sistema serve de auxílio ao produtor na tomada de decisão, orientando quanto a medidas preventivas ou mitigadoras no ataque de doenças”, diz Fernandes.
A maçã foi a primeira experiência de uso do SISALERT. Implementado há seis anos, o sistema é utilizado para previsão de cinco doenças, trazendo bons resultados na “sarna da macieira”, principal fator de desvalorização das frutas: “Com o alerta foram realizados seis tratamentos e nos pomares sem acompanhamento chegou-se a 14 aplicações, em um dos experimentos conduzidos. Prova que o sistema permitiu o controle com um menor número de pulverizações, reduzindo gastos e danos ao meio ambiente”, conta a pesquisadora do Centro de Pesquisa Pró-Terra, Rosa Sanhueza.
No controle de doenças no trigo e na cevada, o SISALERT está em uso há dois anos. A giberela, um dos maiores problemas dos cereais no Sul do Brasil, é causada por um fungo que além de causar danos diretos na formação dos grãos ainda pode deixar contaminantes conhecidos como micotoxinas, substâncias tóxicas aos homens e animais. O fungo, presente nos restos culturais, se instala na planta de trigo na fase da floração. O sistema disponibiliza ao usuário – técnicos e produtores que podem acessar de forma gratuita o site do SISALERT – o momento de maior risco para entrada da doença. O único dado que o usuário precisa informar ao sistema é a data do espigamento, ou seja, o dia em que surgiram as primeiras espigas na lavoura. Rapidamente o SISALERT informa a condição de risco para a giberela em baixo, moderado ou alto. “Como não existe aplicação curativa, precisar o momento de aplicação preventiva é determinante para a produtividade dos cereais de inverno”, lembra José Maurício Fernandes. Com o sistema já consolidado para a giberela, o próximo desafio é gerar indicadores para controlar a brusone, doença que compromete o avanço do trigo irrigado no Brasil Central.
Os resultados obtidos com o trigo e a maçã permitiram expandir o SISALERT para outras culturas, atendendo também citros, morango, pêssego, uva, tomate, batata, café e arroz. A ferramenta também está em estudo para auxiliar na tomada de decisão para o combate a ferrugem asiática da soja: “Plataformas tecnológicas para a previsão da ferrugem asiática da soja têm sido desenvolvidas nos Estados Unidos. A base é um complexo sistema de multi-camadas que geram mapas de ocorrência e de risco da doença, avaliando a dispersão e prevendo a chegada do fungo em determinadas regiões. No Brasil, o trabalho começa agora, combinando modelos de simulação com o Consórcio Anti-Ferrugem, coordenado pela Embrapa Soja, que monitora a evolução da doença em todo o país”, conclui Fernandes.
Para receber as informações sobre alertas de doenças geradas pelo SISALERT, o usuário deve se cadastrar no site http://sisalert.com.br. As informações são disponibilizadas também por mensagem de correio eletrônico e celular.