Opção beneficia a terra, a agricultura variada e a economia
A cana-de-açúcar, como se sabe, é uma das principais culturas agrícolas do Brasil, sendo utilizada principalmente para a produção de açúcares e biocombustíveis. Entretanto, apesar de sua importância para a economia do país, o uso de grandes extensões de terra para o seu plantio prejudica o solo, a agricultura variada e a renda dos pequenos produtores. Uma solução eficaz para amenizar o problema, apontada por agrônomos e engenheiros, é a rotação da produção da cana com a de amendoim.
A rotatividade com outras culturas é uma opção simples que beneficia a terra, o produtor e a economia. Por ser a bola da vez, a plantação de cana-de-açúcar tem ocupado áreas cada vez maiores, suprimindo a produtividade do solo. Uma das saídas para amenizar esse problema está no rodízio do cultivo da gramínea com o de amendoim, a cada cinco anos, em época de renovação da safra.
“A plantação de amendoim durante a entressafra da cana é uma escolha viável. O amendoim, que é uma leguminosa, permite a recuperação do solo por meio da fixação de nitrogênio. Assim, as terras que ficariam ociosas mantêm a sua produtividade”, afirma o técnico e engenheiro agrônomo Juliano Coró.
Segundo o engenheiro, o sistema de rotação possibilita vantagens sociais, técnicas e econômicas. Dentro da escala social está o aproveitamento do funcionário durante a entressafra – a rotação evita a sazonalidade da renda e do trabalho. Parte da infraestrutura da cana também pode ser aproveitada para o amendoim, otimizando o maquinário. Ademais, nutrindo a terra de forma indireta, o produtor poupa com a compra de fertilizantes e a produtividade do solo resulta em melhor rendimento das duas culturas, gerando economia.
Exemplo paulista
O Estado de São Paulo é o principal produtor mundial de cana-de-açúcar, sendo, não por acaso, o maior produtor de amendoim do país. A rotação das culturas cana-de-açúcar/amendoim já é prática comum por aqui.
Dos 120.000 alqueires de amendoim plantados no Brasil entre os anos de 2008 e 2009, o Estado de São Paulo foi responsável por cerca de 75%, sendo que, deste montante, a quase totalidade está concentrada em áreas de renovação de canaviais.
Na região de Ribeirão Preto renovam-se anualmente mais de 40 mil hectares de terra com a plantação de amendoim durante a entressafra da cana-de-açúcar. Esse fato permite ao produtor a redução de 50% nos custos de renovação da cana.
De acordo com o técnico e engenheiro agrônomo Juliano Coró, a meta é que os outros estados do país também difundam a técnica e produzam amendoim nesse espaço de tempo. “Na verdade, há novos projetos com usineiros para desmistificação quanto à cultura do amendoim. Alguns já quebraram o paradigma para inserirem áreas de soja e amendoim, que são culturas lucrativas”, conclui.