A nova cultivar tem grãos do tipo duro e ótima força de glúten, apropriada para a indústria panificadora
O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Fundação Meridional de Apoio à Pesquisa Agropecuárias lançaram a variedade de trigo IPR 144, que terá sementes à disposição dos produtores já na próxima safra. Segundo o pesquisador Carlos Roberto Riede, o novo material apresenta ótimo desempenho agronômico, elevada produtividade de grãos, boas características de uso industrial, moderada resistência às principais doenças da cultura e, ainda, grande amplitude de adaptação, sendo indicada para os estados do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
Riede explica que a IPR 144 tem porte baixo e ciclo precoce, ficando pronta para colheita em cerca de 113 dias. O potencial produtivo obtido em ensaios foi de 4 t/ha – podendo chegar até a 5 t/ha nas melhores condições de plantio e sob irrigação. É moderadamente resistente ao acamamento e à debulha natural, mas necessita atenção devido à moderada suscetibilidade à germinação na espiga e à baixa tolerância à presença de alumínio no solo.
No quesito doenças, é moderadamente resistente à brusone e apresenta moderada suscetibilidade a manchas foliares, ferrugem da folha e oídio. Giberela exige um pouco mais de atenção dos triticultores, já que a variedade é suscetível à moléstia que, segundo o pesquisador, ocorre “em ambientes de climas mais frios”.
Riede acrescenta que, do ponto de vista industrial, IPR 144 tem características da classe comercial “tipo pão”, apropriada para a indústria panificadora. “É uma cultivar que tem grãos do tipo duro e ótima força de glúten, com valor W médio de 287 e 18 minutos de estabilidade farinográfica”, conclui.
A IPR 144 pode ser cultivada no Paraná (regiões I, II e III), São Paulo (regiões II e III) e Mato Grosso do Sul (região III).
Faixas expositivas
Produtores rurais, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas que desejam conhecer outras variedades de trigo como a BRS Tangará, BRS Pardela, IPR 130 e IPR 136 – desenvolvidas pela parceria Embrapa, Iapar e Fundação Meridional – já contam com mais uma ferramenta de acesso a estas cultivares: as Faixas Expositivas.
Sete locais estratégicos foram definidos em áreas de produtores atendidos pelos colaboradores da Fundação Meridional. “São faixas com muitas novidades para o cultivo do trigo e que devem gerar boas expectativas nos produtores rurais”, afirma Wanderley Jorge Oliveira, técnico agropecuário e analista de desenvolvimento de mercado da Fundação Meridional.
As faixas expositivas de trigo estão localizadas nas seguintes regiões: Campos Novos e Xanxerê, em Santa Catarina; Cascavel, Guarapuava, Mamborê, Pato Branco, Ponta Grossa e Tamarana, no Paraná; Dourados, no Mato Grosso do Sul; e Itaberá em São Paulo. Estes locais serão identificados pela Fundação Meridional, facilitando o acesso e a visualização para todos os interessados.
As sementes da BRS Pardela e da BRS Tangará também já estão disponíveis nesta safra para os produtores de grãos do Paraná. “Nos experimentos, estas cultivares alcançaram média de produtividade de 4mil Kg/ha. Isto quer dizer que há potencial para aumentar a produtividade no Paraná”, calcula o pesquisador Manoel Bassoi, da Embrapa Soja.
Pão francês
Segundo ele, a BRS Pardela é uma opção para o mercado de farinha para o fabrico de pão francês, porque possui elevada força de glúten (capacidade de volume e qualidade industrial para produção de pão) e boa estabilidade de farinha. Também pode ser utilizada na fabricação de massas em geral e como mistura de farinhas com menor força de glúten. “Esta cultivar também destaca-se por apresentar boa resistência ao oídio, à ferrugem da folha, com moderada resistência à brusone e às manchas foliares”, destaca Bassoi.
A BRS Tangará também se destaca por suas características industriais como boa qualidade para panificação. “Associado a isto, apresenta boa sanidade, com destaque para resistência da ferrugem da folha e oídio. Também tem ampla adaptação geográfica, mas seu pico de rendimento é em locais com temperatura mais amenas”, enfatiza Bassoi.
Unidades de Observação Especial –UOE
Além das faixas expositivas de trigo, ainda é feito um trabalho com Unidades de Observação Especial (UOE). São oito locais nos quais estão instaladas parcelas com variedades em pré-lançamento. “O objetivo é que os colaboradores da Fundação Meridional fiquem conhecendo as características agronômicas das variedades antes do lançamento oficial e da distribuição de sementes básicas”, ressalta Oliveira.
Informações sobre as localidades das faixas expositivas com as variedades de trigo podem ser obtidas junto à equipe técnica da Fundação Meridional pelo telefone: (43) 3323-7171 ou no site: www.fundacaomeridional.com.br